Coluna

Roda Viva

As Repúblicas de São Bento e Pastos Bons

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
Antes, porém, que o novo regime se instalasse no país, em duas cidades do Maranhão – Pastos Bons e São Bento -, ocorreram movimentos voltados para a implantação da República na Província”Benedito Buzar

Domingo passado, o Brasil completou 126 anos de regime republicano. Como se sabe, a República chegou ao Maranhão de maneira insípida, inodora e incolor. No interior da Província, especialmente nos sertões, o novo regime republicano foi recebido com mais entusiasmo do que na capital, São Luís.
Em São Luís, a indiferença das lideranças políticas era tão acentuada, que o ato praticado pelo marechal Deodoro da Fonseca, no Rio de Janeiro, só chegou ao conhecimento da população três dias depois. A comunicação das autoridades republicanas foi endereçada ao comandante do Batalhão de Infantaria do Exército, que recebeu ordem para proclamá-la e empossar a Junta Provisória, presidida pelo coronel João Luis Tavares.
Antes, porém, que o novo regime se instalasse no país, em duas cidades do Maranhão – Pastos Bons e São Bento -, ocorreram movimentos voltados para a implantação da República na Província. Foram movimentos sem repercussão popular e chefiados por pessoas desprovidas de lideranças.
A de Pastos Bons, pipocou nos sertões maranhenses, após a adesão do Maranhão à independência do Brasil. O deputado Galeno Edgar Brandes, no livro “Barra do Corda na História do Maranhão” diz que : “Em 1827, a vila foi sacudida por panfletos e pasquins atirados nas ruas, incentivando o povo para que ali se instalasse, após a derrubada da Monarquia, uma República independente, denominada República de Pastos Bons”.
Baseado no parlamentar, “Aquela República seria um estado dentro de uma Província, subordinada a um Império. Lideranças de todos os estados do Nordeste, restos da antiga Confederação do Equador, hipotecaram solidariedade ao movimento”. Os sediciosos, segundo Maria do Socorro Coelho Cabral, em “Caminhos do Gado”, chegaram a proclamar no dia de Páscoa, à porta da Matriz de Pastos Bons, o regime republicano. Mas o movimento não prosperou diante da reação das forças imperiais.
A de São Bento, em maio de 1848, passou para a História, com o nome de República de São Bento. O professor Mário Meireles, no livro “História do Maranhão”, revela que: “Em 1848, a notícia da queda de Luís Felipe, na França, e da consequente proclamação da Segunda República francesa, um advogado, na vila de São Bento, de nome até hoje ignorado, depois de fazer bater propaganda de suas ideias e das ocorrências na Europa, mandou afixar editais, nos quatro cantos da localidade, conclamando o povo a aderir ao propósito de idealismo republicano que o entusiasmava.”
Mas “O Juiz Municipal, Ricardo Ferreira Mendes, em face do bulício provocado na vila, mandou abrir inquérito rigoroso e nele mais nada se apurou que tudo não passava de uma bebedeira do oficial de justiça, por quem referido advogado mandara, a um amigo, resenha das notícias dos jornais da capital que acabara de receber”.

CRIADORES E CRIATURAS
A política maranhense é marcada por figuras rotuladas de criadores e criaturas. Em períodos tumultuados ou brandos de nossa história, apresentam-se ora como correligionários e aliados, ora como adversários e antagonistas.
Ao longo do período republicano, políticos do porte de Benedito Leite, Urbano Santos, Marcelino Machado, Clodomir Cardoso, Genésio Rego, Saturnino Bello, Vitorino Freire, Newton Bello e José Sarney, criaram e lançaram na vida pública criaturas políticas, com a missão de sucedê-los e de perpetuá-los. Poucas cumpriram fielmente o papel que lhes foi confiado. A maioria, ao contrário disso, rebelou-se, partiu para o ataque contra os que as projetaram.

PAÇO DO LUMIAR X BRASÍLIA
Não se trata de confronto, mas o prefeito de Paço Lumiar, Josemar Sobreiro, resolveu duelar com Dilma Roussef.
Se a presidente da República, num ato de sacrifício pessoal, subtraiu 10 por cento de seu salário, o prefeito do Paço Lumiar reduziu 30 por cento do dele.
Com 30 e mais os 15 por cento que vai tirar do salário do secretariado, Josemar espera equilibrar as finanças de seu município e mostrar a Dilma como sabe cortar gastos.
O ministro Joaquim Levy que se cuide.

CENTRO DE CONVENÇÕES
Até pouco tempo, os prefeitos gostavam de construir obras que tinham aprovação da população, como praças, mercados, matadouros, quadras esportivas e similares.
Os gestores eleitos recentemente optaram por construções mais caras e faraônicas, priorizando os Centros de Convenções, verdadeiros monstrengos, com a marca da inutilidade social.
Até cidades pequenas, onde eventos e festividades não são constantes e se realizam a céu aberto, contam com Centros de Convenções, obras que levam os gestores à prática do superfaturamento.
FRADE FRANCISCANO
O franciscano Bernardo Brandão, pároco de Barra do Corda, celebrou a missa de sétimo dia do falecimento de monsenhor Hélio Maranhão, realizada no domingo passado, na igreja de Santo Antônio.
O jovem frade roubou a cena, dando um show de oratória e cultura, como há tempo não se via e ouvia.
Os membros da Academia Maranhense de Letras, presentes ao ato litúrgico, Benedito Buzar, Jomar Moraes, Alberto Tavares, Lourival Serejo, Sebastião Duarte, Natalino Salgado e José Carlos Sousa Silva, não saíram da igreja sem antes cumprimentar o sacerdote.

PRESIDENTE DO TRE
Os candidatos às eleições municipais, do ano vindouro, que se preparem para ver um fato novo no Maranhão.
O presidente que vai assumir o cargo de presidente do Tribunal Regional Eleitoral, no mês de dezembro, é um magistrado sóbrio, cordial e tranquilo, mas avesso a trivialidades e a elogios gratuitos.
O desembargador Lourival Serejo é um vianense letrado, admirador intransigente de Aluísio Azevedo, apreciador da música popular brasileira e cantor nas horas vagas.

CANDIDATURA DE ELIÉZER
Despontou o primeiro candidato à vaga de monsenhor Hélio Maranhão na Academia Maranhense de Letras.
Chama-se Eliézer Moreira, pesquisador de valor, entendido e colecionador de artes plásticas e autor de um livro de enorme sucesso: “Um gênio esquecido - Celso Antônio e o modernismo”.
Um bom número de acadêmicos já hipotecou solidariedade à candidatura de Eliézer, que, no momento, está no Rio de Janeiro, acompanhando o tratamento médico de uma filha.
A cadeira vaga, de número 21, parece talhada para os nascidos em Barra do Corda. O patrono é o poeta Maranhão Sobrinho, e dois de seus ocupantes eram barracordinos, Isaac Ferreira e Hélio Maranhão.

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