Meteorologia no MA

El Niño provoca queimadas e temperaturas elevadas no Maranhão, explica meteorologista

As mudanças do clima criaram condições sem precedente para o atual El Niño.

Heider Matos / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h38
(Heider Matos / Imirante.com)
"Nós estamos diante do fenômeno El Niño, o super El Niño, chamado até Godizila”
Márcio Eloi.

SÃO LUÍS – A Região Nordeste do Brasil está sob alerta, desde 2012. Um quadriênio seco provocado pelo fenômeno El Ninõ, que ganhou grandes proporções, atinge a região. Segundo o meteorologista, Carlos Márcio de Aquino Eloi, da Universidade Estadual do Maranhão, este pode ser o maior fenômeno já registrado na história, podendo se estender para 2016. Os maiores registros do fenômeno foram nos anos de 1972/1973, 1982/1983, 1997/1998 e 2007/2008.

As mudanças do clima criaram condições sem precedente para o atual El Niño. “Esse padrão deve continuar ou até se agravar em 2016, porque nós estamos diante do fenômeno El Niño, o super El Niño, chamado até Godizila. As consequências do fenômeno El Niño são proporcionais a sua intensidade. E a metrologia está apontando para que este seja o maior fenômeno da história. A gente pode ter consequências sérias. Aqui para o nordeste, um El Niño de grande intensidade significa seca. Então existe uma grande possibilidade de em 2016, termos a formação de quinquênio seco”, explicou o meteorologista.

No Maranhão, é possível perceber seus efeitos. Queimadas, altas temperaturas e baixa umidade do ar, são exemplos. As altas temperaturas são mais perceptíveis na região Sul do Estado. Na cidade de Noleto, foi verificado 41,5º, no dia 17 de outubro. Já em Balsas, foi registrado 39,5º, no dia 5 de outubro. “É um período de seca e temperaturas altas acima do normal que deve persistir no Maranhão”, disse.

"É um período de seca e temperaturas altas acima do normal que deve persistir no Maranhão".
Márcio Eloi.

O meteorologista explica que mesmo com a atuação de um grande fenômeno, as queimadas e o clima quente, são comuns neste período do ano, e a tendência é que esse número de focos de queimadas diminua com a chegada do período chuvoso. “As queimadas agora são comuns, pois estamos vivenciando o período mais seco do ano. Agora no fim de outubro, começa a se configurar a transição da estação chuvosa. Então é comum que a gente perceba no Centro-sul do Estado, que essa quantidade de focos passe a diminuir em relação ao Centro-norte que vai persistir”, explicou.

A capital São Luís, por estar próximo ao Oceano Atlântico, não atinge níveis críticos com altas temperaturas. No mês de outubro, a temperatura mais alta foi registrada no dia 17 de outubro, com 35,5º. “O oceano é uma fonte constante de umidade, embora a gente viva um desconforto térmico, a gente dificilmente a gente atingir os níveis críticos como os do sul do Estado. Para São Luís é o trimestre mais seco do ano, climatologicamente falando, setembro, outubro e novembro”, continuou.

Entenda o fenômeno El Niño

O período, de setembro a novembro é considerado, pela climatologia, o período mais seco do ano, por estar sob a atuação do fenômeno El Niño. Mas o que o El Niño?

“Em resumo, O El Niño é o aquecimento da água sobre o Pacífico. Na região, forma-se um bolsão quente de água. A superfície do mar fica muito aquecida, isso desencadeia uma mudança na circulação do ar. O ar se movimenta na horizontal e na vertical. O movimento na vertical passa a predominar de forma subsidente. Se tem um movimento subsidente, qual é a fonte de água? As fontes de água são os lagos, o mar e os rios. Se passa a vir a subsidência de cima para baixo, então esse vapor vai ter dificuldade de subir e forma nuvens. Por isso, das secas associadas ao El Niño”.

Consequências do fenômeno

O fenômeno pode trazer sérias consequências para a agricultura e agropecuária do Brasil. “Estamos diante de um grande El Niño, talvez o maior da história. Se isso persistir, pode quebrar toda a cadeia produtiva de agricultura. A agropecuária está bastante castigada na Paraíba e no Rio Grande do Norte. Por conta de sua posição um pouco mais ao norte, coloca o Maranhão em uma situação um pouco mais confortável, em relação ao Sertão Nordestino”.

No Maranhão, a preocupação é com o abastecimento de água de São Luís. “Em termos estaduais, isso pode ser bem problemático, visto que as condições da reserva do Batatã são muito satisfatórias para o abastecimento de São Luís. Será que se persistir essas condições por dez anos o Sistema Ita Luís não vai saturar a sua capacidade de abastecer a Ilha? Então, tudo isso tem de ser pensado”.

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