São João 2018

Pela oitava vez, Matutos do Rei se apresenta no Arraiá da Mira

A junina trouxe para o tablado diversas discussões sociais.

Sarah Dantas/Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h18
O grupo abordou a difícil realidade de quem sofre de esquizofrenia, tendo de lidar com preconceito e exclusão social.
O grupo abordou a difícil realidade de quem sofre de esquizofrenia, tendo de lidar com preconceito e exclusão social. (Foto: Sarah Dantas/Na Mira)

IMPERATRIZ – Encerrando as apresentações das quadrilhas juninas na noite de sábado (9), no Arraiá da Mira, a Matutos do Rei participou do festival de quadrilha pela oitava vez. Este ano a junina veio com o tema “Cangaço, o coração da loucura”, e sensibilizou o grande público presente, ao retratar, por meio da dança, temas que ainda são vistos como tabus.

O grupo abordou a difícil realidade de quem sofre de esquizofrenia, tendo de lidar com preconceito e exclusão social. A quadrilha retratou ainda a vida de pessoas que produzem arte, que por muitas vezes são associadas, negativamente, à loucura. Nessa perspectiva, o grupo enfatizou o poder que esse dom tem de mudar o coração e a visão das pessoas.

O artista plástico Artur Bispo, que se insere na linha tênue entre “loucura” e dom, foi um dos nomes representados no espetáculo da quadrilha. O grupo trouxe, ainda, a discussão de temas que persistem na sociedade, como feminicídio e a cultura do estupro. A Matutos do Rei apresentou dados relevantes sobre o crime no Brasil, a fim de gerar uma reflexão sobre o tema.

Paralelo às discussões sociais, o cangaço esteve presente durante toda a performance do grupo. A figura de Lampião e Maria Bonita, foi retratada, vigorosamente. Na primeira parte da apresentação, as roupas dos 60 pares que se apresentaram no tablado remetiam ao sertão e à importância do movimento para o Nordeste.

Um dos personagens da história era tido como “louco” porque fazia xilografias, e foi dessa forma que os integrantes da quadrilha, trocaram seus figurinos e cenários, todos feitos de desenhos xilográficos.

A Matutos do Rei é da cidade de Açailândia, e a exemplo de outras quadrilhas que participam do evento, encontrou dificuldades para realizar seu espetáculo. Um dos representantes do grupo, Xico Cruz, conta que o recurso financeiro foi um dos principais contratempos encontrados, mas que apesar disso, com uma equipe de cenográficos, corégrafos, xilógrafos e os quadrilheiros, vieram com o intuito de emocionar e fazer o público vibrar.

A quadrilha, que precisou vir com três ônibus para montar e fazer seu espetáculo, recebeu aplausos da plateia, que fez questão de ficar de pé para parabenizar o trabalho da equipe.


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