Sua Saúde

Miopia é epidêmica no Brasil

Metanálise mostra que a miopia avança no mundo todo e deve crescer mais no Brasil que nos EUA. Saiba como evitar a progressão entre crianças.

Divulgação/ Assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h31
(Foto: Divulgação)

No mundo todo a miopia, dificuldade de enxergar à distância, está em ascensão e deve ter um crescimento maior no Brasil do que nos EUA. É o que mostra uma metanálise de 145 estudos que acaba de ser divulgada por um grupo de pesquisadores da AAO (Academia Americana de Oftalmologia). A estimativa é de que em 2050 metade da população mundial seja míope e 10% tenha alta miopia que predispõe a graves doenças oculares.

De acordo com o oftalmologista de Campos, Leôncio Queiroz Neto, esta epidemia é uma prova de que a miopia poder ser causada pelo estilo de vida, além da herança genética.

A metanálise estima que em 2020 a prevalência de míopes no Brasil seja de 27,7% e de 42,1% entre americanos. O problema é que para 2050 a previsão é de que 50,7% dos brasileiros devem ser míopes e 58,4% dos americanos. Significa que neste período a incidência deve aumentar 83% no Brasil contra 20% nos EUA. Queiroz Neto ressalta que se trata, portanto, de um grave problema de saúde pública no país. A miopia, ressalta, não é doença e por isso não tem cura, mas precisa ser tratada. A maior preocupação é prevenir sua evolução. Isso porque, acima de 6 graus aumenta o risco de descolamento da retina, catarata, glaucoma e degeneração macular.

Alem disso, observa, se não for corrigida compromete o desenvolvimento cognitivo da criança, a performance escolar e profissional já que 85% de nosso relacionamento com o meio ambiente depende da visão.

O risco da tecnologia

O oftalmologista afirma que o uso intensivo do computador e outras tecnologias é um dos fatores relacionado ao aumento da miopia no mundo todo, mas não único. Um estudo realizado pelo especialista com 360 crianças na faixa etária de 6 a 9 anos mostra que o uso intensivo do computador e outras tecnologias aumentou a dificuldade de enxergar à distância de 21%, contra a prevalência de 12% apontada pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) para esta idade. O especialista explica que se trata de uma miopia acomodativa. Está relacionada ao esforço para enxergar de perto e pode ser revertida com mudança de hábitos. Para que a visão não fique acomodada a enxergar só o que está próximo, destaca, a cada hora de uso do computador, videogame, smartphone ou outra tecnologia por crianças é recomendado descansar de 20 a 30 minutos. A maior acomodação do olho na infância torna a visita anual ao oftalmologista obrigatória. Os pais também devem estimular a praticar de atividades ao ar livre. Isso porque, até 8 anos de idade a visão está em processo de desenvolvimento e precisa ser utilizada para todas as distâncias.

Os inimigos na alimentação

Queiroz Neto afirma que a alimentação é outro fator que predispõe à miopia O consumo exagerado de açúcar aumenta a produção de insulina e pode interferir no crescimento do eixo óptico onde as imagens são projetadas. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é consumir seis colheres de chá de açúcar/dia. Acima disso, além de interferir no crescimento do eixo óptico que caracteriza a miopia, dificulta o metabolismo da gordura e colesterol, aumentando a chance de desenvolver degeneração macular, maior causa de cegueira irreversível.

Alternativas de tratamento

O oftalmologista afirma que um estudo apresentado no último congresso da AAO mostra que o uso de colírio de Atropina na concentração de 0,01% diminuiu em até 50% a progressão da miopia entre crianças de 6 a 12 anos que participaram da pesquisa. O controle da miopia. ressalta, é decorrente da diminuição do crescimento axial do olho que está relacionado ao vício de refração. A pesquisa ainda não é conclusiva, comenta, mas crianças que participaram do estudo usaram o medicamento durante cinco anos sem apresentar intolerância.

Queiroz Neto explica que em estudos anteriores a Atropina não foi bem tolerada porque tinha concentração de 1,0%. Os principais efeitos colaterais nesta concentração são a perda da visão de detalhes por causa da dilatação da pupila, fotofobia (aversão à luz) e ardência nos olhos.

Outra alternativa de tratamento, comenta, é o uso de lente ortoceratológica durante a noite para modificar o formato da córnea. A maioria das crianças e adolescentes não tem boa adesão ao tratamento porque a pressão da lente sobre a córnea é desconfortável. Os óculos e lentes de contato apenas corrigem a refração, não tratam a miopia. Por isso, o colírio de atropina pode ser ma alternativa para evitar as complicações da alta miopia que levam à cegueira quando aplicado na infância.

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