Sem registro

Iema é alvo de denúncias de pais de estudantes

Entre as questões levantadas pelos denunciantes estão a impossibilidade dos alunos se inscreverem no Enem porque a escola ainda não está registrada no Ministério da Educação; eles também não conseguem tirar carteira de estudante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

[e-s001]Pais e alunos do antigo Centro Experimental de Ensino Médio Colégio Maranhense Marcelino Champagnat, hoje Instituto de Educação Técnica e de Tempo Integral (Iema), reclamam que des­de as mudanças ocorridas na unidade escolar no início do ano a qualidade do centro de ensino diminuiu. Entre os problemas, o que mais preocupa é o fato de o Iema não ter registro no Ministério da Educação, o que está impedindo os estudantes de fazerem suas inscrições no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Ontem, um grupo de pais procurou a direção do Iema em busca de uma solução para o problema.
Na tarde de ontem, os alunos fizeram uma passeata do Iema, na Rua do Outeiro, até o Palácio dos Leões, na Praça Pedro II, para cobrar do Governo do Estado um posicionamento e a resolução do problema. “Estamos reivindican­do uma série de questões. Desde a falta de registro da escola para a inscrição no Enem até a melhoria da estrutura do local, que está com problemas”, explicou a estudante Júlia Ellen Coelho, 17 anos.

No fim da tarde, um grupo de 10 alunos foi recebido por um representante do Governo do Esta­do para discutir as questões levan­tadas pelos discentes. O Governo informou que atenderá as solicitações, não deu nenhum prazo, mas ficou de marcar nova reunião para prestar contas com o grupo.

Enem
As inscrições para o Enem começaram na segunda-feira, dia 9, e terminam no dia 20 de maio, às 23h59. As notas do Enem são usadas para selecionar alunos para as vagas em universidades federais e outras instituições de ensino. O acesso às vagas oferecidas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é feito de acordo com a pontuação do candidato no exame. Sem prestar o exame, os egressos do ensino médio não têm como ingressar no ensino superior.

E esta é a preocupação da estudante Júlia Ellen Coelho, que está concluindo o terceiro ano do ensino médio. “Tentei fazer minha inscrição para o Enem na segun­da-feira e não consegui. Não sabia que a escola não estava cadastrada no MEC. Ninguém nos informou isso. Só descobrimos no momento da inscrição”, informou. Ela disse ainda que ontem procurou a direção da escola em busca de um posicionamento, mas não obteve resposta.

Outra estudante, Adriele Sousa, 17 anos, disse que os alunos correm o risco de terem toda a sua preparação jogada fora. “A gente vem estudando e se preparando para o Enem desde o primeiro ano e agora isso acontece. Se não resolverem, como vamos ficar?”, perguntou. A estudante reclama também da falta de diálogo entre a direção e os alunos. “Até para a gente conseguir uma declaração da escola é difícil, porque os funcionários não nos recebem”, disse.

Mudança de projeto
Na manhã de ontem, quatro pais foram até a escola tentar falar com a direção. De acordo com Severino de Jesus, que é pai de uma estudante do terceiro ano do ensino médio, os problemas começaram no início deste ano, quando o Governo do Estado reformulou o projeto da Escola de Tempo Integral para lançar o Iema. “Os alunos que hoje são do terceiro ano médio entraram por meio de um seletivo em abril de 2014.

As aulas iniciaram-se em junho, com uma equipe pedagógica e administrativa competentíssima.
Percebemos em nossos filhos um enriquecimento intelectual logo de cara. Vimos como eles estavam fascinados e empenhados nessa nova escola. Os anos de 2014 e 2015 foram todos muito bem”, disse.
Assim como os estudantes, a maior preocupação dos pais é a falta de cadastro no MEC. “O maior problema é que a escola não está cadastrada no sistema do MEC, e os alunos não estão conseguindo fazer sua inscrição no Enem. Muitos alunos, como mi­nha filha, tentaram e não conseguiram”, afirmou Severino de Jesus.

[e-s001]Os pais disseram que também só souberam que o Iema ainda não tinha registro recentemente. “No começo do ano, nos chamaram para uma reunião para explicar a mudança e disseram que funcionariam duas direções independentes, a do Centro Experimental de Ensino Médio Colégio Maranhense Marcelino Champagnat e do Iema, mas não foi isso o que aconteceu. O primeiro diretor que mandaram ficou pouco tempo, porque não aguentou as reivindicações dos pais e alunos. Depois, mandaram esse que está agora, mas neinguém nos informou que a escola estava sem re­­gis­­tro”, disse Leidiana Sousa Gonçalves, mãe de um estudante do terceiro ano

Outros problemas
Por causa da falta de inscrição, os alunos estão tendo dificuldade também para solicitar a Carteira de Estudante. Leidiana Sousa Gon­çalves disse que muitos alunos estão tendo de arcar com o valor integral das passagens porque estão sem o documento. “Só alunos que têm carteira dentro do prazo de validade estão tendo direito à meia-passagem. Os demais, cujas carteiras já foram bloqueadas, têm de pagar o valor in­teiro. Eu moro no Cohatrac III e meu filho gasta quase R$ 6,00 por dia com transporte. Isso é um absurdo”, disse.

