MERCADO

O legado do Brasil na presidência do Mercosul

Brasil promoveu a renovação do Fundo de apoio a regiões menos desenvolvidas e moveu esforços definitivos para a incorporação da Bolívia. Em seis meses, foram realizadas mais de 300 reuniões

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56

Entre os principais avanços da presidência temporária do Brasil no Mercosul estão a renovação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) e o encaminhamento do processo para incorporação definitiva da Bolívia ao bloco. A Presidência Pro Tempore brasileira empenhou-se em acelerar negociações e diálogos com parceiros de dentro e fora da região, sobretudo a decisão de trocar ofertas comerciais com a União Europeia no último trimestre do ano.

Em seis meses de trabalho, foram realizadas mais de 300 reuniões e retomadas negociações em áreas como turismo, normas comerciais, fiscalização do transporte internacional rodoviário, controle sanitário, informática e telecomunicações. "Os resultados de nosso trabalho não foram só na área econômica, foram também em relação às nossas sociedades", ressaltou a presidenta Dilma Rousseff na 48° Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, ontem (17), em Brasília.

Dilma observou que o Brasil sempre defendeu a integração sul-americana em benefício de regiões menos desenvolvidas. "Por isso, apoiamos fortemente em 2004 a criação do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul. O Focem tem desempenhado papel fundamental no financiamento de projetos que ajudam a reduzir as assimetrias. Nós decidimos nesse período em que o Brasil assumiu a presidência Pro Tempore, de comum acordo com todos os países, que nós vamos garantir a continuidade do Focem nos próximos anos", destacou a presidenta.

Com recursos dos países membros, o Focem financia projetos de infraestrutura de regiões menos desenvolvidas do bloco, contribuindo para melhorar setores como habitação, transportes, capacitação tecnológica e aspectos sanitários. O Brasil é o maior contribuinte, aportando 70% dos recursos do Fundo e a Argentina é responsável por 27% do montante. O Uruguai, com aporte de 2%, e o Paraguai 1%, são os principais beneficiários; recebem respectivamente, 32% e 48% dos total disponibilizado anualmente.

A renovação do Fundo por mais dez anos resultará em mais estímulo a integração e mitigação dos efeitos das assimetrias entre as nações da região. "O Focem é uma das mais bem sucedidas experiências da política comunitária do Mercosul com 44 projetos aprovados em áreas como infraestrutura, integração produtiva, educação, capacitação tecnológica e incentivo a microempresas", destacou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Dilma destacou a assinatura da nova Declaração Sócio-Laboral, documento que reconhece a sociedade civil como protagonista na construção de direitos e define mecanismos que permitem aos trabalhadores cobrar por seu cumprimento. "A nova Declaração que acabamos de assinar tem objetivos claros de sustentação do emprego e do trabalho decente na região, fortalecimento da negociação sindical e condiciona a participação de empresas em projetos financiados pelo bloco à observância dos preceitos desse acordo", garantiu a presidenta.

Adesão da Bolívia

Durante a Cúpula do Mercosul, chefes de Estados dos cinco países que compõem a bloco (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) assinaram protocolo que possibilitará a adesão plena da Bolívia ao Mercosul. O ministro das Relações Exteriores ressaltou que, graças ao trabalho que vinha sendo realizado desde 2011, o Brasil pôde encaminhar, com êxito, o processo.

Na avaliação do subsecretário argentino de Relações Econômica Internacionais, Carlos Bianco, o comando brasileiro foi extremamente positivo. “Acreditamos que a presidência brasileira avançou em muitos temas que eram prioridade para o Mercosul, em particular a ampliação da quantidade de sócios, que é a adesão da Bolívia como membro pleno”, avaliou.

Novos mercados, apoios e alianças

Nos últimos seis meses, o Brasil empenhou esforços em buscar novos mercados e acordos comerciais fora da região. "Trabalhamos, com os demais países, no aperfeiçoamento da oferta do bloco para a União Europeia. Definimos com o lado europeu o objetivo de proceder à troca de ofertas no último trimestre deste ano. Promovemos reuniões com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), com o Líbano, a Tunísia, a Coreia e o Japão", listou Dilma Rousseff.

A presidenta também destacou o avanço no diálogo com Aliança do Pacífico, bloco comercial latino-americano formado por Peru, Chile, México e Colômbia. "Enviamos para a Aliança a proposta de aprofundamento de diálogo entre os dois blocos. E queremos identificar uma agenda que abra oportunidades de negócios entre nós", frisou.

Segundo Dilma, outra prioridade recente foi o apoio aos agentes econômicos de menor porte. "Criaremos o registros de agricultores familiares no Mercosul, que permitirá certificar os pequenos produtores agricolas, valorizando seu importante trabalho, melhorando a sua renda e integrando mais a nossa região." Ela também pontuou o empenho para promover a inserção competitiva dos membros na "Era do Conhecimento" e buscar mais investimentos para qualificação dos trabalhadores e programas de educação, ciência, tecnologia e inovação.

Reuniões especializadas

Ainda no início desta semana, nos dias 14 e 15, Belo Horizonte (MG) sediou o 5º Fórum Empresarial do Mercosul. Com seminários, fóruns, além de rodadas de negócios com empresas brasileiras, o evento buscou aprofundar as relações empresariais do bloco, por meio de discussões setoriais e visitas técnicas. Também reforçou contatos e promoveu parcerias nas áreas de energia, biotecnologia e ciências da vida, tecnologia da informação, automotivos, mineração, agronegócio e audiovisual.

"Consideramos essencial que o Mercosul continue estimulando o engajamento do setor privado nas discussões sobre os rumos da integração produtiva", destacou o ministro Mauro Vieira.

No último mês de junho, em reunião técnica realizada em Foz do Iguaçu (PR), gestores da área de Turismo do Mercosul discutiram estratégias para o fortalecimento do setor, como a política de harmonização das estatísticas - a ser implementada nos próximos cinco anos - e a formatação de roteiros integrados para estimular o aumento do fluxo de pessoas entre os países membros. Também discutiram estratégias para atrair visitantes, especialmente das regiões mais distantes, como dos países asiáticos.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.