Dia Mundial do Meio Ambiente

Crescimento desordenado causa poluição de rios de SL

De 1970 até 2015, a população da capital aumentou quase 300%, mas serviços de infraestrutura não acompanharam o crescimento demográfico, e hoje rios sofrem com a degradação ambiental

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48
RIO DAS BICAS está com  margem cheia  de lixo
RIO DAS BICAS está com margem cheia de lixo (Lixo)

A poluição das águas é um problema que afeta a sociedade e o meio ambiente há décadas. Rios e mares próximos a grandes cidades são os principais prejudicados pela sujeira proveniente de residências e indústrias, servindo de esgoto e depósito de lixo em vez de embelezar a cidade e servir de sustento para as comunidades que moram às suas margens. Neste fim de semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, O Estado mostra as principais causas de poluição dos rios que cortam São Luís.

Segundo Lúcio Macedo, que é engenheiro ambiental, especialista em recursos hídricos e consultor do Ministério do Meio Ambiente, “os impactos ambientais na Ilha de São Luís ocorrem em razão do desordenado processo de urbanização”, conforme explica em seu livro “Urbanização da Ilha de São Luís e seus impactos ambientais nos recursos hídricos: análise no período de 1970 a 2010”. “A população aumentou e o nível de investimento em infraestrutura não seguiu o mesmo ritmo. A cidade avançou em direção aos nossos rios e todas as 12 bacias hidrográficas”, complementa.

Expansão
E foi a partir dos anos 1960 que a cidade começou a se expandir para além das bacias dos rios Anil e Bacanga, no Centro Histórico, onde até então se concentrava a população ludovicense. Desde a década de 1970, São Luís teve um aumento populacional de 296%, passando de 270.651 habitantes naquela década para 1.073.893 em 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As deficiências do sistema sanitário têm afetado diretamente a qualidade ambiental da Ilha de São Luís”Lúcio Macedo, engenheiro ambiental, especialista em recursos hídricos e consultor do Ministério do Meio Ambiente

Esse crescimento populacional foi incentivado pela instalação de grandes empreendimentos econômicos ,que atraíram milhares de pessoas para a capital maranhense e a falta de um planejamento urbanístico eficiente, no momento em que a cidade retomou seu crescimento econômico, provocou os diversos problemas de sustentabilidade pelos quais passa atualmente.

E os problemas de saneamento ambiental da cidade contribuem para a degração dos rios da Ilha de São Luís. Hoje, São Luís ocupa a 83ª posição no ranking do saneamento nas 100 maiores cidades. O estudo que considera os números oficiais de 2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, mostra que apenas 8% do esgoto produzido na capital é tratado, segundo o Instituto Trata Brasil.

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Além disso, a coleta de lixo não chega a 100% da cidade. “Segundo a Prefeitura de São Luís, 80% das ruas tem coleta de lixo. Nós temos 1.200 quilômetros de ruas e 350 bairros, dos quais 112 são muito pobres e as ruas não têm condições de receber o caminhão de coleta de lixo por causa da falta de pavimentação e outros problemas. Hoje, São Luís tem quase 250 mil pessoas., que não têm acesso à infraestrutura sanitária”, afirma Lúcio Macedo.

Todo esse cenário é refletido na qualidade dos rios de São Luís. “Podemos tomar como exemplo a bacia do Rio Tibiri, que até algum tempo atrás a comunidade o chamava de ‘mãe’, porque ele servia para a pesca, para o banho, abastecimento de água e lavagem de roupas. Hoje, ele não tem mais nenhuma dessas quatro finalidades para a população, que praticamente convive com valas com grande quantidades de lixo. Essa mesma situação nós temos em diversas bacias hidrográficas de São Luís”, informa Lúcio Macedo.

NÚMERO
54 toneladas de esgoto são jogadas nas bacias hidrográficas de São Luís diariamente

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