Alunos do Brasil Alfabetizado não aprendem

O Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h11

BRASÍLIA - Avaliação realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) concluiu que a maioria dos jovens e adultos atendidos pelo Sesi no programa Brasil Alfabetizado, em 2005, terminou o curso incapaz de compreender textos curtos e até mesmo com dificuldades para distinguir letras, números, desenhos e símbolos. Ou seja, os alunos continuavam analfabetos funcionais. Por outro lado, 88% aprenderam a reconhecer o próprio nome e 70%, a identificar as letras.

"A avaliação mostrou que eles dominavam um conjunto de competências de linguagens e códigos. Isso é suficiente para vida? Não. Eles são analfabetos funcionais? São!", disse a gerente-executiva de Educação do Sesi, Mariana Raposo.

O Sesi é o maior parceiro do Ministério da Educação no Brasil Alfabetizado. O programa federal já repassou para entidades como o Sesi, ONGs, estados e municípios mais de R$700 milhões desde 2003, quando foi lançado para erradicar o analfabetismo no país. Conforme o GLOBO mostrou no domingo, a verba era suficiente para atender 7,1 milhões de alunos, mas não houve queda significa na taxa de analfabetismo. Em 2005, 11,05% da população acima de 15 anos não sabia ler nem escrever, o equivalente a 14,9 milhões, segundo o IBGE. Em 2000, eram 13,6%.

Coordenada pela Unesco, a prova foi aplicada em 11,5 mil alunos do Sesi em todo o país. A amostra é representativa do universo de 250 mil jovens e adultos que terminaram o curso. Outros 50 mil abandonaram antes do fim, o que revela uma evasão de 16%. Foram avaliadas 25 habilidades. Em 14 delas, mais de 50% obtiveram bons resultados. Em 11, foi o inverso.

A análise do desempenho revela que apenas 22,9% dos alunos conseguiram diferenciar frases de palavras, demonstrando compreender seu papel dentro de um texto. Outros 29,2% aprenderam a distinguir letras de números, desenhos e símbolos, enquanto 27,2% eram capazes de reconhecer sílabas diferentes. Dito de outra forma: sete em cada dez erraram as questões relacionadas a essas habilidades.

O melhor desempenho foi demonstrado na hora de reconhecer o próprio nome, com 88% dos alunos tendo acertado as respostas. O teste mostrou resultados aparentemente contraditórios. Enquanto apenas 39% demonstraram a capacidade de usar o que leram para resolver problemas do dia-a-dia e 44,6% souberam identificar o assunto de textos curtos, 68,3% conseguiram entender textos literários e 67,6% tiveram sucesso em buscar informações em listas telefônicas ou classificados.

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