Transporte em foco

Estudo mostra dificuldades de tráfego das linhas de ônibus em SL

Na Cidade Olímpica, foi identificado piso inadequado para tráfego de coletivos, como asfalto com afundamentos, crateras com bordas cortantes e trechos onde a pavimentação não existe; avenida 1 não tem sinalização horizontal ou semáforo

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

[e-s001]Para que os ônibus possam circular com determinada frequência em dado trecho, é preciso que a autoridade de transporte tenha o planejamento adequado do trecho de circulação, ofertando frota adequada à demanda de passageiros ao longo do dia, com especial reforço nos períodos de pi­co. O intervalo entre os coletivos dependerá do tamanho do trecho e do número de veículos disponíveis. Admite-se um intervalo de até 15 minutos em sistemas planejados. Mas em São Luís não é bem assim que acontece, e um estudo comprova essa realidade.

Francisco Soares, coordenador do Observatório do Trânsito, da Fundação Professor Odilon Soares (FOS), realizou um estudo fotográfico e interpretativo das condições de trânsito da linha Cidade Olímpica, que está incluída no lote 3 do edital de licitação.

A linha tem início na Avenida 1 do bairro, com aproximadamente 2,5 quilômetros de extensão, e no trecho que segue até a Avenida 4, no Jardim America, foi identificado piso inadequado para o tráfego de ônibus e até mesmo pequenos veículos e motocicletas. “Nesse trecho, identificamos que o asfalto tem afundamentos, crateras com bordas cortantes e trechos onde a pavimentação não existe. A avenida também não tem sinalização horizontal e semáforo”, informa.

No trajeto, os coletivos disputam espaço do leito estradal com feirantes e pedestres que tentam fugir das “línguas negras” de esgoto que correm a céu aber­to. A via é cortada por conjuntos irregulares de quebra-mola, com mais de 30 centímetros de altura, quando o correto seria no máxi­mo 10 centímetros, e linhas de tachões, proibidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Vias inapropriadas
Quando chegam à Avenida 4, os coletivos enfrentam quase 900 metros de vias inapropriadas repletas de crateras de bordas cortantes e bueiros com tampa elevada, que geram alagamento superficial pela ineficiência da macrodrenagem, constata o mapeamento feito por Francisco Soares. Assim como acontece na Avenida 1, da Cidade Olímpica, os ônibus também disputam espaço com feirantes, pedestres e até uma árvore, que invade o leito estradal, na Avenida 4, do Jardim América. Nesse trecho, existe apenas uma faixa de pedestre, que fica em frente a uma unidade de ensino.

Quando o veículo chega à Avenida Arterial Este Externa, na Cidade Operária, quem tem mais de um quilômetro de extensão, as dificuldades permanecem. É que a via é de mão dupla, mas não tem sinalização horizontal ou vertical, além de ser repleta de crateras de borda cortante e afundamentos no piso na faixa de rodagens dos pneus dos coletivos.


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Sem condições
Com tantos problemas, Francisco Soares afirma que a área não tem condições de ter ônibus biarticulados e com ar-condicionado. “Pelas condições de trafegabilidade das vias por onde passa a linha é impossível colocar ônibus biarticulados e ar-condicionado porque os custos com óleo diesel subiriam muito por causa da superlotação da linha e do tráfego lento da área por causa dos problemas das vias. Com isso, para não ter prejuízos a empresa possivelmente desligaria o ar-condicionado”, afirma.

[e-s001]Nesse caso, segundo ele, a licitação resolveria uma questão meramente formal. “Com isso, a empresa que vencer a licitação para operar no lote 3 teria um contrato no qual são previstos direitos e deveres da concessionária e da concedente, porque hoje as empresas têm uma autorização que não lhes dá muitas garantias, mas na prática não representaria muitos avanços para os usuários”, afirma Francisco Soares.

Dados constam no Anexo I (Projeto Básico) do Edital do Sistema de Transportes de São Luís, lançado pela prefeitura em 28 de março deste ano, mostram que a linha Cidade Olímpica transporta mensalmente 63.684 mil passageiros, em média. Mas das 166 linhas de ônibus descriminadas no edital, 28 transportam uma média mensal superior a 100 mil passageiros por mês, sendo a linha UEMA/Ipase, que atende principalmente os estudantes da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a com maior demanda de passageiros. São mais de 320 mil por mês e 10.691 pessoas transportas diariamente. A linha é a única que transporta mais de 300 mil passageiros por mês, em São Luís, segundo o documento.

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) informa que atualmente o Sistema de Transporte Público Municipal é composto de 172 linhas e que cada linha tem uma demanda especifica. A distribui­ção dos veículos é feita de acor­do com a necessidade da linha de transporte. Em média, cada linha realiza 45 viagens por dia. A SMTT ressalta que a fisca­lização desse itinerário acontece nos pontos finais, terminais de integração e pelo próprio sistema de bilhetagem eletrônica, que tem GPS.

Números
166
linhas de ônibus compõem o Sistema de Transporte Coletivo de São Luís
5 terminais de integração atendem aos usuários
27 empresas operam o sistema
874 ônibus é o total da frota operante
6,432 é o número médio de viagens por dia útil

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