Estudo mostra dificuldades de tráfego das linhas de ônibus em SL
Na Cidade Olímpica, foi identificado piso inadequado para tráfego de coletivos, como asfalto com afundamentos, crateras com bordas cortantes e trechos onde a pavimentação não existe; avenida 1 não tem sinalização horizontal ou semáforo
[e-s001]Para que os ônibus possam circular com determinada frequência em dado trecho, é preciso que a autoridade de transporte tenha o planejamento adequado do trecho de circulação, ofertando frota adequada à demanda de passageiros ao longo do dia, com especial reforço nos períodos de pico. O intervalo entre os coletivos dependerá do tamanho do trecho e do número de veículos disponíveis. Admite-se um intervalo de até 15 minutos em sistemas planejados. Mas em São Luís não é bem assim que acontece, e um estudo comprova essa realidade.
Francisco Soares, coordenador do Observatório do Trânsito, da Fundação Professor Odilon Soares (FOS), realizou um estudo fotográfico e interpretativo das condições de trânsito da linha Cidade Olímpica, que está incluída no lote 3 do edital de licitação.
A linha tem início na Avenida 1 do bairro, com aproximadamente 2,5 quilômetros de extensão, e no trecho que segue até a Avenida 4, no Jardim America, foi identificado piso inadequado para o tráfego de ônibus e até mesmo pequenos veículos e motocicletas. “Nesse trecho, identificamos que o asfalto tem afundamentos, crateras com bordas cortantes e trechos onde a pavimentação não existe. A avenida também não tem sinalização horizontal e semáforo”, informa.
No trajeto, os coletivos disputam espaço do leito estradal com feirantes e pedestres que tentam fugir das “línguas negras” de esgoto que correm a céu aberto. A via é cortada por conjuntos irregulares de quebra-mola, com mais de 30 centímetros de altura, quando o correto seria no máximo 10 centímetros, e linhas de tachões, proibidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Vias inapropriadas
Quando chegam à Avenida 4, os coletivos enfrentam quase 900 metros de vias inapropriadas repletas de crateras de bordas cortantes e bueiros com tampa elevada, que geram alagamento superficial pela ineficiência da macrodrenagem, constata o mapeamento feito por Francisco Soares. Assim como acontece na Avenida 1, da Cidade Olímpica, os ônibus também disputam espaço com feirantes, pedestres e até uma árvore, que invade o leito estradal, na Avenida 4, do Jardim América. Nesse trecho, existe apenas uma faixa de pedestre, que fica em frente a uma unidade de ensino.
Quando o veículo chega à Avenida Arterial Este Externa, na Cidade Operária, quem tem mais de um quilômetro de extensão, as dificuldades permanecem. É que a via é de mão dupla, mas não tem sinalização horizontal ou vertical, além de ser repleta de crateras de borda cortante e afundamentos no piso na faixa de rodagens dos pneus dos coletivos.
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Sem condições
Com tantos problemas, Francisco Soares afirma que a área não tem condições de ter ônibus biarticulados e com ar-condicionado. “Pelas condições de trafegabilidade das vias por onde passa a linha é impossível colocar ônibus biarticulados e ar-condicionado porque os custos com óleo diesel subiriam muito por causa da superlotação da linha e do tráfego lento da área por causa dos problemas das vias. Com isso, para não ter prejuízos a empresa possivelmente desligaria o ar-condicionado”, afirma.
[e-s001]Nesse caso, segundo ele, a licitação resolveria uma questão meramente formal. “Com isso, a empresa que vencer a licitação para operar no lote 3 teria um contrato no qual são previstos direitos e deveres da concessionária e da concedente, porque hoje as empresas têm uma autorização que não lhes dá muitas garantias, mas na prática não representaria muitos avanços para os usuários”, afirma Francisco Soares.
Dados constam no Anexo I (Projeto Básico) do Edital do Sistema de Transportes de São Luís, lançado pela prefeitura em 28 de março deste ano, mostram que a linha Cidade Olímpica transporta mensalmente 63.684 mil passageiros, em média. Mas das 166 linhas de ônibus descriminadas no edital, 28 transportam uma média mensal superior a 100 mil passageiros por mês, sendo a linha UEMA/Ipase, que atende principalmente os estudantes da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a com maior demanda de passageiros. São mais de 320 mil por mês e 10.691 pessoas transportas diariamente. A linha é a única que transporta mais de 300 mil passageiros por mês, em São Luís, segundo o documento.
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informa que atualmente o Sistema de Transporte Público Municipal é composto de 172 linhas e que cada linha tem uma demanda especifica. A distribuição dos veículos é feita de acordo com a necessidade da linha de transporte. Em média, cada linha realiza 45 viagens por dia. A SMTT ressalta que a fiscalização desse itinerário acontece nos pontos finais, terminais de integração e pelo próprio sistema de bilhetagem eletrônica, que tem GPS.
Números
166 linhas de ônibus compõem o Sistema de Transporte Coletivo de São Luís
5 terminais de integração atendem aos usuários
27 empresas operam o sistema
874 ônibus é o total da frota operante
6,432 é o número médio de viagens por dia útil
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