SÃO PAULO - Cientistas americanos estão decodificando o mecanismo cerebral responsável pela antecipação de ações. Testes feitos com macacos revelam que os neurônios de uma área conhecida como V4 tendem a aumentar sua atividade sempre que os primatas executam alguma atividade já bem conhecida. Esse processo foi analisado por um grupo de neurologistas da Faculdade de Medicina de Baylor, em Houston, nos EUA, ajudando a explicar por que a prática leva à perfeição.
"A atividade dos neurônios aumenta quanto o evento é provável e diminui quando é improvável", explicou Dr. Geoffrey M. Ghose, um dos autores do trabalho e professor assistente de neurologia na Baylor. O trabalho está sendo publicado no número mais recente da revista "Nature".
Os pesquisadores descobriram que os neurônios da chamada área V4 do córtex visual, a parte do cérebro responsável pela visão, ficam mais ativos quando é possível prever a ocorrência de um evento. Ao ligar o carro, por exemplo, muitas vezes estamos pensando já na etapa de engatar a marcha e colocar o veículo em movimento. É nesta etapa de prever o passo seguinte dentro uma seqüência de movimentos já decorada que a área V4 atua.
Os pesquisadores de Baylor treinaram dois macacos para prestar atenção em mudanças em um local específico de uma tela. Muitas variações foram testadas, mas sempre respeitando a mesma ordem para marcar a probabilidade. Eles eram recompensados com suco se puxassem uma alavanca quando mudanças específicas aconteciam.
A atividade dos neurônios no córtex visual dos animais foi medida durante a experiência. Os resultados mostraram que, depois de um tempo, os macacos, baseando-se no que viam, desenvolviam expectativas sobre o que poderia ocorrer em seguida. Antes de qualquer mudança, eles apresentavam a alteração no nível de atividade neurológica nessa região.
Segundo o Dr. Geoffrey, isso mostra que, quando praticamos uma ação, o cérebro está se preparando para o evento que pode ocorrer em seguida.
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