Crise

Para manter venda, comércio ressuscita fiado

Pré-datado também é outra prática adotada pelo setor para atrair o consumidor nesse cenário de recessão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Empresários do salões de beleza estão aceitando parcelamento para facilitar os pagamentos de clientes/Divulgação
Empresários do salões de beleza estão aceitando parcelamento para facilitar os pagamentos de clientes/Divulgação (crise)

SÃO PAULO - Para sobreviver à maior recessão em 20 anos, comerciantes vêm resgatando velhas práticas pa­ra manter suas vendas e atrair o consumidor, como o fiado e o pré-datado. As facilidades no pagamento se tornaram a “arma” do setor para garantir um bom desempenho em meio à crise. A queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi influenciada pela redução do setor de serviços, que pela primeira vez registrou resultado negativo: -2,7%.

“Quando o consumo das famílias diminui por conta da crise, o setor de serviços sofre efeito imediato”, explica o economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga. Segundo ele, a venda fiado ou com cheque pré-datado, além de promoções, são alternativas para manter as vendas.

Na briga pela clientela, prestadores de serviço, como os salões de beleza, voltaram a aceitar o pagamento pré-datado, nas zonas Norte, Sul, Centro e também em Niterói. É o caso da cabeleireira e empresária Vilma Alves, 44 anos. Há menos de um ano à frente de seu salão, na Tijuca, ela já aderiu à prática.

“A procura por esse tipo de pagamento tem aumentado e, neste momento, temos que oferecer facilidades para manter o lucro”, diz Vilma, mas acrescentando que só aceita de quem conhece. Vilma também adotou outras medidas. “Parcelo os valores mais altos e faço parceria com clínica de pilates e de estética. Meus clientes e os deles têm 10% de desconto aqui e vice-versa”, conta.

Cheque

Para clientes, a medida funciona. “Às vezes, não tenho crédito suficiente e o cheque é um facilitador. E quando o serviço sai mais caro, divido o valor”, diz a advogada Mariana Santos, 36. E o fiado não fica atrás. Quem achava que o famoso “pendura” ficou no passado deveria tirar a prova. Pequenos estabelecimentos estão aceitando o pagamento no dia seguinte — ou, “quando o cliente puder”. “As vendas estão fracas em toda parte. Temos que arrumar um jeito. Se você confia no cliente, assume esse risco”, diz Amanda Mendon­ça, 20, que trabalha com o marido, Paulo Carnevale, 31, na Rua do Lavradio, no Centro.

Atração de cliente

Aceitar cheque pré-datado é uma medida que pode atrair muito mais cliente, segundo o economista Gilberto Braga. “Assim, o lojista foge das taxas do cartão e também facilita a vida do consumidor, que neste momento foge dos juros do rotativo e de mais gastos”, explica o especialista.
O fiado também é outro facilitador, mas deve ser feito com cautela. O lojista precisa avaliar a possibilidade de conceder esse be­nefício ao cliente.
Braga lembra ainda outras formas de fidelizar o cliente, como sistema de pontuação. “Tem que criar esse incentivo, fazendo com que a pessoa volte ao estabelecimento. Tem que criar descontos progressivos. Isso vale para todos os segmentos”, conclui.

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