Saúde

Ultrassom pode identificar gordura no fígado em crianças obesas

Pelo menos 30% das crianças no Brasil têm diagnóstico de obesidade, que aumenta o risco de doença hepática gordurosa não-alcoólica

O Estado On-line, com informações de assessoria

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51
(gordura no fígado)

SÃO PAULO - A obesidade tem preocupado médicos e governantes de muitos países, tanto que passou a ser considerada uma epidemia global pela Organização Mundial da Saúde. No Brasil, estima-se que metade da população tenha diagnóstico de sobrepeso. Mas chama especial atenção o fato de que pelo menos 30% das crianças têm diagnóstico de obesidade.

“Os determinantes do excesso de peso estão relacionados com um conjunto de fatores genéticos, biológicos, comportamentais e ambientais que se relacionam entre si. De todos os problemas resultantes dessa combinação de fatores, o acúmulo de gordura corporal em excesso é o que mais preocupa, já que está diretamente relacionado à redução da expectativa de vida”, diz Leonardo Piber, médico ultrassonografista. O especialista defende a realização da avaliação do fígado na ultrassonografia abdominal de rotina, a fim de promover o diagnóstico precoce de doenças como o excesso de gordura nesse órgão.

“O excesso de peso em crianças está associado a um risco aumentado para a ‘doença hepática gordurosa não-alcoólica’ (DHGNA). Ou seja, o que encontrávamos mais em pacientes adultos com graves alterações no fígado provocadas pelo consumo excessivo de álcool (inflamação, fibrose e cirrose), temos encontrado em pessoas que sofrem de obesidade. Mais grave ainda, temos diagnosticado excesso de gordura no fígado de crianças, elevando os riscos desses pacientes adquirirem doenças do coração, hipertensão, diabetes e todas as condições relacionadas às taxas elevadas de colesterol e triglicérides”, diz Piber.

Na opinião do médico, ao invés da biópsia hepática – que é considerada padrão-ouro no diagnóstico de gordura no fígado, mas submete o paciente a um procedimento invasivo –, o ultrassom deveria ser adotado definitivamente no diagnóstico precoce da doença, já que não é invasivo e ainda apresenta melhor sensibilidade (89%) e especificidade (93%). “Atualmente, a avaliação e quantificação da esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado) tem sido realizada por meio de diferentes exames de imagem, como o ultrassom, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Todos têm o mesmo objetivo: medir a infiltração gordurosa do fígado a fim de que seus resultados sejam semelhantes ao método tradicional, que é a biópsia hepática. Mas o ultrassom leva vantagem por ser não-invasivo, de baixo custo quando comparado aos demais exames, isento de efeitos colaterais e podendo ser utilizado em larga escala”.

Para Leonardo Piber, o excesso de gordura no fígado de origem não-alcoólica está se tornando cada vez mais comum entre crianças obesas e merece atenção especial nas políticas de prevenção e tratamento de doenças causadas pelo excesso de peso, a fim de evitar que aumente muito a população de jovens adultos em risco de morbidade e morte prematura. “Existem variações no padrão de infiltração gordurosa do fígado, podendo ser classificado como difuso, focal, multifocal, perivascular e subcapsular. O padrão difuso é o mais encontrado na esteatose hepática, sendo caracterizado pelo envolvimento difuso e homogêneo do fígado – o que torna seu diagnóstico mais rápido e acurado. Mais importante, neste caso, é adotar um exame de fácil realização, disponível em praticamente todo o território nacional, e que não encontra resistência da população por não oferecer qualquer desconforto”.

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