Alerta

Alimentos preparados na rua têm maior índice de contaminação

Falta de cuidados com o preparo, manuseio e acondicionamento provoca a contaminação por bactérias, como Salmonella, Escherichia coli patogênica e Clostridium perfringens, que causam vômito, diarreia me outros sintomas e podem levar à morte

Gisele Carvalho / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58

Alimentos comercializados nas ruas, como guaraná da Amazônia e churrasquinho, são os que apresentam maior índice de contaminação em São Luís, segundo a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Sanitária Municipal. Preparados em contato com agentes externos, os produtos podem oferecer riscos para a saúde dos consumidores, que geralmente desconsideram as condições em que estão sendo comercializadas.

Quando bate a fome em meio à correria do dia a dia, muitas pessoas optam por um lanche rápido para não perder tempo. A primeira banquinha na rua onde a comida pareça mais apetitosa serve. E, em São Luís, as opções não são poucas. Em regiões como o Centro, por onde passam milhares de pessoas diariamente, as bancas de vendedores ambulantes se proliferaram de forma que a impressão que se dá é de que há uma banca em cada esquina.

A decisão que pode parecer inocente pode ter consequências graves para quem não tem o mínino cuidado na hora de escolher o que irá comer: contrair uma doença transmitida por alimentos. Mais comumente conhecidas como DTA, é causada pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados. Segundo o Ministério da Saúde, existem mais de 250 tipos de DTA listadas e a maioria são infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e parasitas.

Contaminação – De acordo com a coordenadora de Vigilância Sanitária, Zilmar Pinheiro Rodrigues, os alimentos com maior índice de contaminação são aqueles preparados nas ruas como o guaraná da Amazônia, churrasquinho e café da manhã, entre outros. Quando comercializados nas ruas, geralmente, os alimentos não oferecem condições mínimas de segurança para o consumidor.

“Quando preparados nas bancas, geralmente, os ambulantes não têm o aparelho adequado para manter a higiene. No caso do guaraná da Amazônia, os vendedores não têm onde lavar o copo e ele vai sendo reutilizado várias vezes ou eles lavam mal com um pouco de água. O churrasquinho também deve ser mantido em uma caixa térmica, mas nem sempre isso acontece. E o café da manhã também está geralmente exposto aos agentes externos, como poeira”, ressaltou a coordenadora.

As bancas de vendedores ambulantes não recebem licenciamento da Vigilância Sanitária para funcionar. Mas, regularmente, os vendedores identificados passam por cursos de capacitação sobre segurança alimentar. Para os consumidores, a recomendação é observar as condições de higiene em que esses produtos estão sendo oferecidos (bancada onde estão dispostos, o uso de luvas e cabelos presos pela pessoa que os manuseia, etc).

Ainda de acordo com Zilmar Pinheiro Rodrigues, depois dos alimentos preparados e comercializados nas ruas, os vendidos em restaurantes self service também têm um alto índice de contaminação. “Esses alimentos começam a ser preparados de manhã e são expostos por volta das 11h aos consumidores. Após quatro horas, há um risco de contaminação com a proliferação de bactérias. Alguns consumidores também usam a concha de um alimento para montar todo o prato, o que causa contaminação cruzada. Outros espirram. São várias situações a que os alimentos estão expostos”, disse.

Fiscalização - Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a maioria das doenças transmitidas por alimentos no Brasil são causadas pela Salmonella, Escherichia coli patogênica e Clostridium perfringens, pelas toxinas do Staphylococcus aureus e Bacillus cereus.

Os sintomas mais comuns para as doenças transmitidas por alimentos são falta de apetite, náuseas, vômitos, diarréia, dores abdominais e febre (dependendo do agente etiológico). Podem ocorrer também afecções extra-intestinais em diferentes órgãos e sistemas como no fígado (Hepatite A), terminações nervosas periféricas (Botulismo), má formação congênita (Toxoplasmose) dentre outros.

Para evitar casos como esses, a Vigilância Sanitária atua na área de alimentos fiscalizando e orientando açougues, feiras e mercados, vendedores ambulantes supermercados, mercearias, panificadoras, lanchonetes restaurantes, bares e pizzarias. A Vigilância já vistoriou 961 estabelecimentos neste ano em São Luís. Em 13 foram constatadas irregularidades. Dentre os estabelecimentos, supermercados, casas de festas e eventos e restaurantes.

De acordo com a Lei 6.437/77, as infrações sanitárias podem ser punidas com advertência, multa, apreensão de produto, inutilização de produto, interdição de produto, suspensão de vendas e/ou fabricação de produto, cancelamento de registro de produto, interdição parcial ou total do estabelecimento, proibição de propaganda, cancelamento de autorização para funcionamento da empresa e cancelamento do alvará de licenciamento de estabelecimento.

MAIONESE CASEIRA TEM GRANDE RISCO DE CONTAMINAÇÃO

Segundo a coordenadora de Vigilância Sanitária, Zilmar Pinheiro Rodrigues, um dos pontos de destaque nas vistorias realizadas é a oferta de maionese caseira aos consumidores. Com uma ampla aceitação dos consumidores para deixar os pratos mais gostosos, a maionese caseira tem um grande risco de contaminação.

De acordo com a coordenadora, a maionese tem um potencial de fermentação maior pelo ovo não ser pasteurizado. Os ovos crus ou mal preparados são uma grande fonte de contaminação de uma bactéria conhecida como Salmonella que causa a salmonelose. A infecção intestinal dura geralmente de quatro a sete dias. Crianças, gestantes, idosos e pessoas com baixa imunidade são mais propensas a formas graves da doença, quando há passagem da infecção para o sangue ou para outros órgãos do corpo, o que pode levar à morte se não for tratada prontamente com antibióticos adequados.

Para os que não dispensam o molho, há também orientação: “Além de transmitir a salmonella, a maionese pode apresentar outros microorganismos que aceleram o processo de fermentação. A orientação é consumir apenas a maionese em sachê, que passou por todos os procedimentos de segurança ao ser produzida e é segura”, recomendou Zilmar Pinheiro Rodrigues.

MAIS

Além da área de alimentos, a Vigilância também atua fiscalizando as áreas de:

Produtos: drogarias e farmácias, dedetizadoras, estabelecimentos que comercializam cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal, correlatos.

Saúde: consultórios odontológicos, clínicas médicas sem internação, salões de beleza e barbearias, óticas, academias de ginásticas, lavanderias comerciais

Engenharia sanitária: escolas de ensino, hotéis, motéis, pousadas, clubes e associações recreativas

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