Projeto de piscicultura

Piscicultura transforma a vida de comunidades

Famílias, que antes tinham renda mensal inferior a R$ 200,00, agora ganham, em média, R$ 5 mil com a criação e comercialização de diversas espécies de peixe, trabalhando em suas próprias terras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
O deputado Aluisio Mendes e visitantes observam o tanque sob orientação de Cibalena, autor do projeto de piscicultura
O deputado Aluisio Mendes e visitantes observam o tanque sob orientação de Cibalena, autor do projeto de piscicultura (O deputado)

Matinha - A piscicultura transformou a vida de 75 produtores que trocaram a agricultura de subsistência pela criação de peixes em tanques no povoado Itans, zona rural do município de Matinha. Famílias que antes tinham renda mensal inferior a R$ 200,00 agora ganham, em média, R$ 5 mil por mês com a criação e comercialização de diversas espécies de peixe, trabalhando em suas próprias terras.

O polo de piscicultura do povoado Itans, no coração da Baixa Ocidental Maranhense, é formado por pequenos agricultores que antes cultivavam lavouras de subsistência e hoje são produtores com visível melhoria da qualidade de vida.

Campos de pastos e plantações de milho, arroz e feijão deram lugar a tanques que, somados, produzem cerca de 1.600 toneladas por ano de peixe de variadas espécies, gerando uma renda bruta anual de R$ 9,6 milhões.

“Aqui era uma região muito pobre, de pessoas que até passavam fome. Mas com a piscicultura mudou pra melhor, hoje temos qualidade de vida. As casas de taipa não existem mais, temos boas residências. A violência e o consumo de drogas acabaram”, retrata Carlos Pinheiro Gomes, conhecido como Cibalena. Foi ele quem iniciou o polo de piscicultura, em 2006, quando resolveu fazer o primeiro dos 14 tanques de criação de peixes que tem hoje, nove em Itans e cinco no povoado Cacoal, município de Viana.

Sebrae

Cibalena conta que primeiro buscou conhecimento técnico e começou com 200 alevinos em um pequeno tanque. Em 2007, conseguiu levar para Matinha o primeiro curso do Sebrae, envolvendo a comunidade no negócio que ele já sabia ser rentável.

“A assistência técnica é fundamental, sem ela a piscicultura não dá certo”, sentencia Cibalena, que se orgulha de ser um dos responsáveis por transformar Itans em maior polo produtor de peixe em tanque no Maranhão. “Pessoas de 187 municípios maranhenses já vieram conhecer nosso trabalho”, diz ele.

Reunidos na Associação de Produtores e Produtoras de Peixe e Pesca Artesanal, os produtores de Itans dividem os gastos com insumos (ração, alevinos, manejo e energia elétrica), mas a comercialização é individualizada.

Cada família cuida de tanques em suas áreas e vende o que produz para compradores de Matinha, São Luís, Imperatriz, Belém, Teresina e municípios da Bahia. Toda semana são comercializadas cerca de 25 toneladas de peixe, a preços que variam de R$ 6,00 a R$ 25,00 o quilo. “Temos financiamentos dos bancos do Brasil e do Nordeste, com 0% de inadimplência”, ressalta.

Renda

Narlon Santos Silva, que é vice-presidente da Associação, conta que antes não tinha renda fixa, a aventura de vender produtos do Paraguai não deu certo e em 2009 resolveu seguir o exemplo do Cibalena, criando 1.500 alevinos num tanque emprestado.

Hoje, ele é dono de 12 tanques, com uma produção anual de 45 toneladas de peixe e um rendimento médio mensal de R$ 7,5 mil. “Tenho uma vida estruturada e condições de mandar meus filhos para a faculdade”, enfatiza.

Em conversa com o deputado Aluisio Mendes, que foi conhecer de perto a experiência produtiva de Itans, Narlon Santos disse que hoje a maior dificuldade enfrentada pelos produtores do polo de piscicultura é a falta de apoio do poder público.

“Nos cobram uma documentação ambiental sem dar nenhuma orientação e num processo que demora mais de um ano para se ter uma solução. Enquanto isso, vivemos ameaçados de ser multados. Isso é um absurdo, pois os técnicos do governo deveriam estar aqui apoiando o nosso trabalho”, enfatizou.

A construção de 16 quilômetros da chamada Estrada do Peixe, que liga o povoado de Itans à sede de Matinha, também é alvo de reclamação pela lentidão das obras. “Nós já conversamos com os representantes da construtora responsável e exigimos que a estrada seja concluída até dezembro. No inverno, a lama dificulta a entrada dos compradores em nossa comunidade”, diz Cibalena.

Cacoal

O sucesso da experiência produtiva em Itans agora se expande para o município de Viana, onde seis produtores do povoado Cacoal já receberam assistência técnica do Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFMA) e iniciaram a produção de peixes em tanques.

Orientados sobre o manejo das rações, o controle do PH e da oxigenação da água, a pesagem dos peixes, o período adequado para a pesca, eles estão trabalhando para ter um faturamento individual de R$ 9 mil com a produção de 15 mil peixes.

“Nós estamos apoiando o início do polo de piscicultura no povoado Cacoal, onde as condições de produção são 300% melhores que as nossas em Itans, pela disponibilidade de água. Acreditamos que, assim como a nossa comunidade, as famílias de todos esses municípios da Baixada Maranhense poderão ter melhores condições de vida através da pisicultura”, finaliza Cibalena.

“Nós estamos apoiando o início do polo de piscicultura no povoado Cacoal, onde as condições de produção são 300% melhores”

Cibalena

Criador do projeto de piscicultura

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