Severino de Jesus informou que até o ano passado os alunos eram registrados em nome do Centro de Ensino Médio Almirante Tamandaré, escola localizada no IV Conjunto Cohab Anil, o que permitia a retirada do documento e a inscrição no Enem. “O Centro Experimental de Ensino Médio Colégio Maranhense Marcelino Champagnat era uma escola que ainda estava em fase experimental. Então, os alunos eram re­gistrados em nome do Almirante Tamandaré, e isso evitava esse tipo de problema”, comentou.

Só que estas não são as únicas reclamações dos pais e estudantes do Iema. De acordo com eles, hoje a escola está em um completo abandono. Há problemas com o abastecimento de água e, por isso, os banheiros não funcionam. Diariamente ocorre que­da de energia e, consequentemente, o ar-condicionado fica desativado. A escola também pas­sa por uma reforma iniciada há vários meses, que está comprometendo o andamento das aulas. “Tudo isso é um descaso com os alunos do terceiro ano, que deviam estar sendo preparados para o Enem”, afirmou Severino de Jesus.

Esclarecimentos
A direção do Instituto de Educação Técnica e de Tempo Integral (Iema) confirmou algumas das denúncias feitas pelos pais e estudantes. Sobre a falta de registro da escola, o diretor da unidade, Moisés Sá, disse que no cadastro do Ministério da Educação constam os dados do Centro Experimental de Ensino Médio Colégio Maranhense Marcelino Champagnat, conforme do Censo Escolar 2015, e que a falta de registro do Iema no banco de dados do ministério se deve à mudança de projeto na unidade de ensino.

Ainda de acordo com o diretor do Iema, o problema seria resolvido ainda na tarde de ontem. “Assim que soubemos das dificul­dades dos alunos, fomos até a Secretaria de Educação, na qual o registro está correto. O problema aconteceu na transição de dados no ministério, que não conseguiu realizá-la, o que é uma realidade de inúmeras outras escolas do Brasil. O ministério já foi contatado e nenhum aluno será prejudicado”, garantiu Moisés Sá.

Sobre problemas na estrutura da escola, Moisés Sá confirmou que o abastecimento de água e energia elétrica estão comprometidos, mas que isso já está sen­do resolvido com uma grande reforma por que passa a escola, além de pequenos reparos que estão sendo feitos no prédio. “Essa reforma traz alguns transtornos, mas ela será concluída em até 45 dias, melhorando a qualidade dos banheiros e outras dependências da unidade”, afirmou.

SAIBA MAIS
Sobre a escola

O Centro Experimental de Ensino Médio Colégio Maranhense Marcelino Champagnat começou a funcionar no dia 14 de julho de 2014, atendendo 280 alunos do primeiro ano do ensino médio, e contava com oito salas de aula com capacidade para 35 alunos cada uma, além de laboratórios e outros compartimentos, como bibliotecas, auditório, salas de jogos, enfermarias e outros. Os alunos chegavam ao local às 7h para tomar café da manhã. As aulas começavam às 7h30 e às 9h10 recebiam lanche, com almoço servido às 11h, retornando às aulas às 13h30. Durante a tarde, recebiam lanche às 15h10, saindo da unidade às 17h10.

Por causa do horário estendido, a grande curricular tem algumas diferenças em relação às escolas que oferecem cinco horários de aula por dia. No centro experimental, eram nove horários de aula diariamente e o currículo tinha disciplinas eletivas, além das disciplinas do currículo base nacional. Além da opção por duas eletivas, os estudantes também participavam de aulas de Fundamentos da Matemática e Novo
Acordo Ortográfico. Os alunos do centro contavam ainda com aulas intensivas voltadas para os concursos nacionais como o Enem e as olimpíadas de Física, Matemática e Português.

Em 7 de março deste ano, o Governo do Estado inaugurou a Unidade Plena, em São Luís, do Instituto de Educação Técnica e de Tempo Integral (Iema), no prédio do antigo Colégio Marista, onde funcionou até 2015 a Escola de Tempo Integral. Antes da inauguração, foram investidos R$ 2 milhões para reforma e melhoria de espaços como ginásio, refeitório, banheiros, laboratórios e salas de aulas, segundo o governo.

A unidade, que é ligada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), faz parte de uma rede com 23 unidades inspiradas no modelo dos Institutos Federais, voltadas para a formação profissional de jovens. Além da formação profissional, o Iema conjuga a formação no Ensino Médio com o diferencial de dedicação em tempo integral. Este ano, a unidade do Iema São Luís está ofertando os cursos de Eventos, Informática, Meio Ambiente e Serviços Jurídicos; sendo 40 vagas para cada um dos cursos.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.