Reivindicação

Mamaço na Litorânea pede a humanização do parto e maior assistência

Mobilização ocorreu no sábado (1º) e faz parte da Semana Mundial da Amamentação em São Luís; famílias pedem, ainda, por mais assistência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56

Mulheres do movimento “Me deixem nascer”, de São Luís, realizaram um mamaço no Parquinho da Litorânea, no sábado. O ato foi uma das atividades em defesa da humanização do parto e de melhorias na assistência obstétrica. Com o evento coincidindo com o início da Semana Mundial da Amamentação, as mulheres se uniram para amamentar seus bebês simultaneamente para defender a importância do ato de aleitar seus filhos.

“Trabalhar e amamentar, basta apoiar” foi uma das bandeiras levantadas pelo movimento de mulheres no sábado. A Semana Mundial do Aleitamento Materno segue até o dia 7 e levanta propostas para a mãe trabalhadora. Neste ano, o tema abordado é “Amamentação e Trabalho: Para dar certo, o compromisso é de todos”.

Atualmente, as mulheres têm direito por lei a um período que varia entre quatro a seis meses de licença maternidade em órgãos públicos e empresas privadas. Além disso, assim que voltam ao local de trabalho, as mães também têm o direito, durante 15 dias, a duas pausas de 30 minutos por expediente para fazer a coleta do leite ou amamentar seus bebês.

Dificuldades - A idealizadora do evento em São Luís, Herica Uchôa, disse que o aleitamento acaba não ocorrendo no período mínimo recomendado por causa da licença concedida menor que seis meses, período em que a amamentação deve ser exclusiva alimentação do bebê, e também pelas dificuldades enfrentadas pelas mães para fazer isso nos seus locais de trabalho.

Para ela, os avanços em relação a esses direitos têm acontecido, mas ainda são poucos. “A gente sabe que o bebê tem que ficar na amamentação exclusivamente até os seis meses. A legislação vem amadurecendo e apresentando propostas de lei para poder estender a licença maternidade e também estender o tempo para a mãe fazer a amamentação no seu trabalho. Nós como trabalhadoras, sabemos o quão é importante voltar para o trabalho para ser produtiva. Mas, sabemos que esse tempo concedido hoje é insuficiente”, disse.

Ainda de acordo Herica Uchoa, a Semana Mundial do Aleitamento Materno aborda também o estresse provocado no bebê pelo afastamento rápido da mãe que volta ao trabalho. “Como são, em média cinco meses, a mãe acaba introduzindo precocemente alimentos sólidos por não ter condições de continuar amamentando. Temos que flexionar mais esse assunto porque não deixa de ser um problema de saúde pública”, afirmou.

Alinne Nascimento é uma das mulheres que participaram do evento. Ela preferiu deixar o emprego temporariamente para cuidar do primeiro filho e, claro, dar mais atenção à amamentação do pequeno Gabriel. Cumpri o período de licença maternidade e, quando voltei, fiz um acordo com a empresa. Tinha com quem deixar ele se eu fosse trabalhar, mas achei melhor ficar com ele e voltar só depois”, lembrou.

Humanização – O evento realizado no último sábado contou ainda com momentos pintura nas barrigas das grávidas, ciranda em que as mães contaram suas experiências de parto, apresentação musical e mais. Ainda de acordo com Herica Uchôa, a intenção era mobilizar mais pessoas pelo respeito à escolha de parto normal e na humanização da assistência às mães e bebês.

A empresária Lia Raquel Ferreira foi uma das mulheres que fizeram questão de participar do evento. Grávida de uma menina, que se chamará Maria Cecília, ela já participa de uma roda de gestantes e foi até o Parquinho da Litorânea para contribuir com a luta pelo parto normal, que também é sua preferência. Ela vem enfrentando dificuldades para conseguir realizar o parto. “Minha intenção é fazer o parto normal. Minha ginecologista obstetra não apoiou, mas também não disse que não faria. Mas já me disseram que ela confirma que vai fazer e na hora faz a cesárea, por isso talvez eu mude de médica”, disse.

Mais

A Aliança Mundial de Ação pró-Amamentação – WABA criou no ano de 1992 a Semana Mundial de Aleitamento Materno, para promover as metas da “Declaração de Innocenti”. A Semana Mundial é um veículo para promoção da amamentação e ocorre em 120 países e, oficialmente, é celebrada de 1 a 7 de agosto. A WABA define, a cada ano, o tema a ser trabalhado na Semana.

Dicas de especialista

A pediatra e consultora internacional de amamentação pelo IBLCE/EUA (International Board of Lactation Consultant Examiners), Luciana Herrero, explica que ainda existe um descompasso entre as necessidades para saúde do bebê e os direitos que protegem as mães trabalhadoras. Para ajudar as mamães nesse processo, ela recomenda algumas ações simples para combinar sucesso amamentação e trabalho.

Na licença maternidade:

- Dar de mamar sem ter horários rígidos, quantas vezes o bebê quiser e por quanto tempo desejar;

- Fazer estoque de leite no congelador: retirar o leite materno e acondicionar em frascos esterilizados e congelá-los para que seja oferecido ao bebê quando a mãe estiver trabalhando. O leite congelado em casa, sem pausterizar, dura no freezer 15 dias. Mas, se pausterizado no banco de leite pode durar seis meses;

Após o retorno ao trabalho:

- Ordenhar a mama no trabalho: a cada três horas é importante que a mãe manipule as mamas, retirando o leite que ali se encontra. Se houver onde e como armazenar, ótimo! Caso contrário, ordenhe nem que seja para desprezar o conteúdo. Isso é importante para que a produção do leite não seja diminuída.

- Fugir das mamadeiras: os bicos são inimigos número um da amamentação, pois causam confusão nos bebês e favorecem o desmame. O ideal é que o leite (ordenhado da mãe ou as fórmulas lácteas) seja dado para o bebê no copinho ou na colherzinha.

- Quando estiver em casa, amamentar em livre demanda: é muito importante que a mãe ofereça seu seio em livre demanda quando estiver em casa, durante o dia e à noite. Pode ser apenas de manhã (antes de sair ou ao voltar), mas manter as mamadas frequentes enquanto estiver junto com o bebê é muito importante, especialmente nos primeiros seis meses de vida. As mamadas noturnas podem ser cansativas, mas são fundamentais para manter uma boa produção de leite materno, pois é a hora de maior liberação da prolactina, hormônio que controla a produção do leite humano.

- Conversar com o pediatra para tentar antecipar a alimentação complementar: em alguns casos particulares, quando o bebê tem mais de quatro meses, e a mãe (apesar de todo esforço) não está conseguindo a quantidade de leite materno necessária para oferecer ao bebê em sua ausência pode-se antecipar a alimentação complementar.

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