Grave denúncia

Entenda o caso que resultou no afastamento de Zanony Passos

Zanony Passos é alvo de denúncia de extorsão formalizada no CNMP pelo presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor.

Ipolítica

Zanony Passos está afastado de suas funções por causa das graves denúncias (Reprodução)

SÃO LUÍS - Alvo de um processo administrativo disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e que pode resultar na abertura de um processo administrativo disciplinar (PAD), o promotor de Justiça Zanony Passos Filho enfrenta graves acusações. 

O caso de Zanony envolve ações do Ministério Público contra vereadores, especificamente o presidente da Câmara Municipal de São Luís, Paulo Victor (PSB), que foi quem tornou pública a denúncia da suposta extorsão investigada pelo CNMP.

Paulo Victor apresentou no Plenário da Câmara prints de conversas que manteve com o promotor ao longo de meses, nas quais constam as cobranças por efetivação de cargos, ameaças e provas, segundo o vereador, de manipulação de ações lideradas por Zanony. 

Os prints, segundo Paulo Victor, foram colocadas à disposição do Tribunal de Justiça (TJMA), da Procuradoria Geral de Justiça do Maranhão (PGJ) e do CNMP.

De acordo com o vereador, antes da situação se agravar com a ameaça de buscas e apreensões feitas contra parlamentares, ele ainda chegou a efetivar a nomeação de dois indicados pelo promotor na Câmara.

Ocorre que depois de Paulo Victor ter feito a exoneração dos dois indicados de Zanony,  o promotor passou a ligar insistentemente para o parlamentar e para o seu gabinete, como consta a denúncia, fazendo cobranças a respeito dos cargos e dos compromissos financeiros que havia firmado, diante da garantia de recursos que receberia do Legislativo Municipal.

Foi o que fez com que Paulo Victor apresentasse a denúncia na Câmara Municipal. O caso ganhou forte repercussão na imprensa e abalou a imagem do Ministério Público do Maranhão.

Rechaçou

Na ocasião do imbróglio, em dezembro de 2023, por meio de nota, a defesa do promotor rechaçou as acusações levantadas pelo presidente da Câmara de São Luís.

O Ministério Público do Maranhão também divulgou nota de esclarecimento na ocasião e questionou a veracidade das denúncias de Paulo Victor. 

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Na nota, o Ministério Público diz ter recebido com preocupação o fato de Paulo Victor ter admitido a nomeação de indicados pelo promotor para encerrar investigações e de ter nomeado pessoas que não exerciam atividades na Casa.

“Tendo em vista as declarações feitas no dia 04/12/2023, pelo presidente da Câmara Municipal de São Luís, Paulo Victor Melo Duarte, durante a Sessão Ordinária no Parlamento Municipal, o Ministério Público do Estado do Maranhão vem informar: O vereador noticiou ter sofrido extorsão por um Promotor de Justiça que teria lhe solicitado valores em dinheiro e cargos públicos para pessoas por ele indicadas, em troca de cessar investigações em desfavor de vereadores de São Luís. Além disso, declarou que teve acesso a decisão judicial sigilosa em que figura no polo passivo como alvo de medidas de busca e apreensão e prisão requeridas pelo Ministério Público”.

O MP também chegou a afirmar na nota que Zanony não atuava em investigações contra o presidente do Legislativo Municipal. 

“Em relação à conduta imputada a membro desta instituição, importa dizer que o Ministério Público zela pela legalidade, moralidade e probidade, razão pela qual já estão sendo adotadas as providências para apuração nas searas administrativa, cível e criminal. Convém esclarecer que, embora a fala do Presidente da Câmara Municipal tenha buscado relacionar a conduta do Promotor de Justiça à Operação Véu de Maquiavel, deflagrada em 10/08/2023, no bojo de investigação criminal presidida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas – GAECO, não existe qualquer conexão entre tais fatos, uma vez que o procedimento investigatório criminal conduzido pelo GAECO não foi originado a pedido do Promotor de Justiça, assim como não há qualquer participação deste no curso da investigação”.

“A atribuição do Promotor de Justiça apontado pelo presidente da Câmara Municipal está relacionada à apuração de atos de improbidade no âmbito da sua Promotoria, já o GAECO atua na investigação de organizações criminosas, tratando-se, portanto, de atuações distintas e independentes. Surpreende que o denunciante tenha afirmado que a relação com o Promotor de Justiça teve início quando assumiu o cargo de Secretário Estadual de Cultura, contudo somente agora esteja dando conhecimento às instituições responsáveis por apurar a conduta”.

Novo episódio

Zanony depois disso foi afastado pelo CNMP e agora teve em seu desfavor voto do corregedor nacional Angelo Farias da Costa, pela abertura de um processo administrativo disciplinar (PAD).

No despacho, ele também sugere que o colegiado afaste o membro do MP maranhense por mais 180 dias (duas penas de 90 dias) e não descarta até mesmo a perda do cargo, condicionada a possível interposição de ação penal pela Procurador Geral de Justiça do Maranhão (PGJ-MA).

O promotor ainda não se posicionou a respeito do fato novo referente ao caso. 

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