Doação

Estudantes de escola pública de Codó criam hábito de leitura

Cento e setenta livros doados pela ONG A+ Educação, por meio de financiamento coletivo, estão transformando alunos em leitores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Estudantes de escola pública municipal leem livros doados por meio da ONG online A+ Educação
Estudantes de escola pública municipal leem livros doados por meio da ONG online A+ Educação (livros)

Codó - Os alunos da Escola Municipal Jardim São José, em Codó, começaram o ano com um estímulo a mais ao seu aprendizado: 170 livros infantis doados por cidadãos de todo o país que foram mobilizados pelo professor Carlos Luz, por meio do site da A+ Educação.

Através de financiamento coletivo, o professor pediu e ganhou o material de leitura e papelaria que está sendo usado em um programa de estímulo à leitura para alunos em fase de letramento.

“Iniciamos esse programa no final do ano passado, com o objetivo de despertar a paixão dos alunos pela leitura. Nossa missão vai além do ensinar a ler e escrever. Precisamos fazer com que as crianças sejam apaixonadas pela leitura! Assim, poderão adquirir sempre novos conhecimentos e nunca vão parar de aprender e crescer intelectualmente”, explica o professor Carlos Luz, que foi o primeiro professor da rede pública de ensino no Brasil a ter um projeto financiado pela A+ Educação.

Já nos primeiros meses de atividades, os resultados da iniciativa foram tão positivos com os alunos da escola, que o professor cadastrou outro projeto no site da A+ Educação. Dessa vez, ele está pedindo um armário de aço e um quadro branco para melhorar a infraestrutura de ensino dentro da sala de aula. Batizado de Por uma Educação de Qualidade, o novo projeto já está com 18% do seu valor captado por meio da plataforma de crowdfunding.

“Nossa escola é de periferia. Infelizmente, o ambiente escolar não é tão propício e incentivador como poderia. O material solicitado vai proporcionar uma organização das atividades didáticas e contribuir bastante com o desenvolvimento da ação pedagógica e aprendizagem da criançada”, explica Carlos Luz.

Colheita

Incentivada pelo exemplo do professor Carlos Luz, a professora Claudihene Lopes Gonzaga, do Centro Municipal de Educação Infantil Vera Lúcia Simão Salem, também de Codó, cadastrou no site da A+ Educação o projeto “Valores na Educação Infantil: Para Colher É Preciso Plantar”.

“Trabalhamos com crianças de 9 meses a 5 anos na nossa creche e queremos melhorar as atividades de contação de histórias. Por isso, estamos pedindo livros apropriados para essa faixa etária”, explica a professora, que trabalha há 15 anos como professora da educação infantil.

Todos os funcionários da creche estão envolvidos na captação de recursos para viabilizar o projeto. “Vamos promover várias atividades para mobilização dos pais e da comunidade escolar, com realização de piquenique cooperativo e exposições”, enfatiza Claudihene Gonzaga.

Redes sociais

Carlos Luz conheceu a proposta da A+ Educação por meio das redes sociais. O diretor da ONG, Leonardo Capel, publicou um post apresentando a proposta da A+ em um grupo de professores da educação infantil criado pelo professor no Facebook.

“A proposta me chamou a atenção, pois nunca tinha visto um site para captação de recursos exclusivamente para projetos de professores da rede pública de ensino. E foi bem fácil conseguir o financiamento, bastou fazer um cadastro simples do projeto no portal, indicando os objetivos e todos os recursos necessários, ajudar a mobilizar doadores e, depois da captação, receber o material na escola”, conta o professor.

Além de Codó, outros três projetos já foram financiados nos últimos meses, dois em Curitiba e um em Colombo, todos no Paraná. Atualmente, outros seis projetos estão inscritos e abertos para captação.

“As redes sociais têm nos ajudado muito na divulgação entre os professores. Entramos em mais de 50 grupos de todo o país, apresentando nossa história e divulgando o site. Nossa proposta é promover o financiamento coletivo de projetos criados por professores da rede pública de ensino, para melhorar o aprendizado dos alunos a curto prazo”, afirma Leonardo Capel.

Por meio do site www.amaiseducacao.org.br qualquer professor da rede pública pode inscrever seus projetos e qualquer pessoa pode fazer doações a partir de R$ 10,00.

Mais

Sobre a organização não governamental A+ Educação

Criada em julho de 2015, a A+ Educação é uma organização não governamental online que tem por missão mobilizar a participação cidadã dos brasileiros na construção de um ensino público de melhor qualidade com maiores oportunidades, por meio do financiamento coletivo de projetos e iniciativas criadas por professores da rede pública municipal, estadual ou federal.

Financiamento coletivo melhora ensino público

Em julho de 2015, os administradores de empresas Leonardo Capel e Fábio Friedrich, e o programador Gabriel Dias, todos de 23 anos, uniram-se para criar a A+ Educação, uma organização não governamental que promove crowdfunding (financiamento coletivo) para viabilizar projetos educacionais desenvolvidos por professores da rede pública de ensino em todo o Brasil.

Nos primeiros oito meses de atividades, a iniciativa já mobilizou 339 doadores e beneficiou mais de 1800 alunos da rede pública em quatro projetos viabilizados.

A ideia de criar uma startup para melhorar o ensino público no país por meio da contribuição coletiva foi de Leonardo Capel. Filho de professora da rede pública de ensino, ele cresceu vendo as dificuldades da mãe em ter recursos para melhorar as aulas.

Após conhecer iniciativas semelhantes no exterior, Leonardo compartilhou a ideia com os amigos Fábio e Gabriel e em pouco tempo começaram a trabalhar. “O processo de criação da A+ foi rápido, pois o Gabriel fez a programação do site e o Fábio, que tem expertise financeira e trabalhava com negócios sociais, ajudou a construir o plano de negócios”, conta Leonardo, diretor executivo da ONG.

A A+ Educação atua exclusivamente com o ensino público. No Brasil, segundo o censo de 2014, 79% das escolas de ensino fundamental e médio são públicas. Nos 149 mil colégios da rede pública, estão matriculados 40 milhões de alunos – um quinto da população brasileira.

Mas apenas 30% dessas escolas têm bibliotecas ou quadras de esporte. Laboratórios de ciências são ainda mais raros, presentes em apenas 8% dos colégios municipais, estaduais e federais.

“Nossa maior inspiração foi o Donors Choose, que atua há mais de 15 anos nos Estados Unidos. Eles têm grandes investidores, como o Google, e também focam nos professores de escola pública. É a mesma ideia central, o que muda é que os norte-americanos estão mais habituados a fazer esse tipo de doação, de valores pequenos, do que os brasileiros”, observa Leonardo.

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