Mais reflexão

No Dia do Meio Ambiente, problemas ambientais da Ilha de São Luís são lembrados

Maioria dos mananciais que abasteciam a capital secou; praias e rios estão poluídos por esgoto e manguezais são gradativamente devastados

Leandro Santos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58

[e-s001]Os problemas no abastecimento de água na capital maranhense originaram-se em meados da década de 60, quando as fontes hídricas que atendiam à demanda da capital maranhense foram secando. São Luís, até essa época, tinha sete mananciais, que funcionavam como reservatórios, mas foram desaparecendo gradativamente: o Zé Cearense; o São Raimundo, que se localizava no conjunto que hoje leva o mesmo nome; o Jaguarema, que secou e localizava-se onde hoje é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no Araçagi; o Veloso, que situava-se no Santo Antônio, mas foi aterrado; o Paciência, que deixou de ser um manancial de superfície e passou a ser subterrâneo, encontrando-se hoje em fase de extinção; o Batatã e o Sacavém, que, apesar de ainda estarem operando, já perderam muito de suas capacidades hídricas.

[e-s001]Aliada a esse problema, tem-se também a poluição, não apenas dos rios da cidade, mas também das praias. Conforme o último relatório divulgado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), diversos trechos das praias da região metropolitana estão impróprias para o banho, situação causada pelo lançamento de esgoto in natura nas águas.

Os manguezais em São Luís estão sendo gradativamente devastados por causa da ocupação irregular desses espaços, representando um grande dano e desequilíbrio para o meio ambiente. Diversas construções estão avançando sobre esses ecossistemas, um dos mais importantes do planeta, contribuindo para seu desaparecimento.

Outro problema é a destinação inadequada dos resíduos sólidos, que tem como principal consequência a poluição do solo e dos lençóis freáticos. O Aterro da Ribeira, localizado no Distrito Industrial, recebe mensalmente 26 mil toneladas de lixo, que são colocadas no local sem qualquer tipo de tratamento. A previsão é de que ele seja fechado no fim de julho e os resíduos sólidos produzidos em São Luís sejam despejados em uma Central de Tratamento de Resíduos, no município de Rosário.

[e-s001]Consequências - Em um artigo publicado sobre os problemas ambientais de São Luís, Lúcio Macedo, doutor em Saneamento Ambiental pela Universidade de São Paulo, afirmou que a falta de planejamento e ações públicas contribui para gerar conflitos ambientais, que agravam os indicadores de qualidade ambiental urbana na cidade.

"Pode-se afirmar que os princípios estabelecidos pelo desenvolvimento sustentável têm melhorado a qualidade de vida e mobilizado a sociedade civil, em defesa de práticas adequadas de proteção ambiental em outras capitais do país. Porém, o que se vê em São Luís é a deterioração do patrimônio físico, em função da insustentabilidade e de alguns retrocessos da Política Ambiental na Ilha e a própria banalização do meio ambiente. No caso específico de São Luís, foi elaborado um Código Municipal de Meio Ambiente e nunca implantado, e as praias da cidade poluídas são o exemplo do descaso ambiental", afirmou Lúcio Macedo em seu artigo.

Ele afirma também que o crescimento da cidade de forma desordenada, que aconteceu principalmente a partir da década de 1960, contribuiu para intensificar os problemas ambientais que estão sendo registrados na cidade.

"A partir da década de 1960, intensifica-se na cidade o seu crescimento demográfico e espacial, com reflexos na apropriação do espaço urbano pela população, de forma caótica, sem os serviços básicos, produzindo, desta forma, problemas ambientais diversos. Temos que tirar São Luís da inoperância de seus serviços de infraestrutura sanitária e ambiental e talvez no próximo Dia Mundial de Meio Ambiente tenhamos algo para comemorar", frisou o professor.

PROGRAMAÇÃO
Algumas atividades
serão realizadas durante a manhã de hoje em São Luís em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente. No Parque do Bom Menino, no centro da cidade, será realizada uma limpeza da área, atividade que será desenvolvida por voluntários e estudantes. No bairro Janaína, haverá um abraço simbólico às margens do Rio Jeniparana, realizado por crianças e adolescentes que fazem parte do projeto do Comitê Infanto-Juvenil da Bacia Hidrográfica do Rio Jeniparana.

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