Alerta

Depressão aumenta em 26 vezes a chance de suicídio

De 70 a 80% das pessoas com depressão tentam suicídio.

Alan Milhomem e Rhaysa Novakoski / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h42
Em 2014, 10 mil pessoas se suicidaram no Brasil. (Foto: Reprodução)

IMPERATRIZ – O estilo de vida atual, a correria do dia a dia, o trabalho, as cobranças, a alimentação e as mudanças bruscas têm provocado diversas reações no ser humano, entre elas o desenvolvimento de várias doenças, como a depressão, enfermidade grave e que aumenta em 26 vezes a possibilidade de uma pessoa tentar suicídio.

Segundo o médico psiquiatra João Eli, que tem mais de 30 anos de experiência, de 70 a 80% das pessoas com depressão tentam suicídio. De acordo com o especialista, 10 mil pessoas se suicidaram no Brasil em 2014. No mundo, foram um milhão de suicídios. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, até 2022, haverá um acréscimo de 40 a 50% nos casos de suicídio em todo o planeta.

“Isso acontece porque a pessoa sente uma dor é tão grande, tão grande que ela não suporta, mas ela não quer morrer, ela quer acabar com essa dor, só que ela acaba indo junto. A depressão aumenta em 26 vezes a possibilidade de uma pessoa tentar suicídio, portanto é uma situação extremamente grave, pois a pior consequência da depressão é o suicídio”, afirma o psiquiatra João Eli.

O médico alerta para a necessidade de intervenções constantes para acabar com o preconceito sobre a doença, pois, segundo ele, a principal forma de prevenir a depressão é a informação sobre a doença e, em segundo lugar, é retirar o preconceito e encarar a depressão como uma doença que precisa ser tratada.

"Para se ter uma ideia, de 20 a 25% da população mundial está sujeita a ter depressão".
Psiquiatra João Eli.
“A depressão é uma doença muito comum. Para se ter uma ideia, de 20 a 25% da população mundial está sujeita a ter depressão. Então, essa é uma patologia extremamente prevalente. Isto tem uma importância muito grande, porque ela gera um prejuízo tanto pessoal quanto profissional, porque a pessoa deixa de trabalhar, inibe a pessoa, tira a vontade da pessoa de participar da vida social. Isso gera um prejuízo para a pessoa, para a família e para o país”, alerta o médico.

De acordo com o psiquiatra, a depressão é uma doença que não respeita sexo, idade, condição social ou condição econômica, todos podem ter a enfermidade. “Acomete ricos, pobres, mulheres, homens, adultos, crianças. O único detalhe é que acomete mais o sexo feminino, em uma proporção de três para uma, ou seja, para cada três mulheres com depressão há um homem com a doença”, destaca João Eli.

O principal sintoma, segundo o médico, é o humor triste, mas a tristeza não é uma doença. “Todos nós estamos sujeitos a ter tristeza, isso faz parte da vida. Junto essa tristeza vem um vazio interior e isso aí que é o principal sintoma da depressão. Com esse vazio interno a pessoa se sente como se não fosse nada, ela fica incapaz de gerenciar toda e qualquer situação. Esse vazio gerar uma dor imensa”, completa.

Em 2014, 10 mil pessoas se suicidaram no Brasil. (Foto: Reprodução)

As causas da depressão, segundo os especialistas, são de 60% para a fundamentação genética e os outros 40% são relacionadas a situações pessoais junto ao ambiente, ou seja, “60% é genética e os outros 40% é o ambiente e a forma da pessoa viver nesse mundo e com os outros. Esse conjunto modifica os genes que vão determinar a formação do quadro depressivo ou doença depressiva”, explica João Eli.

O médico disse que as pessoas devem ficar atentas se parentes, amigos ou colegas de trabalho, que tinham uma vida normal e, subitamente, começam a deixar a vida social, familiar e o trabalho. Se a pessoa passar a ficar calada, estranha, diferente, ela pode estar com depressão e deve procurar ajuda especializada.

"De 70 a 80% das pessoas com depressão tentam suicídio".
Psiquiatra João Eli
Com relação ao tratamento, o psiquiatra disse que, primeiro, é preciso saber se é depressão grave, gravíssima, leve ou moderada. Depois desse diagnóstico, são receitados os antidepressivos, que são medicamentos específicos para tratar a depressão. Aliando a isso, também é feito o trabalho de psicoterapias. “Aliando-se antidepressivos, psicoterapias em um tratamento que é sempre a médio e longo prazo, o resultado quase sempre é muito feliz”, garante.

Outro passo importante, segundo o psiquiatra João Eli, é vencer o preconceito que as pessoas têm sobre a doença. Ele ressalta que muitas pessoas sabem que têm depressão, sabem que precisam se tratar, tem informação, mas não acreditam que devem se submeter a uma terapia, porque acreditam que é apenas um momento de fraqueza e, mais ainda, que não convém mostrar ao outro. “A depressão é uma doença como as outras e precisa de tratamento”, finaliza.

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