Prefeitura de Anajatuba questiona obra estadual

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h30

SÃO LUÍS - A Prefeitura de Anajatuba aguarda relatório do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre os impactos ambientais da obra de construção de um canal de 12 metros de abertura por 1,5 metro de profundidade para aprofundamento do igarapé do Troitá.

A obra vem sendo executado pelo Governo do Estado sem autorização da administração municipal e há a suspeita de que trará graves prejuízos ao ecossistema da região.

O caso também foi denunciado pelo prefeito Nilton da Silva Lima Filho (PV) ao Ministério Público Estadual, que pode determinar a interdição da obra caso fique comprovado que o governo estadual feriu a autonomia político-administrativa do município.

Segundo o prefeito, os serviços foram iniciados há cerca de 10 dias na área que compreende os campos inundados de Anajatuba.

“Existe a preocupação de que o canal ultrapasse a barragem que retém as águas do igarapé do Troitá e chegue ao rio Mearim, cujo leito sofre influência da maré. Isso resultaria numa salinização do canal, provocando fortes impactos ambientais no ecossistema e graves prejuízos para os pescadores da região”, explica ele.

Uma outra preocupação da administração municipal é que as obras de aprofundamento do igarapé do Troitá estariam sendo feitas para beneficiar três empresas que cultivam camarão (carcinicultura) e que já teriam recebido licença ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), sem conhecimento prévio do Ibama.

Irregularidades

O assessor técnico da Prefeitura de Anajatuba, Henrique Celso Dutra Mendes, destaca que a administração municipal não é contra a obra de aprofundamento do igarapé, mas receia que os serviços estejam sendo executados de forma irregular.

“Os campos de Anajatuba secam bastante durante o verão e essa obra só atingiria seu objetivo caso servisse para facilitar o deslocamento de pescadores com suas canoas pelo local, e para assegurar a reprodução de peixes no período da estiagem. Mas surgiu uma informação de que a obra pretende transpor a barragem do igarapé do Troitá, que segura a água nos campos durante a seca e drena naturalmente a água doce para o rio Mearim”, informou.

Henrique Mendes ressalta que essa confusão foi gerada pelo Governo do Estado, que não discutiu a obra com a Prefeitura de Anajatuba, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

“A partir daí, surgiu a dúvida se a obra é ou não legal e até onde vai o aprofundamento do igarapé do Troitá”, observou o assessor.

Ontem pela manhã, o prefeito esteve reunido com representantes da Colônia de Pescadores do município, dirigentes da empresa contratada pelo governo estadual para fazer os serviços e membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anajatuba.

Ele ressaltou que deverá ser respeitado o limite de 100 metros de distância entre o canal e a barragem, para evitar a entrada de água salgada no igarapé do Troitá.

“Espero que o que ficou acertado na reunião não seja desrespeitado pelo governo estadual”, declara Nilton Filho.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.