Debate

Maranhão é primeiro do Brasil em situação de insegurança alimentar

Problema foi debatido no Encontro dos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas com Gestores e Profissionais, no Auditório da Assembleia

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56

No Maranhão, 23,7% da população (mais de 1,5 milhão de pessoas) estão em situação de insegurança alimentar. O problema foi debatido neste fim de semana durante o Encontro dos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas com Gestores e Profissionais, no Auditório da Assembleia Legislativa. O objetivo do encontro foi aproximar a categoria dos seus conselhos, promover a valorização profissional e discutir as políticas públicas de alimentação e nutrição desenvolvidas na Região Nordeste.

Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em dezembro do ano passado, Maranhão e Piauí têm menos da metade da população com alimentação assegurada. De acordo com o IBGE, apenas 39,1% dos maranhenses e 44,4% dos piauienses têm dificuldade para conseguir alimentos. Das 27 unidades federativas do país, Maranhão e Piauí são as duas únicas abaixo dos 50%, embora tenham registrado aumento percentual de 3,6 pontos e 3,3 pontos, respectivamente, em comparação com o ano de 2009.

Paralelamente, o IBGE elaborou no mesmo estudo um ranking com os estados de pior classificação em relação à insegurança alimentar, isto é, onde a fome se faz mais presente ou é motivo de preocupação. Maranhão (23,7%) e Piauí (19%) aparecem em situação mais crítica, sendo o estado maranhense o primeiro da lista. Os dados foram analisados na pesquisa Suplemento de Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013.

O assunto foi um dos temas do Encontro dos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas com Gestores e Profissionais porque o profissional é um dos responsáveis pela execução de políticas públicas que visem resolver o problema. “O nutricionista é habilitado tecnicamente para atuar na reversão desse quadro, pois ele executa as políticas públicas voltadas para essa questão”, explicou o nutricionista e delegado do Conselho Regional de Nutrição (CRN) no Conselho Federal de Nutrição (CFN), Gustavo Monteiro.

Políticas - O encontro faz parte da política permanente de fortalecimento da relação do Sistema CFN/CRN, nutricionistas e técnicos em Nutrição e Dietética de todas as regiões do país, reforçada com as reuniões itinerantes realizadas pelo Conselho Federal de Nutricionistas. Dessa vez, a ideia é valorizar a atuação profissional no Maranhão, dando à categoria a oportunidade de debater, com gestores locais de políticas públicas, a promoção da saúde coletiva nas áreas de alimentação, nutrição, segurança alimentar e nutricional (SAN).

Deputados da Frente Parlamentar pela Segurança Alimentar participaram da mesa de abertura do evento, no início da noite de sábado, quando foi traçado um painel do problema no Maranhão a fim de buscar mecanismos que garantam aos maranhenses o acesso a alimentação. "Dos 100 municípios brasileiros com menos IDH, 30 são maranhenses. Por isso, durante o encontro nós também procuramos saber do Estado o que tem sido feito para sanar esse problema e reduzir a insegurança alimentar”, afirmou Gustavo Monteiro.

Também integraram a mesa de abertura o presidente do CFN, Élido Bonomo; e a presidenta do CRN – 6ª Região, Elenice Costa. Entre os temas em pauta na programação, estiveram o panorama da política de SAN e o trabalho de ação fiscal desenvolvido pelo CRN-6. Representantes do Ministério Público do Maranhão e do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) também participaram para discutir as políticas de segurança alimentar e nutricional, avaliar as atividades de fiscalização e as perspectivas para o estado.

No sábado, dia 8, a categoria pode participar de curso sobre gestão de unidades produtoras de refeições com ênfase nos manuais de boas práticas e procedimentos operacionais padronizados, ministrado pela nutricionista Márcia Paranaguá.

Mais

A pesquisa do IBGE usou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Ela considera em segurança alimentar (SA) um domicílio cujos moradores, nos 90 dias anteriores à entrevista, tiveram acesso a alimentos em qualidade e quantidade adequadas e não se sentiram na iminência de sofrer restrição de alimentação.

Em Insegurança Alimentar Leve (IL) estão os lares nos quais, no período de referência, foi detectada preocupação com a quantidade e qualidade dos alimentos. A Insegurança Alimentar Moderada (IM) ocorre em residências com restrição na quantidade de comida. E a Insegurança Alimentar Grave (IG) acontece em domicílios nos quais faltam alimentos, atingindo não só adultos, mas também crianças, podendo chegar à fome.

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