Prejuízos

Demora para fazer teste prático de CNH causa reclamação no Detran

Instrutores de autoescolas e candidatos denunciam que passam até 3 horas em fila à espera de sua vez para a realização da prova na sede do Detran e no centro avançado do órgão, na Praia Grande

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
Candidatos aguardam para fazer teste prático para retirada de carteira de motorista em centro na Praia Grande
Candidatos aguardam para fazer teste prático para retirada de carteira de motorista em centro na Praia Grande (Detran)

Candidatos e instrutores de autoescolas reclamam da longa espera que estão enfrentando pa­ra a realização do teste prático para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo eles, os atrasos se tornaram recorrentes e é preciso esperar até 3 horas para fazer um teste. Eles atribuem isso à baixa quantidade de examinadores que estão fazendo as avaliações após a Operação Sem Saída, por meio da qual foi desarticulada uma quadrilha que fraudava o processo de emissão de carteiras e foram presos alguns examinadores.

Uma fila de carros tem se formado todos os dias na Unidade Avançada de Exames Práticos de Direção Veicular, ao lado do Terminal de Integração da Praia Grande, no Aterro do Bacanga. São todos veículos de autoescolas nos quais alunos farão o teste para obter a carteira de habilitação. A longa fila chama a atenção, e o que mais preo­cupa é o longo período que os alunos precisam esperar para fazer o teste. Em alguns casos, a espera dura até 3 horas.

A técnica em enfermagem Reginal Alves contou que, na semana passada, esperou uma hora e meia dentro veículo até chegar sua vez para fazer o teste prático, pois o número de examinadores estava reduzido. “Foram retirados examinadores e não contratatados outros para o lugar. Isso prejudica todos que querem tirar carteira de motorista. É um absurdo essa espera”, reclamou.

O mesmo problema ocorre no pátio do Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran), na Vila Palmeira. Alunos e instrutores têm que aguardar muito até chegar sua vez de fazer o exame prático.

O número de examinadores que realiza os testes teria diminuído após prisões de alguns envolvidos em uma quadrilha que fraudava a emissão de carteiras de habilitação durante a Operação denominada “Sem Saída” realizada pela Polícia Civil e coordenada pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).

Prejuízos
Amâncio de Sousa, instrutor e dono de autoescola em São Luís, contou que a espera era tranquila. Mas agora está causando prejuízos aos alunos e instrutores. “No dia de realização do exame, forma-se uma fila que dura entre 40 minutos e uma hora e meia. Fica a preocupação com o aluno e com o nosso trabalho. O carro tem aula marcada nos horários certinhos e às vezes se atrasar uma hora no exame já é uma aula a menos que o instrutor vai conseguir ministrar. Acontece todo dia. É recente isso”, declarou.

O instrutor Ribamar Melo já tem mais de 20 anos de atuação no ramo e é um dos que também têm enfrentado os atrasos e as consequências. “Isso está acontecendo direto. Um dia desses, eu tinha um teste marcado para as 10h30 e só fui sair com o aluno daqui às 12h40. Eles ainda queriam parar para recomeçar só à tarde, mas não deixamos. A gente já estava esperando há muito tempo”, disse.

Claudiomar Vieira, instrutor há cinco anos, lembrou que a espera era pequena, anteriormente. Bem diferente do que acontece hoje. “Nós ficamos uma hora e meia, 2 horas esperando a vez. Já cheguei a ficar até 3 horas. Antes, a gente aguardava até trinta minutos. Isso influencia o aluno, porque aqui é um clima tropical, a temperatura eleva e o aluno fica no calor”, ressaltou.

Ele destacou as condições em que se encontra o local onde os instrutores ficam aguar­dando os exames na Vila Palmeira. “É totalmente insalubre. O bebedouro não tem manutenção. Demora muito até chegar água para a gente. Já está com mais de três anos que o ar-condicionado quebrou e não fizeram nada e eles exigem que a gente fique dentro desse ambiente quente”, frisou.

Infraestrutura precária é outro problema na Unidade Avançada de Exames Práticos de Direção Veicular, no Aterro da Bacanga. O espaço é utilizado para as aulas e testes para obter CNH, feira livre às quintas-feiras e estacionamento dos ônibus do transporte público utilizados como sobressalentes no ter­­mi­nal de integração.
O instrutor Manoel Aroucha contou que não é disponibilizada água para quem trabalha no local. Além disso, há confusão com a passagem de ônibus em meio ao local de exames práticos. Já foram registradas colisões entre carros de autoescolas e coletivos. Quando chega a sexta-fei­ra, o problema é a sujeira deixada pela feirinha no dia anterior.

Envolvimento

Segundo as investigações, autoescolas captavam alunos e cobravam em média de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Após o pagamento, o aluno não precisava assistir às aulas teóricas ou práticas, pois os criminosos faziam moldes de silicone da impressão digital e diariamente colocavam esses moldes nos leitores ópticos, que acabam confirmando a presença dos alunos em sala de aula.

No dia da prova, teórica ou prática, o aluno era direcionado a procurar pelo examinador, que fazia parte do esquema. Depois isso, ele não precisaria fazer nenhum tipo de teste. Posteriormente, a organização criminosa constava o aluno como aprovado e, logo após, recebia a carteira original do Detran-MA.

Foram efetuadas várias prisões preventivas no início deste mês, inclusive de examinadores.

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