Campeonato

Estudantes indígenas de Grajaú vencem competição de foguetes

Eles saíram vitoriosos na Jornada de Foguetes, por meio do Projeto de Extensão “Astronomia no Sertão”, da UFMA.

Imirante, com informações da UFMA

Nove estudantes da etnia Guajajara da Terra Indígena Bacurizinho participaram do evento. (Foto: Divulgação/Astronomia no Sertão)

GRAJAÚ - Estudantes das escolas indígenas Y’yzar Lorena e Tamarinda venceram a Jornada de Foguetes, por meio do Projeto de Extensão “Astronomia no Sertão”, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), câmpus Grajaú, em parceria com o Instituto Federal do Maranhão (IFMA), câmpus Grajaú. A competição ocorreu entre os dias 4 e 7 de novembro. A Jornada de Foguetes é a maior competição científica do país e tem a participação de estudantes de todo o Brasil.

Nove estudantes da etnia Guajajara da Terra Indígena Bacurizinho participaram do evento, fruto dos resultados obtidos na Mostra Brasileira de Foguetes (MogFog) realizada em maio na Aldeia Arymy, pelo Projeto Astronomia no Sertão, que tem a coordenação dos professores Daniely Gaspar, da UFMA, e Genilson Martins, do IFMA. A MogFog ainda contou com a participação do estudante de Ciências Naturais Química Danilo Guajajara, discente da Universidade Federal do Maranhão.

Segundo Daniely Gaspar, a conquista do campeonato é resultado da educação inclusiva e transformadora da Universidade. “A conquista do campeonato da Jornada de Foguetes mostra o fortalecimento da conexão entre academia e sociedade. A Universidade é mais que um espaço de produção de conhecimento, é também um agente importante para a democratização desse conhecimento, e essa conquista vem mostrar que, por meio de seus projetos de extensão, a UFMA está engajada na promoção de uma educação inclusiva e transformadora em nosso estado”, pontuou.

Os estudantes passaram por vários desafios para conseguir participar da competição de foguetes. (Foto: Divulgação/Astronomia no Sertão)

O Projeto de Extensão Astronomia no Sertão tem como intuito transmitir o conhecimento científico para áreas mais remotas como: povoados e comunidades tradicionais, população que tradicionalmente tem menos acesso a essas oportunidades. O projeto realiza ações de divulgação científica, que, além de proporcionar aos jovens o acesso à tecnologia, demostra que a ciência pode transformar e melhorar suas vidas. 

O céu é o limite

Os estudantes, que passaram por vários desafios para conseguir participar da competição de foguetes, inclusive, chegaram a desistir da disputa, superaram os obstáculos e conseguiram o 1° lugar da Jornada de Foguetes.

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Uma conquista que ficará marcada na história, já que foi a primeira equipe indígena a participar e vencer a competição. A trajetória desses estudantes reforça a importância do ambiente educacional na vida dos indivíduos. Na cerimônia de premiação, a equipe ainda demostrou um pouco da sua cultura, fortalecendo a diversidade cultural de nosso país.

É visível que a educação pode superar os obstáculos do cotidiano. Diante disso, Daniely Gaspar manifesta o orgulho pela conquista da equipe. “Os alunos indígenas foram destaque. Além de serem campeões, ainda alcançaram o feito de estar no top 10 dos melhores alcances da competição, um grande feito, tendo em vista que foi a primeira participação deles em uma competição. Estavam competindo com alunos inclusive de escolas particulares com maiores recursos, o que é motivo de muito orgulho, mostrando que a educação e o conhecimento superam barreiras”, destacou.

Mayara Guajajara, integrante da equipe, conta sobre sua experiência e a expectativa para continuar os estudos na área. “Estou aprendendo mais na Astronomia no Sertão, a gente aprendeu, e eles ensinaram várias coisas que estamos desenvolvendo ainda. A gente vai continuar estudando e vai se desenvolver mais ainda. Eu gosto de aprender coisas novas”, expressou.

Além do prêmio 

Historicamente, os povos indígenas enfrentam diversos obstáculos para a sobrevivência e até mesmo para alcançar oportunidades. O Brasil é um país com uma ampla diversidade cultural, mesmo diante dessa realidade, os povos originários vivenciam problemáticas que existem desde a antiguidade: o preconceito, a discriminação social, violação dos seus direitos, falta de acesso a recursos públicos entre outros. Nesse contexto, a vitória da equipe Guajajara não representa apenas ganhar um prêmio, representa vencer os paradigmas inseridos pela sociedade que discrimina a cultura e a vida dos nativos brasileiros.

Nesse sentido, Mayara Guajajara ressalta a importância da aplicação do projeto nas aldeias, uma ação que possibilita oportunidades para os indígenas. “Foi o professor ter levado esse curso até a nossa aldeia e esse curso levou a gente para longe, que foi o Rio de Janeiro, lá que a gente lançou nossos primeiros foguetes, e a gente foi campeã de primeira fase. E estamos torcendo para que outras aldeias tenham oportunidades de conhecer mais, porque os indígenas são difíceis de ter oportunidades para viajar, para conhecer outros lugares”, finalizou.

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