Fiscalização

Irregularidades em prédio dificultaram combate a chamas, diz Bombeiros

Ausência de projeto de combate a incêndio foi a principal anormalidade encontrada; este ano, mais de 500 notificações foram feitas durante fiscalizações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58

Algumas irregularidades encontradas no condomínio Farol da Ilha, em São Luís, no qual um dos apartamentos foi incendiado na tarde de terça-feira, dia 2, dificultaram o trabalho do Corpo de Bombeiros no combate às chamas. Somente este ano, mais de 500 notificações foram feitas pela corporação durante vistorias realizadas em condomínios e outros locais de aglomeração de público por causa de problemas encontrados que comprometiam a segurança das pessoas.

As irregularidades no condomínio de luxo, localizado na Avenida dos Holandeses, foram apresentadas na manhã de ontem durante entrevista à imprensa, concedia pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Célio Roberto Araújo, e outros oficiais que participaram do trabalho de combate às chamas no apartamento incendiado. Segundo ele, a principal irregularidade foi a ausência do projeto de combate a incêndio, que deveria ter sido apresentado no momento em que foi solicitado pelo Corpo de Bombeiros.

De acordo com o coronel, o projeto contém detalhes sobre a estrutura do prédio, quantidade de apartamentos por andar, rotas de fugas em caso de sinistros, entre outras informações, e deveria ter sido apresentado no momento da ocorrência para que fosse adotada a melhor estratégia de combate às chamas.

Após o incêndio, o Corpo de Bombeiros notificou a empresa responsável pela administração do condomínio para que apresentasse no prazo de 24 horas o projeto. O documento já está em poder dos bombeiros e passará por análise.

Irregularidades - Além da ausência do projeto, outras irregularidades foram contatadas como a obstrução do hidrante de recalque do condomínio, que estava sujo e dificultou a utilização dele pelo Corpo de Bombeiros; e a falta de água na reserva técnica.

A porta corta-fogo do condomínio foi encontrada em situação irregular. De acordo com as normas técnicas e de segurança, elas são concebidas para que se mantenham fechadas, com o intuito de impedir a passagem de fogo ou fumaça entre compartimentos, facilitando a fuga de pessoas e resgates. No entanto, elas estavam abertas e, no chão, havia diversos objetos que comprometiam a passagem de pessoas.

O coronel Célio Roberto tratou ainda do uso da escada Magirus do Corpo de Bombeiros durante a operação. No auxílio ao resgate dos moradores, a escada foi utilizada para facilitar na retirada dos condôminos, mas ela, por levantar-se a apenas uma altura de 40 metros, não alcançou o nono andar, onde estava acontecendo o incêndio.

"A escada é um dos componentes utilizados pelo Corpo de Bombeiros para apagar incêndio e dar suporte na operação, como a retirada de pessoas, mas ela não é essencial e trata-se apenas de um meio alternativo. As maiores escadas como essas podem chegar a até 90 metros", explicou o coronel Célio Roberto.

Após o incêndio, a construtora Cyrela, responsável pela edificação do condomínio, informou que fez a entrega do condomínio Farol da Ilha há cinco anos, estando todos os itens de segurança, prevenção e combate a incêndio em pleno funcionamento e validados pela autoridade fiscalizadora, ou seja, o Corpo de Bombeiros.

Informou também que, a partir da entrega do empreendimento, passa a ser de responsabilidade do condomínio, na pessoa do síndico e demais conselheiros eleitos, aprovar e autorizar a manutenção, troca ou compra de novos equipamentos.

SOBRE O INCÊNDIO
Um incêndio
atingiu um dos apartamentos localizado no nono andar do condomínio Farol da Ilha, na Ponta d'Areia, no começo da tarde de terça-feira, dia 2, e o fogo teria sido causado por um curto-circuito em um aparelho eletroeletrônico, ocasionando chamas, que rapidamente se espalharam. Por causa do incêndio, algumas pessoas ficaram presas em outros apartamentos e no elevador, sendo necessária uma grande mobilização do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar (PM) para resgatar 19 condôminos que ficaram impossibilitados de sair. O fogo começou por volta de 13h30 em um dos quartos do apartamento. Em poucos minutos, o fogo se alastrou por toda a área, destruindo móveis e outros objetos que estavam no interior do imóvel. A fumaça invadiu os demais apartamentos do prédio, assuntando moradores, que imediatamente deixaram seus aposentos, com receio do fogo atingi-los. O incêndio foi totalmente controlado apenas no fim da tarde.

556 notificações foram feitas este ano

De janeiro a abril deste ano, mais de 500 notificações foram feitas pelo Corpo de Bombeiros durante vistorias realizadas em edifícios e locais de aglomeração de público na capital maranhense. Nessas atividades, foram encontradas irregularidades que comprometiam a segurança dos frequentadores desses espaços.

A fiscalização é realizada rotineiramente pelo Grupamento de Atividades Técnicas (GAT) da corporação. Os dados mostram que foram feitas 556 notificações pelo grupamento em São Luís. Em todo o ano passado, as estatísticas mostram que foram 2.818 notificações feitas pelo órgão.

As inspeções são feitas diariamente em prédios residenciais, comerciais e industriais, além de outros estabelecimentos onde há aglomeração de público, como escolas, hospitais, casas de eventos, bares, restaurantes, entre outros.

Durante as inspeções, foi constatada principalmente a falta de extintores de incêndios, hidrantes e sinalização de segurança. Tal situação é encontradas principalmente nos condomínios residenciais mais antigos, contudo, nos prédios mais novos também foram identificados problemas semelhantes durante as fiscalizações.

Nos espaços em que foram encontradas as pendências, foi dado prazo que variava de 30 a 120 dias, dependendo de cada situação, para que as irregularidades fossem solucionadas. Além disso, foram expedidas multas para os espaços onde foram detectados os problemas mais graves ou uma situação reincidente. As multas variavam de R$ 118,00 a R$ 1.180,00, dependendo da situação encontrada.

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