Despedida

Sepultada a bailarina, e polícia prende suspeitos

Ana Lúcia foi assassinada no sábado durante um assalto na BR-135; enterro foi realizado ontem no Cemitério do Gavião sob forte comoção

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

Ao som das batidas de tambor de crioula, foi enterrado na manhã de ontem o corpo da bailarina e professora de História Ana Lúcia Duarte Silva, 51, que foi assassinada durante um assalto no sábado, 26, na BR-135. O sepultamento aconteceu no Cemitério do Gavião e reuniu centenas de pessoas. Ontem mesmo, a Superintendência de Homicídios da Polícia Civil confirmou que Guilherme Luís de Araújo Silva e Juracy de Sena e Silva, suspeitos de envolvimento no assassinato, tiveram suas prisões temporárias decretadas pela Justiça.

Durante o enterro, não faltaram homenagens para a bailarina e professora, que era bastante atuante no meio da cultura popular do estado. O enterro da professora coincidiu com o dia em que se comemora o Dia do Teatro e do Circo, no entanto, os artistas e produtores culturais maranhenses tiveram um motivo a menos para comemorar com a morte da Ana Lúcia.

Logo na entrada do Cemitério do Gavião, o corpo de Ana Lúcia já estava sendo esperado pelo grupo de tambor de crioula do Mestre Amaral, o qual ela fazia parte. No local, o grupo fez uma apresentação em homenagem à bailarina.

O corpo de Ana Lúcia chegou por volta de 10h e foi recebido com uma salva de palmas dos que estavam presentes no local. Em seguida, o cortejo fúnebre seguiu em direção à capela. Após serem feitas algumas orações, parentes e amigos se revezaram para conduzir o caixão em que estava o corpo de Ana Lúcia até o jazigo onde seria feito o sepultamento. O último adeus foi feito ao som dos tambores, o mesmo que recepcionou a chegada do corpo da bailarina no cemitério.

Apoio

Para Lucia Barros, coreira do tambor, a falta que Ana Lúcia fará para as manifestações culturais do estado será grande, uma vez que ela atuava para valorizar e difundir as tradições culturais do estado.

“Onde existia tambor de crioula, Ana Lúcia estava presente. Ela sempre deu muito apoio para todos nós e com certeza vai fazer muita falta”, disse a coreira emocionada ao se lembrar do tempo em que Ana Lúcia fazia-se presente nas rodas de tambor.

Geraldo Mendes, conhecido no âmbito da cultura popular como Mestre Amaral, também lamentou profundamente a morte da professora e bailarina. “Ela vai fazer falta para todos nós, principalmente ao tambor de crioula. Ela era muito querida por todas as pessoas. Vai ser difícil superar essa perda”, relatou.

Jocemar da Silva Almeida, conhecido como Sibica, questionou a falta de segurança que ocasionou na morte de Ana Lúcia. “Ela estava sempre envolvida com a nossa cultura. É uma tristeza muito grande para todos nós. Onde está a segurança na cidade? O que se pede agora é justiça”, disse.

O professor Adalberto Rizzo, marido da bailarina, disse que é preciso ter forças para seguir adiante. “Infelizmente as coisas acontecem quando menos se espera. Ela estava fazendo uma coisa que gostava. Agora é manter a serenidade, pois é preciso ficar firme nesse momento que a nossa filha vai precisar”, disse. Ana Lúcia deixou, além do marido, uma filha de 19 anos, que também estavam no enterro da mãe.

Assassinato

Ana Lúcia Duarte Silva foi morta no Km-15 da BR-135. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a vítima estava acompanhada por outra mulher em um veículo Palio Cinza, de placa PSL-8922, quando foi abordada pelos criminosos.

Segundo a PRF, a vítima precisou diminuir a velocidade do automóvel por causa dos buracos na rodovia e foi nesse momento que os criminosos atiraram. Após o delito, os bandidos fugiram. Horas depois, a polícia deteve os suspeitos Guilherme Luís de Araújo Silva e Juracy de Sena e Silva.

Os dois estavam, no momento da condução, no bairro Pedrinhas. Eles permanecerão aguardando os procedimentos judiciários no Complexo de Pedrinhas. Além deles, também foi apreendido um menor, de 15 anos, também por suspeita de envolvimento no crime. Ele foi conduzido para o Centro de Juventude Canaã, no Vinhais.

De acordo com o delegado Augusto Barros, a decretação da prisão ajudará na consolidação das provas de que os homens tiveram envolvimento no caso. “Pelo histórico violento dos homens, foi necessário este procedimento, até para dar mais tranquilidade à polícia em investigar o caso”, disse.

Ainda segundo o delegado, não está descartado que outras pessoas tenham envolvimento no crime. “Para essa averiguação, será fundamental o depoimento da acompanhante da vítima, que ainda permanecia em estado de choque".

É uma tristeza muito grande para todos nós. Onde está a segurança na cidade? O que se pede agora é justiça”

Jocemar da Silva Almeida

Amigo da vítima

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