Coluna

A Coluna Prestes - Conclusões - I

Salvio Dino

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
A abordagem de marcantes passagens, ainda inéditas e, que no nosso humilde entendimento, precisam, sim, ser mostradas às novas geraçõesSálvio Dino

Vem-se dizendo, alto e a bom som: demorou para que a História deixasse sua visão retrospectiva de Museu e adotasse uma linha de análise e interpretações mais próxima do presente.

De fato. Nas últimas décadas teve início um processo de valorização dos depoimentos individuais e das pesquisas em fontes cristalinas, capazes de nos levar a olhar a História, não mais como letra morta, mais como um processo vivo de interpretação da nossa vida social e política. Tal imagem vem crescendo tanto que encontrou ressonância, inclusive, em textos poéticos que procuram evocar uma historicidade situada no limiar do vivido e do bem narrado.

“(...) mais ainda é tempo de viver e contar.

Certas histórias não se perderam.”

(Carlos Drummond de Andrade –Nosso Tempo)”

Daí o porquê desse trabalho, de sentido puramente documental, muito embora com uma evidência à toda prova: a abordagem de marcantes passagens, ainda inéditas e, que no nosso humilde entendimento, precisam, sim, ser mostradas às novas gerações que pouco ou quase nada conhecem desse episódio histórico. Com foro de guerrilha pelos caminhos do “sulmaranhense”. E, como diria o nosso inolvidável Humberto de Campos: “trazendo-o do subterrâneo, (...) ergue-o nos braços, sem constrangimento, para que veja de novo, a luz do dia. Deus também fez o mundo defeituoso, e, no entanto, mostrou-se contente com a sua obra”.

Por outro lado, torna-se oportuno salientar-se: transportar jovens, em particular, estudantes para o universo da COLUNA PRESTES, com certeza, não é das tarefas mais fáceis. A chamada imprensa – “chapa branca”, sempre serviu como inevitável atalho, jamais permitindo ao estudante compreender, com riqueza de detalhes – A EPOPEIA DA COLUNA, fora do clássico DISCURSO ACADÊMICO.

Claro como o ensolarado dia de verão: como veio o tenentismo? Por que veio o tenentismo? Como se passou o tenentismo? Como terminou o tenentismo? À juventude estudiosa só mostraram nos livros escolhidos a dedo, pedaços da GRANDE COLUNA, à luz da conveniência dos donos do poder ao longo dos tempos...

Mas, a cor da chita não é bem assim...

Sou daqueles que entendem que a verdadeira História, não é bem assim e ou é assim: o que melhor ficou de Rui, com certeza, foi a eloquente CAMPANHA CIVILISTA --- denunciando, alto e a bom som, a podridão da VELHA REPÚBLICA, então ainda intocável e intocada, com suas eleições, a bico de pena. Como é altamente energizante, num sentido espiritual/patriótico (existe isso, ainda?!) trazer-se à tona a eterna mensagem civilista (hoje, como nunca, bem atualiza do grande e inesquecível baiano:

De tanto ver triunfar as nulidades/de tanto ver prosperar a desonra/de tanto ver crescer a injustiça/de tanto ver agigantaram-se os poderes nas mãos dos maus/o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, de ter vergonha de ser honesto.

Basta se observar, sem qualquer lente de aumento que, a primeira semente do tenentismo nasceu dessa fecunda árvore baiana, lá pelos idos de 1925. Vamos em frente!

(...) “O inconformismo militar, aliás, que não foi específico do caso brasileiro, mas aqui se apresentou, na forma do TENENTISMO, dotado de características especiais, correspondeu aos abalos nas velhas estruturas coloniais, e foi a forma possível de contestação ao que elas representavam.

O reformismo tenentista é a expressão política da pequena burguesia brasileira, vanguarda aguerrida de ascensão burguesa. O Império, A Abolição e a República são as mais importantes. A partir da crise política ligada à sucessão presidencial de 1922, entretanto, elas apresentam, pela sequência pela gravidade, pela repetição a curtos intervalos, pelo vulto das forças empregadas, aspecto particular. Daí essa fase de inconformismo militar, de qualidade nova, ser conhecida como tenentismo. Sua expressão máxima será a COLUNA PRESTES. (Nelson Werneck Sodré).

Não procurei (não procuraremos) senão fazer uma rápida síntese dos primeiros passos (atos e fatos) da COLUNA PRESTES, porque tentar descrevê-la seria desdobrar, página por página, um largo período da nossa história.

O nosso objetivo maior: enfocar a trajetória de vida de um revolucionário (em terras maranhenses), que desde, quando fez a sua grande viagem, sem retorno, ainda, hoje, as pessoas que enxergam dois palmos, diante do nariz, perguntam: quem ganhou quem perdeu? Em outras palavras: quando ele morreu, perdeu o bom combate na eterna luta por melhores dias, pra todos nós? Ganhou a história que, pode escrever com maior isenção, a heroica caminhada duma estrela, exposta ao sol e à sombra das críticas humanas, sempre brilhou como poucas, por isso fazendo inveja com seus defeitos e suas virtudes?

Diga, você meu caro leitor (a)

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