Lançamento

José Louzeiro: 80 anos de ficção e realidade

Ele lançará um livro em São Luís no próximo dia 18 de dezembro, a partir das 19h.

Divulgação

Atualizada em 27/03/2022 às 12h14

“Lições de amor” é o título do mais recente livro que o jornalista, escritor e roteirista maranhense, atualmente radicado no Rio de Janeiro, José Louzeiro lançará em São Luís no próximo dia 18 de dezembro, terça-feira, a partir das 19h. O evento será realizado nos jardins do Palácio Christo Rei, Praça Gonçalves Dias, 351. A obra, de cunho autobiográfico, constitui uma homenagem à professora Maria Freitas, mestra que marcou a infância do autor. Publicado pela editora Universo dos Livros, o lançamento conta com o apoio da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Academia Maranhense de Letras (AML), da qual Louzeiro ocupa a cadeira n. 25.

Em novembro, José Louzeiro recebeu da AML a Medalha João Francisco Lisboa, pelo transcurso do bicentenário de nascimento deste, um dos patronos da centenária instituição literária Na capital maranhense, Louzeiro também será homenageado pelos seus 80 anos de vida.

Desde cedo, o jornalismo sempre esteve presente na vida de José Louzeiro. O primeiro emprego, aos 16 anos de idade, foi como ajudante de revisão no jornal O Imparcial, em São Luís. Como informação para os mais novos, e também para as pessoas alheias ao jornalismo, a revisão dos jornais era feita em dupla: um revisor lia o original, e o outro, com mais experiência, fazia as correções dos erros cometidos pelos compositores e/ou linotipistas, “puxadores de linha”, como se dizia antigamente. Velhos tempos, nos quais não havia, como hoje, computadores com possibilidade inclusive de corrigir a ortografia. Era trabalho braçal mesmo.

Como tinha jeito para escrever, e isso aconteceu com inúmeros grandes jornalistas que se iniciaram na profissão como revisores, passou para a redação, na qualidade de “foca” – gíria como era chamado o repórter no início da carreira –, lotado na editoria de Polícia do mesmo jornal, que pertencia aos Diários Associados, comandado por Assis Chateaubriand. Era, então, a maior rede de comunicação do país. Lá ficou até 1953. Certa vez, por causa de uma reportagem, entrou na lista negra de um dos jagunços políticos do Estado, o que daria até mesmo um dos roteiros para cinema que Louzeiro escreveria anos mais tarde: “JL: marcado para morrer”. Por causa do jagunço, saiu de São Luís e exilou-se no Rio de Janeiro.

Exílio no Rio

Em 1953, aos 21 anos, quando chegou ao Rio, por não conhecer a cidade nem ninguém que o apadrinhasse na profissão, voltou ao estágio de “foca” na redação do extinto O Jornal, na época um dos mais prestigiados jornais da cidade, também pertencente aos Diários Associados. Trabalhava no turno da noite e, durante o dia, era escriturário na empresa Oscar Flues, pertencente a um grupo alemão especializada em materiais gráficos. O jovem maranhense continuava, assim, a viver em função do ambiente jornal-gráfica. Começava, então, a sua saga no jornalismo carioca.

Em 1955, exerceu as funções de redator do departamento de publicidade da Revista da Semana. Dispensado por contingência, ficou durante algum tempo desempregado, e até mesmo sem recursos para pagar o quarto que alugava. Por intermédio de Bolívar Costa, cearense e estudante da Faculdade Nacional de Direito, durante dois anos morou clandestinamente na Casa do Estudante do Brasil. Fazia as refeições na Faculdade de Direito, também como penetra, e quase encarou o vestibular para o curso, a fim de continuar frequentando o refeitório.

