Dança brasileira

"Dança é informação e somos muito ricos nesse sentido", diz bailarino Thiago Soares

O brasileiro já passou por diversos grupos de dança internacionais.

Ministério da Cidadania

Atualizada em 27/03/2022 às 11h13
Um dos próximos projetos na agenda de Thiago será desenvolvido em parceria com a bailarina Marie-Agnès Gillot.
Um dos próximos projetos na agenda de Thiago será desenvolvido em parceria com a bailarina Marie-Agnès Gillot. (Foto: reprodução)

BRASIL - Às vésperas do Dia Internacional da Dança, celebrado na segunda-feira (29), o bailarino Thiago Soares se prepara para voltar aos palcos europeus após temporada no Brasil.

A estreia como coreógrafo no Municipal do Rio não deixa de ser também uma volta ao lar, já que o bailarino começou sua carreira no corpo de baile do Teatro. De lá pra cá, Thiago percorreu uma bem-sucedida trajetória internacional e recebeu diversos prêmios, entre os quais a Ordem do Mérito Cultural, mais alta honraria concedida pelo governo brasileiro na área cultural.

Thiago foi o primeiro e único brasileiro a conquistar a medalha de ouro no concurso do Ballet Bolshoi na Rússia, considerado um Oscar da dança. “Foi incrível para mim, mas também muito importante para a história da dança no Brasil. Até então, nós tínhamos grandes bailarinas de renome, Cecília Kerche, Ana Botafogo, e a medalha de ouro do Bolshoi mudou a forma de ver os bailarinos no País”, contextualiza.

O brasileiro também passou pelo corpo de ballet do Teatro Mariinsky, na Rússia, além de outros nos Estados Unidos e Japão. Em 2002, passou em uma audição para o Royal Ballet em Londres e, durante quatro anos, passou por todas as posições até alcançar o posto de primeiro bailarino, em 2006, no qual ficou até o início deste ano.

Em consenso com a direção do Royal, Thiago deixou o posto permanente de primeiro bailarino para assumir o de bailarino convidado principal. Com a nova posição, ele vai dançar alguns espetáculos selecionados como primeiro bailarino. “Foi uma forma delicada que encontramos para eu seguir na companhia e ainda poder assumir outros compromissos”, explicou.

Os estudos de dança do bailarino tiveram início em 1996, quando começou a praticar hip hop em um grupo carioca. O professor disse que ele tinha jeito e estrutura física adequadas para a dança, o que o impulsionou a buscar formação no Centro de Dança Rio. “O Centro me ofereceu apoio, me estendeu a mão. A partir de então, comecei a me dedicar 100% à dança”, relembra.

“Os projetos que oferecem formação e capacitação cultural, em dança, por exemplo, não precisam fazer de você um Nureyev [referindo-se ao bailarino russo Rudolph Nureyev, um dos mais renomados expoentes da história da dança em todo o mundo]. A arte e a cultura te ensinam muito, podem fazer as pessoas melhores, deixar um legado para a vida das crianças e jovens. Há temas, na minha vida, que só entendi depois de dançar e assistir a alguns espetáculos, só assim eu pude compreender algumas situações, ter maior senso de coletividade”, ressalta Thiago.

Maturidade

A estreia como coreógrafo faz parte dos novos rumos de Thiago, que tem se dedicado intensamente aos cursos de direção e coreografia, já construindo os próximos degraus de uma carreira que até agora tem sido mais que brilhante. Entre os planos, talvez esteja trazer para o Brasil um pouco do muito que aprendeu ao longo de todos esses anos no mercado da dança internacional.

“O Brasil é riquíssimo em estilos, em tendências e modas de dança, que aparecem de forma espontânea, como o passinho, por exemplo. Essas expressões são incríveis e isso nos coloca em um lugar muito rico como protagonista em criar estilos”, afirma. “É genial que um cantor crie uma coreografia para o refrão de sua música e que essa dança viralize em todo o País. Isso é cultura popular, é informação, informação corporal, é matéria-prima. E somos muito ricos nesse sentido”, conclui Thiago.

Um dos próximos projetos na agenda de Thiago será desenvolvido em parceria com a bailarina Marie-Agnès Gillot, do Ballet da Ópera de Paris. Em seguida, ele irá para Londres para retomar temporada com o Royal Ballet. Ainda para este ano, há a possibilidade de desenvolver outro projeto que talvez venha para o Brasil, mas o bailarino ainda prefere manter sigilo sobre essa iniciativa.

“A dança evoluiu muito nos últimos 10, 15 anos, ela bebe de fontes diferentes, da moda, do teatro. A dança está na forma do corpo e, ao mesmo tempo que requer muita disciplina, dá muita liberdade”, conclui, sobre as inúmeras possibilidades de colaboração de sua arte.

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