Assistência

Partos cesarianos estão suspensos em maternidade

Inaugurada em 2011, a unidade de saúde de São José de Ribamar é a única do tipo a oferecer os serviços no município; ausência de médicos todos os dias na instituição inviabiliza partos cesarianos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52
Aos nove meses de gestação, Leila Santos não dará à luz em Ribamar
Aos nove meses de gestação, Leila Santos não dará à luz em Ribamar (Grávida)

A Maternidade Municipal de São José de Ribamar está funcionando apenas parcialmente. Sem médicos todos os dias no local, a unidade de saúde não está realizando partos cesarianos. Muitas gestantes estão sendo encaminhadas para outras unidades de São Luís, que muitas vezes ficam distantes de suas casas.

A maternidade, localizada no bairro Moropoia, foi inaugurada em 2011 por Gil Cutrim, atual prefeito de São José de Ribamar. Era a essa unidade que as mulheres ribamarenses recorriam para ter seus filhos. Mas, diferentemente de anos anteriores, em que a maternidade era elogiada por muitas pacientes, o local é hoje alvo de reclamações.

De acordo com moradores vizinhos à maternidade, o hospital era uma referência no atendimento para o município. Mas nos últimos meses a situação mudou completamente. Frequentemente, eles veem mulheres saindo do local sem atendimento. “Todo dia tinha parto e de todo tipo. Isso é uma negação para o município, porque todo mun­do deveria estar sendo recebido”, disse uma das moradoras do Moropoia, que preferiu não se identificar.

Em uma conversa informal com a diretoria do Hospital Maternidade de São José de Ribamar, O Estado foi informado de que a maternidade continua funcionando agora sob a administração da Santa Casa de Misericórdia de Bariri. Até o primeiro semestre, o Hospital e Maternidade Municipal de São José de Ribamar (HMMSJR) era administrado pela Pró-Saúde.

No entanto, a direção esclareceu que somente os partos normais estão sendo realizados. Como não há médicos todos os dias na instituição, não é possível realizar partos cesarianos. Nesses casos, as gestantes são encaminhadas para uma unidade referência de São Luís, o que pode implicar em complicações para a gestante e o bebê.

Preocupação
Leila Santos e Silva, de 32 anos, mora na Vila Santa Mônica. Ela já está com nove meses de gestação e aguarda a hora do parto a qualquer momento. No dia 1º deste mês, ela teve um problema de prolapso da bexiga e buscou a maternidade de São José de Ribamar. Chegando lá, foi recebida por uma recepcionista e um enfermeiro, que a encaminhou para a Maternidade Marly Sarney.

Ela e o marido precisaram fretar um carro por R$ 80,00 para chegar até o local e enfrentar quase duas horas de trânsito para receber atendimento médico. Hoje, com a possibilidade de o bebê nascer a qualquer hora, a preocupação com o parto é ainda maior. Diferentemente do dia 29 de outubro de 2014, quan­do ela deu à luz na maternidade de São José de Ribamar, ela pode ter de procurar outra instituição às pressas.

Além da possibilidade de não ter atendimento, a preocupação é maior porque ela teve os sintomas do zika vírus aos quatro meses da gestação. “Isso é uma vergonha para a nossa cidade. Essa maternidade mal foi inaugurada e já não está funcionando direito. É preciso ir longe para ter atendimento, arriscando ter alguma coisa com o bebê e com a mãe”, disse Leila Santos e Silva.

Sua cunhada, Leiziane Rocha Ribeiro, também está grávida. Mas mesmo com pouco mais de um mês de gestação ela já se preocupa com a hora do parto. “Talvez até o fim da gravidez não tenha sido resolvido essa situação. Quero ter meu filho aqui, em São José de Ribamar. Quero pedir, por favor, que a Prefeitura resolva essa situação”, declarou.

Litígio
A precarização na maternidade começou há alguns meses. A administração era da entidade classificada como Organização da So­ciedade Civil de Interesse Público (Oscip) Pró-Saúde. No mês de maio, a instituição anunciou a não assinatura do termo aditivo do contrato administrativo, firmado com a Prefeitura de São José de Ribamar, para permanecer à frente da gestão do hospital e maternidade, por causa do não recebimento dos repasses para pagamento dos médicos, não repactuação do contrato administrativo e dívida expressiva acumulada ao longo da vigência do referido contrato.

A entidade decidiu entregar a gestão da unidade de saúde ao Município em junho, alegando que não teria mais condições de garantir assistência plena aos pacientes. A direção do HMMSJR chegou a registrar boletim de ocorrência, pois o hospital não tinha mais condições de receber novos pacientes.

A entidade também chegou a acionar a Justiça e o Ministério Público do Trabalho para garantir pagamento aos colaboradores do HMMSJR. Somente depois disso a entidade filantrópica conseguiu efetuar o pagamento de colaboradores da unidade hospitalar.

O Estado entrou em contato com a Prefeitura de São José de Ribamar e, em nota, foi informado de que os partos cesarianos ainda não estão sendo executados por causa da dificuldade de contratação de médicos obstetras e anestesistas disponíveis no mercado. No entanto, a nova empresa que administra a unidade de saúde trabalha com o prazo de, no início do próximo ano, conseguir contratar no­vos profissionais e, desta forma, restabelecer o serviço ainda em janeiro.

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