IMPERATRIZ - A Comissão Nacional da Verdade (CNV) considera o caso da morte do líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, morto em 20 de agosto de 1971, quando estava sob custódia do Exército, prioridade, devido ao histórico de tortura e morte e, também, pelo o fato do corpo não ter sido entregue aos parentes, um desrespeito à lei dos Direitos Humanos.
Epaminondas de Oliveira, filho do líder político lembra bem o momento em que foi obrigada a levar os representantes do exército até o seu pai que estava trabalhando no garimpo. “Eles chegaram aqui e disseram que eu tinha que mostrar o meu pai. Eles me levaram, depois trouxeram, sempre me coagindo e foi a última vez que vi o meu pai. Nós já sabíamos que ele seria morto, ele disse vai que vou embora e não sei se ainda volto”, lembrou emocionado.
O filho de Epaminondas disse, ainda, que em 1971 chegou um homem pedindo trabalho e hospedagem em sua casa. “Minha esposa fez almoço, ele ajudou a fazer parede de palha e quando cheguei em Imperatriz a primeira pessoa que vir foi ele, era da Polícia Federal”, recordou.
A família muitos anos sofreu preconceito e desprezo por parte da sociedade como bem relata, muito emocionada, a filha de Epaminondas, Ana Beatriz. “A lembrança que meu pai sofreu me dói muito e de saber o quanto fomos humilhados, principalmente, eu e minha filha, éramos chamados de filhos de terroristas, quando chegava a uma roda de pessoas todos saiam. Meu pai sempre ajudou e o fez o bem para as pessoas”, destacou.
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A declaração de óbito emitida pelo Exército, em 1971, informou que o motivo da morte de Epaminondas foi anemia e desnutrição, porém a família acredita que o líder camponês tenha morrido sob tortura. “Este laudo eles poderiam colocar qualquer coisa, mas o que mais intriga é questão do choque, porque não é só um diagnóstico. Sabemos que ele foi torturado, com choque elétrico, bateram nele”, afirmou o neto de Epaminondas, Emanuel Oliveira.
De acordo com o coordenador do grupo da CNV, Daniel Josef Lerner, o desejo da família é de fazer o sepultamento dos restos mortais de Epaminondas. “Querem sepultar junto com a viúva, e se for confirmado a identidade dele isso será possível. As chances de comprovação do DNA fica entre 40 e 50% de chances, porém outros fatores podem contribuir o formato do crânio, da arcaria dentária, o tempo de sepultamento, existem um conjunto de elementos que permitem que o perito afirme a identificação”, explicou.
O prazo previsto para apresentação do relatório é maio de 2014, mas segundo Daniel Lerner, esse prazo pode ser prorrogado por mais seis meses.
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