Com compromisso diário de observar a lavoura e formular receitas para conter pragas, produtores ecológicos mantém viva uma agricultura onde os químicos ainda passam longe dos alimentos. Ontem, a população de São Luís teve a oportunidade de comprar hortaliças, frutas e grãos cultivados sem nenhum agrotóxico, fertilizante sintético ou variedade transgênica na Feira Agroecológica e Solidária que acontece sempre na primeira quarta-feira de cada mês na Praça do Pantheon, centro de São Luís.
A feira atraiu muitos curiosos que aproveitaram para levar para casa produtos cultivados de forma natural. “Estava de passagem, vi a feira e acabei descobrindo que são produtos naturais. Aproveitei para comprar farinha e algumas frutas para meu filho pequeno”, disse Doriane Conceição de Oliveira, que nunca tinha frequentado uma feira do tipo. “Vou voltar sempre. Pena que é difícil comprar produtos naturais em São Luís”, lamentou.
Mas até chegar à mesa de Doriane Conceição de Oliveira os produtos percorreram um longo caminho. Aparecida Barbosa, dona da banca em que Doriane Conceição de Oliveira comprou os produtos, é de Cachoeira Grande, município a 98 quilômetros de São Luís. Agricultora há mais de 30 anos - ela começou na lavoura aos 10 anos - a feirante fala como é sua produção. “Os produtos que estou vendendo aqui são fruto da força da terra. Não tem veneno. É tudo produzido de forma natural”, contou.
Preço
Apesar do interesse das pessoas pelos produtos sem agrotóxicos, o preço ainda é uma barreira entre os produtores e os consumidores. “Os produtos saem mais caros porque a gente não usa veneno para conter as pragas. Você nota isso, por exemplo, na vinagreira, que tem as folhas furadinhas por que ela cresce naturalmente. Mas a gente consegue vender bem. Muita gente compra e prefere”, afirmou Aparecida Barbosa.
Os produtores que participam da feira chegaram a São Luís na terça-feira, dia 31, e parte da produção foi comprada por um restaurante vegetariano da capital. A Feira ocorre toda primeira quarta feira do mês e oferta uma diversidade de alimentos de base agroecológica, produzidos por agricultores assentados da reforma agrária dos municípios de Morros, Rosário, Presidente Juscelino e Cachoeira Grande, onde ocorrem feiras agroecológicas permanentes, além de produtos artesanais e alimentos prontos oriundos dos empreendimentos da economia solidária da Região Metropolitana de São Luís.
Os produtos vendidos na feira não têm certificação de produtos orgânicos. “Para que essa certificação ocorra é preciso cumprir uma série de exigências burocráticas, mas durante todo o processo de produção os técnicos se certificam que não são usados agrotóxicos ou qualquer outro produto químico”, explicou Rogério Pereira Costa, um dos técnicos em agropecuária que acompanham os produtores.
A promoção é do Circuito de Feiras Agroecológicas do Baixo Munim, TIJUPÁ e organizações filiadas ao Fórum Estadual de Economia Solidária (FEESMA), com o apoio de outras organizações. O objetivo da feira é consolidar um espaço permanente de troca de saberes e comercialização direta entre trabalhadores do campo e cidade e consumidores de São Luis.
Mais
O que é um alimento orgânico?
Para ser considerado orgânico, o produto deve ser cultivado em um ambiente que considere sustentabilidade social, ambiental e econômica e valorize a cultura das comunidades rurais A agricultura orgânica não utiliza agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção.
Todo alimento cultivado sem o uso de agrotóxicos é orgânico?
Não. A produção orgânica vai além da não utilização de agrotóxicos. O cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável.
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