Dependência

Usuários de drogas se espalham por bairros de São Luís

Polícia Civil já mapeou pelo menos cinco locais onde é grande a presença de dependentes químicos na cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

A dependência do crack leva muitas pessoas a abandonarem tudo o que têm para viver nas ruas, com o intuito de sustentar o vício da droga. Em São Luís, a Polícia Civil mapeou pelo menos cinco locais onde é grande a presença dos usuários de drogas como o crack, principalmente. As ações para retirar essas pessoas das ruas têm acontecido, mas a taxa de evasão é grande entre aquelas que são encaminhadas para o centro especializado, 30% seguem o tratamento até o fim, enquanto 70% o abandonam e retornam para as ruas.

O principal ponto fica no bairro do João Paulo, ao lado da feira. O lo­cal, conhecido como Cracolândia, foi alvo de várias ações da polícia, com retirada desses dependentes químicos das ruas. O objetivo era encaminhá-los para tratamento adequado. Apesar disso, muitos usuários de drogas ainda permanecem na região.

Ao longo da via, os usuários concentram-se em pequenos grupos de dependentes químicos. Eles se escondem atrás de caminhões que descarregam produtos na área ou até mesmo de containeres para consumir entorpecentes. São homens e mulheres que, ao estarem totalmen­te dependentes do vício, trocam um prato de comida por um cigarro de maconha, uma pedra de crack ou qualquer outra droga.

No bairro Cohama, uma das praças da localidade deixou de ser utilizada por moradores por causa do grande número de dependentes químicos que passaram a “morar” lá. Também é possível encontrar usuários nas rotatórias dos bairros São Francisco e Forquilha. Próximo à feira da Cidade Operária também há usuários de drogas.

Nesses ambientes, os dependen­tes químicos sobrevivem em condições desumanas, ficando à margem da sociedade. Sem nenhum tipo de assistência, seja de familiares ou do poder público, os usuários tornam-se alvo de discriminação das pessoas, que, naturalmente, evitam manter algum tipo de contato com eles, com medo de sofrer agressões.

Retirada
Existem outros pontos da cidade on­de também já foi grande a presença de dependentes químicos, mas eles deixaram esses espaços após ações da Polícia Civil. De acordo com o delegado Joviano Furtado, responsável pelas operações de remoção de usuários de drogas das ruas, ao lon­go dos últimos três anos 647 dependentes químicos foram retirados das ruas e encaminhados para tratamentos.

Na manhã de ontem, durante uma atividade do Conselho Municipal Antidrogras (Comad), realizada no bairro Vila Esperança, o delegado esteve em uma residência e levou um dependente químico para o tratamento.

“Os dependentes químicos são encaminhados para o CAPs AD [Centro de Apoio Psicossocial – Álcool e Drogas] para a avaliação. Eles são encaminhados para clínicas, para fazer o tratamento no CAPs, ou então em comunidades terapêuticas”, disse o delegado.

Abandono
Contudo, muitos usuários não seguem o tratamento médico até o fim e voltam para o vício, as ruas e o vício das drogas. Segundo o delegado, a taxa de evasão é grande e, dos usuários que são encaminhados para o centro, 30% seguem o tratamento até o fim, enquanto os outros 70% o abandonam e retornam às ruas.

De acordo com Marcelo Costa, diretor do CAPs AD, a volta dessas pessoas para as ruas e, consequentemente, para o vício, deve-se principalmente à ausência do laço familiar. “São pessoas em situação de rua que romperam os laços com a família. Esses vínculos precisam ser reconstituídos, e muitas vezes isso não acontece”, afirmou.

Segundo Marcelo Costa, cerca de 5.880 atendimentos já foram realizados este ano no centro, de pessoas de toda a Região Metropolitana de São Luís, e também algumas vindas do interior do estado. Hoje, 85% dos pacientes são conduzidos para o local por meio da família, enquanto os outros 15% são oriundos das operações da Polícia Civil, os chamados usuários de drogas disfuncionais.

Tanto o diretor do CAPs quanto o delegado Joviano Furtado concordam que a participação da família na recuperação dos dependentes químicos é fundamental para que eles não abandonem o tratamento e retornem para as drogas.

NÚMEROS
647 é o número de dependentes químicos que foram retirados das ruas pela Polícia Civil nos últimos três anos

70% é a quantidade aproximada de dependentes que abandonam o tratamento.

350 é a média de atendimentos mensais realizados pelo CAPs AD.

5.880 é a quantidade de atendimentos realizados pelo Caps AD.

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