Todos os clones seriam geneticamente anormais, dizem cientistas nos EUA

CNN

Atualizada em 27/03/2022 às 15h30

WASHINGTON -- Ratos clonados teriam centenas de genes anormais, o que explicaria por que tantos animais clonados morrem ao nascer ou mesmo antes disso e prova que seria irresponsabilidade clonar um ser humano, de acordo com cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.

A clonagem gera mutações genéticas e parece não haver uma forma imediata para evitar o problema, disseram o Dr. Rudolf Jaenisch e sua equipe.

"Acho que isso confirma suspeitas que sempre tive e que muitos outros já tiveram. Clonar é um método muito ineficiente neste momento. É muito irresponsável pensar que esse método pode ser usado para a clonagem reprodutiva de humanos", afirmou o cientista.

Mesmo antes de a ovelha Dolly tornar-se o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta, em 1997, os pesquisadores já sabiam que a clonagem é uma tarefa difícil.

O método mais comum de clonagem é chamado de transferência nuclear e envolve retirar o núcleo da célula de um óvulo, substituindo-o pelo núcleo de uma célula de um animal a ser clonado e, em seguida, "reprogramar" a criação para que o ovo comece a se dividir como se tivesse sido fertilizado pelo esperma.

Apenas um óvulo entre várias centenas começa a se dividir. Destes, somente uma pequena porcentagem resulta em gravidezes. Muitos dos animais que sobrevivem ao nascimento morrem logo depois, ou desenvolvem anormalidades no pulmão, no fígado e em outros órgãos.

O Dr. Jaenisch e sua equipe, trabalhando em conjunto com o Dr. Ryuzo Yanagimachi, da Universidade do Havaí, o primeiro a clonar ratos, produziu dezenas de ratos clonados e então observou a atividade de 10 mil genes usando um chip de gene.

Escrevendo na edição desta semana da publicação Proceedings of the National Academy of Sciences, eles observaram a maioria das placentas dos ratos recém-nascidos, há muito consideradas a fonte do problema, mas também prestaram atenção nos fígados de alguns dos clones.

Chip de gene mostra genes anormais

Eles descobriram muitas anormalidades genéticas. O padrão era tão claro que eles podiam distinguir os ratos normais dos clonados apenas olhando os resultados do estudo com o chip do gene.

"Não há razão no mundo para assumir que seria diferente com algum outro mamífero, incluindo os humanos", disse o Dr. Jaenisch.

O especialista acrescentou que a descoberta deve convencer qualquer um que duvidasse do perigo de tentar clonar um humano, referindo-se a um recente debate que manteve com outros especialistas em clonagem e três cientistas que disseram estar planejando clonar bebês humanos para ajudar casais inférteis.

A questão foi debatida no Congresso dos Estados Unidos, onde projetos de lei proibiriam tentativas de clonar um ser humano e outros tornariam ilegal o uso da tecnologia da clonagem em seres humanos.

Diversos pesquisadores já disseram que os clones que produziram, como vacas, ovelhas e porcos, são normais e saudáveis se chegam a nascer.

O Dr. Jaenisch acredita que as anormalidades genéticas serão descobertas em todos os clones, mesmo nesses que aparentam ser normais. Simplesmente, segundo ele, algumas das anormalidades não são fatais.

Muitos dos problemas que a equipe descobriu foram nos chamados "genes impressos", envolvidos no desenvolvimento do embrião. No processo de "impressão", apenas as cópias de um gene que um bebê recebe de seu pai são "ligadas".

"Quase 50 por cento desses genes se manifestaram incorretamente", disse Jaenisch.

Isso pode significar que a chamada clonagem terapêutica, que usa a técnica para produzir células humanas para uso em tratamentos médicos, poderia ser segura, segundo ele, já que na clonagem terapêutica não se forma um embrião.

"Na clonagem, a maioria, senão todos os problemas, surge durante o desenvolvimento embrionário", explicou.

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