Bolívar Costa, além de estudante, escrevia para a revista Eu Sei Tudo, do mesmo grupo que publicava a Revista da Semana. Louzeiro considera o amigo também um dos responsáveis pela sua carreira como jornalista e escritor. Foi quem o fez tomar gosto pela literatura e pelos estudos em torno da literatura. Conversavam sobre temas diversos: música, teatro, cinema, estilos literários. Muitas dessas conversas se transformaram, tempos depois, em histórias nos livros que escreveu. Sem querer, e com a ajuda do amigo, pode-se dizer, forjou a sua formação, juntamente com os dois anos em que frequentou diariamente a Biblioteca da Casa do Estudante e a Biblioteca Nacional, uma muito próxima da outra. As duas bibliotecas foram a sua “Faculdade de Literatura”. Leu todos os livros disponíveis da literatura brasileira, russa, francesa e americana. Eram os ambientes ideais para Louzeiro dar o pontapé inicial e escrever o primeiro livro, ora com uma caneta de uma cor, ora com outra, tamanha era a penúria financeira em que vivia.

Novos tempos

Em 1957, José Louzeiro passou a integrar a equipe da redação do jornal O Dia. A partir desse ano, foi aprimorando um estilo próprio, uma nova marca de escrever reportagens, publicadas nas páginas da Luta Democrática, Correio da Manhã, Diário Carioca, Última Hora, Tribuna da Imprensa, O Globo e O Radical, Manchete, Folha de S.Paulo e Diário do Grande ABC – e tantos outros veículos aos quais dedicou mais de 25 anos de trabalho, com ênfase na reportagem policial. O estilo de suas reportagens, realista e polêmico, retratando a vida de forma nua e crua, poderia enquadrar-se naquilo que nos Estados Unidos dos anos 60 chamou-se de new journalism – gênero que extrapolou o jornal, desembocando no livro, com valor literário. Vale destacar, entre os seus expoentes norte-americanos, Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote. No Brasil, José Louzeiro, conscientemente ou não, adotou a mesma técnica, resultando em inúmeros romances e novelas. Era aquilo que ficou rotulado de romance-reportagem. São narrativas de não ficção, cuja característica é a mistura da técnica jornalística com a literária.

No início da década de 1960, ocupou a função de editor de imagem da Encyclopaedia Britannica, no Brasil, e participou da equipe que editou a Barsa. Logo depois, integrou o corpo de colaboradores especiais da Delta-Larousse, cuja editoria esteve a cargo do filólogo Antônio Houaiss. De 1969 a 1971, dirigiu o Jornal do Escritor, origem para a fundação do primeiro sindicato de escritores no Brasil. Ao mesmo tempo, por notório saber, foi professor de Editoração e Técnicas Gráficas da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De 1972 a 1975, morou em São Paulo, onde foi copidesque da Folha de S.Paulo, secretário do Diário do Grande ABC e editor Diário da Noite e Diário de São Paulo, ambos pertencentes aos Diários Associados. Em 1975, retornou ao Rio de Janeiro, e trabalhou no jornal Última Hora como repórter e copidesque.

Depois de tantos anos de tempo integral e dedicação exclusiva ao jornalismo, Louzeiro afastou-se do dia a dia das redações. Continuou, no entanto, escrevendo artigos, reportagens, resenhas, para inúmeras publicações: Jornal do Brasil, O Globo, Revista da Semana, Revista Vida Infantil, Eu Sei Tudo, Manchete, Fatos & Fotos, Ele & Ela, Fatos, Planeta, Ficção, Correio da Manhã, Diário de São Paulo, Movimento, Livro de Cabeceira do Homem, Jornal dos Sports, O Estado do Maranhão, Diário de Notícias (Lisboa), Revista Panorama (México), e muitas outras.

Além de atuar em jornais e editoras, exerceu atividades diversas: presidente do Sindicato dos Escritores/RJ (1984-1987); conselheiro do Conselho Nacional do Direito Autoral (1985-1986); membro do Conselho de Direitos Humanos e Liberdade de Expressão da Associação Brasileira de Imprensa (1987); membro da Academia Maranhense de Letras (a partir de 1987); vice-presidente da Fundação de Artes do Rio de Janeiro (1992-1995); diretor-cultural da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (2000); vice-presidente do Sindicato dos Escritores/RJ (2001); e presidente da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (2001).

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