SÃO LUÍS - O mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, é eminentemente doméstico. Portanto, se há um aumento no registro da doença, é porque existem focos em residências que devem ser evitados para diminuir esse índice. Tendo isso em vista, o mutirão de combate à doença, que está sendo realizado pela Secretária de Saúde do Estado (SES), em parceria com o Corpo de Bombeiros, o Exército Brasileiro e a Prefeitura de São Luís, está trabalhando não só com a ação de carros fumacê, mas também com a visita de agentes de controle de endemias em residências, além da conscientização por meio de panfletos e carros de som.
“A atividade fundamental no nosso trabalho está sendo a visita de casa em casa, para acabar com os focos larvários em toda a cidade. Esse trabalho só poderá ser efetivo com a participação de moradores, colaborando principalmente com a limpeza das residências”, explicou Henrique Jorge dos Santos, superintendente de epidemiologia e controle de doenças. O mutirão foi iniciado por causa de dados alarmantes da doença. Este ano, o Maranhão registrou, nos primeiros meses, um aumento de 384,4% em relação ao mesmo período de 2010. Só em São Luís, esse aumento foi de 648,2%. No ano passado, a cidade registrou 58 casos nos primeiros meses. Este ano, já foram notificados 434.
Um dos maiores problemas encontrados pelos agentes de controle de endemias, que fazem o trabalho de combate à doença dentro das casas, é a proibição de acesso por muitos proprietários. “Nos bairros de classe mais alta, é grande a dificuldade para entrar nas casas. Normalmente, esbarramos na recusa do morador. Muitos deles têm receio até por questões de segurança, ou por achar que porque a casa não tem tanque não está suscetível a ter foco da doença”, relatou Luís Bispo Campos, agente de saúde e de controle de endemias. “O que muitas dessas pessoas não sabem é que os mais diversos locais da casa podem servir de criadouro do mosquito da dengue, não precisa necessariamente ser um tanque”, complementou.
Foco
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Enquanto O Estado acompanhava o grupo de agentes em suas visitas, foi encontrado um foco de mosquitos: uma bromélia de um jardim. “Essas plantas são muito perigosas, pois muitas pessoas desconhecem o fato de que elas podem servir de local de reprodução para o mosquito, pelo simples fato de acumularem água”, esclareceu Luís Bispo Campos. Nesse caso, a equipe diluiu “diflubenzuron” na água acumulada. O produto atua na formação do mosquito, não permitindo que ele tenha capacidade de se reproduzir. “Quando encontramos um local com larvas do mosquito, aplicamos o diflubenzuron. Assim, evitamos o problema ainda na fase larval”, destacou.
O superintendente de epidemiologia Henrique Jorge dos Santos ressaltou que um simples foco do mosquito pode acarretar transmissão da doença para várias pessoas. “O mosquito só sobrevive em recipientes artificiais, por isso, não vemos focos da doença em lagos, poças, açudes, nem nada parecido. Um foco de 1% em um bairro representa risco para todas as pessoas que moram ou transitam pelo local. Agora, imagina se esse foco estiver em um shopping, por exemplo, que diariamente recebe centenas de pessoas. Por isso, as pessoas devem ter mais consciência e trabalhar com medidas preventivas em casa”, ressaltou.
“As pessoas devem manter os reservatórios de água fechados, colocar areia nos pratos dos vasos de plantas, acondicionar bem o lixo doméstico e protegê-lo da chuva, e não deixar nada que possa acumular água, servindo de local de reprodução para o mosquito. Seguindo essas recomendações, elas estarão contribuindo enormemente para a redução dos índices da doença”, explicou o agente Luís Bispo Campos.
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