SÃO LUÍS – Uma pesquisa realizada em São Luís aponta a possibilidade de aumento futuro de doenças cardiovasculares – que mata, anualmente, 33% da população mundial –, diabetes tipo 2 e de gastos com a saúde da população caso não haja medidas de prevenção. O motivo: a prevalência da síndrome metabólica, uma associação de fatores de risco para as doenças cardiovasculares – como ataques cardíacos e derrames cerebrais –, vasculares periféricas e diabetes.

Os dados fazem parte da tese de doutorado "Síndrome Metabólica e Resistência Insulínica em Estudantes de Nível Superior em São Luís", do médico cardiologista, graduado em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), mestre em Saúde Materno-Infantil diretor-técnico de um dos maiores hospitais do Maranhão e professor do curso de Medicina da UFMA, José Bonifácio Barbosa, na primeira turma do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da UFMA. A defesa da tese ocorreu no último dia 25 de fevereiro. "O tema surgiu, principalmente, porque nós não encontramos trabalhos de base populacional sobre o assunto. Nós escolhemos nove instituições e nós acreditamos que isso representa a população universitária de São Luís", disse o médico em entrevista ao Imirante.

Na pesquisa, foram avaliados 968 estudantes de nível superior, sendo 614 do sexo masculino (62%) e 354 do sexo feminino (38%), com idade, em média, de 22 e 23 anos respectivamente. A prevalência de síndrome metabólica (pelo critério da Joint Interim Statement, JIS) no público pesquisado foi de 18,8%, sendo quase três vezes mais prevalente nos homens (32%) – o que é explicado pelos hábitos dos homens – do que nas mulheres (11,6%). A prevalência de resistência insulínica (medida pelo modelo homeostático para resistência insulínica, Homa-IR) foi de 6,2%, sem diferença estatisticamente significante entre homens e mulheres.

Com percentuais mais elevados do uso de tabagismo, consumo de bebida alcoólica, sobrepeso, hipertensão, glicemia aumentada e hipertrigliceridemia, os homens apresentaram maior risco cardiovascular do que para as mulheres. Por outro lado, no grupo pesquisado, as mulheres eram mais sedentárias que os homens: apenas 59% praticavam atividades físicas, contra 76,1%. "Esses pacientes precisam ser devidamente tratados, orientados, para que a gente possa prevenir, evitar um acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio, diabetes e insuficiência renal. É mais barato prevenir do que tratar esses pacientes", explica o especialista.

Abrangência

O universo pesquisado pelo médico abrangeu, inicialmente, 1.268 alunos de seis instituições de nível superior, públicas (UFMA, Universidade Estadual do Maranhão e Instituto Federal do Maranhão) e privadas (Faculdade Santa Teresinha, Universidade Ceuma, Faculdade Pitágoras, Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, Faculdade São Luís e Faculdade Antenas Maranhense). A desistência dos selecionados alcançou os 24%.

Prevenção

Para prevenção da síndrome metabólica, o estudo recomenda o desenho de programas direcionados predominantemente a indivíduos do sexo masculino, que estudam em estabelecimentos privados, casados e que tenham chefe de família com apenas o ensino fundamental, como forma de prevenção do quadro de síndrome metabólica. Ainda de acordo com o especialista, a população pode evitar a síndrome metabólica com dieta adequada, baixo consumo de alimentos com muito sal, prática de atividade física e uso de medicamentos para hipertenção, quando necessário e com orientação médica. "Se você fizer um balanceamento de atividades físicas, dieta e medicamentos, quando for necessário, seguramente, você estará contribuindo consigo", conclui.

A pesquisa já foi encaminhada para publicação a duas revistas especializadas e deve ser encaminhada, ainda, às secretarias municipal e estadual de Saúde, para que sejam adotadas medidas de prevenção.

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