IMPERATRIZ – Após receber nessa semana a nova certidão de óbito do avô, o líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, onde constava morte por desnutrição e anemia, agora o documento diz que o líder foi morto por tortura, Epaminondas de Oliveira Neto voltou a Porto Franco, município a 97 km de Imperatriz, com muita determinação. Ele retornou para entregar no cartório uma cópia do documento a ser anexado aos laudos já colhidos do processo de investigação da morte de Epaminondas durante a Ditadura Militar.
Epaminondas Neto, com sorriso no rosto e sempre confiante, explicou que para conseguir essas mudanças no documento, participou de um processo bastante demorado, mas foi um grande avanço nas investigações feitas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). “Tudo começou quando eu decidir entrar para a polícia, pois eu já tinha em mente iniciar uma investigação sobre a morte do meu avô. Várias pessoas me ajudaram e, ao entrar na polícia eu pedir para ser transferido para o Instituto Médico Legal (IML), em São Luís”, ressalta.
O neto agradeceu imensamente o apoio recebido de diversas autoridades para a conquista, após todo sofirmento que ele considera como um dano irreparável para toda sociedade e principalmente para familiares.
“Foi um grande grande marco, um avanço para esclarecer graves violações de direitos humanos. Temos de agradecer a advogada Alessandra Belfort, com parecer favorável do Ministério Público na pessoa da promotora de Justiça Ana Cláudia Cruz dos Anjos, ao assessor Glauco Medeiros, com decisão e mandado assinado pelo juiz de direito Antônio Donizete Aranha Baleeiro, também, a Secretaria Judicial Djanira Bastos, e ainda ao juiz de direito da Vara de registros publicos do Distrito Federal Ricardo Norio Daitoku e tantas outras pessoas”, agradeceu Epaminondas Neto.
O neto destacou, também, que com o caso já em andamento a presidente Dilma Rousself criou a Comissão Nacional da Verdade (CNV), e o processo teve um andamento maior. Porque as mudanças no documento? Epaminondas Gomes de Oliveira foi líder camponês no sul do Maranhão, era ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), e foi preso em agosto de 1971, quando atuava no Pará.
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Ele foi levado para a Polícia da Aeronáutica, também conhecido por Pelotão de Investigações Criminais (PIC), em Brasília. Ali foi torturado e morreu, em 20 de agosto. Mas a versão oficial do Exército, e informada aos familiares à época, foi que Epaminondas morreu de coma anêmico choque desnutrição anêmica.
Depois de um período, a Justiça do Maranhão autorizou a família que a alteração da morte que consta na certidão de óbito. Nesse período foi quando a Comissão Nacional da Verdade exumou o cadáver, que estava enterrado em Brasília e entregou a família de Epaminondas.
Após a entrega dos restos mortais os familiares decidiram enterrá-lo ao lado da sua esposa no cemitério Jardim da Saudade, em Porto Franco.
Primeira visita no cemitério
Nessa sexta-feira (23), Epaminondas Neto e seu irmão visitaram pela primeira vez o cemitério em que o seu avô foi enterrado após a exumação do corpo e, contou vitória com a nova certidão de óbito do líder camponês Epaminondas. “Foi uma vitória enorme, pois ocorreu um avanço enorme nas investigações, não apenas do meu avô, mas também de vários outros familiares que tentam comprovar a morte verdadeira na época da ditadura”, finaliza Epaminondas Neto.
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