Violência

Sem vigilantes, escolas públicas de São Luís são alvo de vandalismo

Até ontem, seis escolas da rede municipal de ensino haviam sido atacadas de várias maneiras, com danos ao patrimônio; sem aulas, por causa da violência, viaturas da Polícia Militar permaneceram na frente de duas UEBs

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

[e-s001]Em quatro dias, seis escolas da rede municipal de ensino foram alvo de vandalismo em São Luís. A violência tem mudado a rotina de estudantes da capital. Por causa da insegurança, alunos das Unidades de Educação Básica (UEB) Santa Clara, na Santa Clara; Estudante Edson Luiz de Lima, na Gancharia, e Professor João de Sousa Guimarães, na Divineia, ficaram sem aulas ontem.

Na manhã de ontem, muitos estudantes chegaram a ir para a UEB Estudante Edson Luiz de Lima, na Rua 4, na Gancharia, área Itaqui-Bacanga, mas foram informados na entrada que as aulas estavam suspensas. Durante toda a manhã, as salas de aula ficaram vazias, e a presença dos estudantes foi substituída pela da Polícia Militar (PM), que manteve quatro viaturas em frente à escola durante todo o dia. A direção da UEB não se pronunciou so­bre a retomada das aulas na unidade.

Além dos policiais, representantes da direção da escola e do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís (Sindeducação) e o delegado Walter Wanderley, responsável pelo 5º Distrito Policial (DP), no Anjo da Guarda, estiveram reunidos e discutiram medidas para garantir a segurança dos alunos.

[e-s001]Estudante ferida
A reunião aconteceu porque na sexta-feira, dia 18, uma estudante de 14 anos ficou ferida após ser atingida por estilhaços de vidro de uma janela da escola, que foi apedrejada. “Atiraram uma pedra de fora do colégio e isso ocasionou a lesão da estudante. Não houve invasão, como se falou inicialmente. Foi uma pedra arremessada do lado de fora do colégio”, informou o coronel Araújo, comandante da Ron­da Escolar.

Ele informou ainda que a reunião de ontem serviu para traçar estratégias de segurança para a escola. “Infelizmente, a escola fica em uma região on­de a realidade é preocupante e a ação de crimi­nosos, co­mum. Por isso, estamos planejando atividades a serem realizadas na área para promover uma cultura de paz entre a comunidade”, disse o coronel Araújo, comandante da Ronda Escolar.

A polícia investigou e descobriu que dois adolescentes alunos da escola, acompanhados de outro adolescente tentaram roubar o celular de uma estudante do local. Como ela correu, eles jogaram as pedras que atingiram as vidraças da UEB. Um deles chegou a ser apreendido na manhã de ontem, mas foi liberado após prestar declarações. A família dos três adolescentes deve arcar com as despesas pelos danos causados à escola.

Sem aulas
Outra unidade escolar que manteve os portões fechados durante toda a segunda-feira foi a UEB Santa Clara, na Rua 3 Irmãos, no bairro Santa Clara. Na tarde de domingo, dia 20, a escola foi incendiada, possivelmente por integran­tes de facções criminosas. Parte do telhado e quatro salas de aula fo­ram atingidas. A direção da unidade também não informou quan­do as aulas serão retomadas. Na manhã de ontem, um carro da PM podia ser visto no pátio da escola, que foi periciada, para esclarecer as causas do incêndio.

Na Divineia, foram os alunos da UEB Professor João de Sousa Guimarães que tiveram de ficar em casa. Na madrugada de segunda-feira, a escola foi invadida por criminosos que roubaram mesa de som, modens, aparelho de DVD e uma televisão. Pacotes de leite que seriam usados no lanche dos alunos foram rasgados, segundo relatos de funcionários.

[e-s001]Mais vandalismo
As UEBs Rubem Almeida, no Coroadinho, e Miguel Lins, no Maranhão Novo, também foram alvo de vandalismo no fim de semana, em São Luís. Na sexta-feira, dia 18, uma briga de facções ocorreu em frente à UEB Rubem Almeida. Houve tro­ca de tiros, o que deixou professores, funcionários e alunos da escola com medo diante da situação. Já na UEB Miguel Lins, paredes foram pichadas. Na UEB Darcy Ribeiro, na Avenida dos Africanos, houve arrombamentos na madrugada de ontem. Salas fo­ram invadidas e armários, danificados.

De acordo com Elizabeth Castelo Branco, presidente do Sindeducação, a insegurança nas escolas da rede pública municipal foi informada à Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), no dia 15, e está cada vez mais comum. “Este ano, diversas escolas já foram alvo de vandalismo e criminosos. Também estão na lista as UEBs Newton Ne­ves, Zuleide Andrade, Cidade Olímpica, Amaral Raposo, Rubem Teixeira Goulart, Bandeira Tribuzi, Ru­bem Almeida e outras”, afirmou.

Sem vigilantes
A ação de vândalos nas escolas da rede municipal de São Luís ocorre pela falta de seguranças nas unidades de ensino. Desde o dia 15 de fevereiro deste ano, a Prefeitura de São Luís não tem mais contrato com a empresa ServiSan, de acordo com o Sindicato dos Vigilantes do Estado do Maranhão (Sindvig-MA). Na quinta-feira, dia 17, O Estado denunciou que 400 vigilantes haviamsido demitidos, e a segurança em todas as escolas municipais ficou comprometida.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que as UEBs Santa Clara e Estudante Edson Luiz de Lima receberam a visita de equipes da secretaria para avaliação da situação e tomada das providências possíveis, no domingo, dia 20. A Semed informou ainda que aguarda laudo do Corpo de Bombeiros de perícia realizada na UEB Santa Clara, que foi parcialmente afetada pelo incêndio do domingo, e que já tem equipes de engenharia da Semed trabalhando na contabilização dos reparos que serão necessários.

A secretaria ressaltou ainda que tem mantido postura de diálogo constante com gestores escolares, no sentido de acompanhar a situação das unidades de ensino, e que se reunirá com o corpo pedagógico das escolas afetadas e com as comunidades. A nota da Semed informou também que está em processo de regularização do serviço de vigilância e que, enquanto isso, tem buscado articulações com a Guarda Municipal e a Polícia Militar, no combate à violência no entorno das comunidades escolares.

NÚMEROS
281 escolas
compõem a rede municipal de ensino
130 mil estudantes estão matriculados na rede municipal de ensino

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