Reincidência

Josimar é alvo de operação contra fraude e desvios pela 2ª vez em um ano

Ação mais recente foi deflagrada pelo Ministério Público do Maranhão; em dezembro do ano passado, PF já havia apurado desvios em emendas

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
(Josimar de Maranhãozinho)

O deputado federal e pré-candidato ao governo do Maranhão, Josimar de Maranhãozinho (PR), foi alvo pela segunda vez em menos de um ano de operação que apura possível envolvimento do parlamentar em esquema de desvios de verbas públicas e fraudes.

Em dezembro do ano passado, uma operação da Polícia Federal intitulada de Operação Descalabro apurou suposto esquema de encaminhamento ilícito de valores públicos para fontes indevidas na área da saúde. Os desvios seriam da ordem de R$ 15 milhões.

Na ação mais recente, o Ministério Público do Estado do Maranhão (MP), por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate às Organizações Criminosas, por meio da Operação Maranhão Nostrum, cumpriu ontem (6) mais de 60 mandados de busca e apreensão em 13 municípios do Maranhão para apurar possíveis fraudes em processos licitatórios na contratação da empresa Águia Farma Distribuidora de Medicamentos Ltda.

De acordo com o MP, compôs o quadro societário da empresa Águia Farma Distribuidora de Medicamentos Ltda os investigados Josimar Cunha Rodrigues, ou Josimar de Maranhãozinho, e Irismar Cunha Rodrigues.

Ainda segundo o MP, os fatos verificados ocorreram entre os anos de 2014 a 2018, período no qual, segundo o órgão, foi movimentado o montante de R$ 159.745.884,37 originado de contratos administrativos pactuados. Segundo as investigações, em somente sete contratos firmados entre a empresa e os municípios citados, foram arrecadados mais de R$ 14 milhões.

Durante as apurações, os envolvidos constataram ainda que a Construtora Madry, também supostamente pertencente à Josimar de Maranhãozinho e Irismar Cunha foi beneficiada em Pregão em Araguanã com contrato firmado no valor de R$ 1.593.900,00.

De acordo com o Gaeco, os indícios apontam para a presença de um núcleo político liderado por Josimar que, segundo o MP, formou uma rede especializada na “dilapidação de recursos públicos”. No cumprimento de mandados, foram apreendidos documentos, computadores, cheques, dinheiro, joias, veículos e lanchas.

Até o fechamento desta edição, o deputado Josimar de Maranhãozinho não se manifestou sobre as investigações contra si. Aliados como a esposa e deputada estadual Detinha (PL) e o sobrinho e candidato à presidência da Mesa Diretora da Câmara dos Vereadores de São Luís, Aldir Júnior (PL) também não se manifestaram acerca do parlamentar.

A operação coincide com a intensificação as articulações de Josimar no interior do estado, tendo em vista o pleito do ano que vem.

Há alguns dias, Josimar reuniu centenas de aliados para o Primeiro Encontro de Vereadores em Bacabal. O ato, que contou com membros da bancada Federal em Brasília, dentre eles, o deputado Pastor Gildenemyr (PL), foi prestigiado por exemplo pelo prefeito de Bacabal, Edvan Brandão (PDT).

Antes desta operação do MP, Josimar havia declarado a aliados que seria candidato com ou sem a anuência do governador do Estado, Flávio Dino (PSB). Em julho deste ano, em tentativa de consenso de aliados, o governador promoveu a assinatura da chamada “Carta de Compromisso”. Josimar não esteve presente.

Outro ato

Ainda em 2020, Josimar também teve o seu nome envolvido em outras supostas irregularidades. Em 24 de agosto, a Promotoria Eleitoral da 89ª Zona de São Luís ingressou com Representação contra o parlamentar e sua esposa, a então pré-candidata Maria Deusdete Rodrigues (ou “Detinha”) por propaganda antecipada. À época, ambos negaram qualquer tentativa de ilicitude.

Repercussão de operação contra Josimar é nula no meio político

Parlamentares da base de apoio e oposição, além de outras autoridades não comentaram, até o fechamento desta edição, acerca do suposto envolvimento de Josimar de Maranhãozinho em esquema de fraudes em procedimentos licitatórios.

Na sessão de ontem na Assembleia Legislativa do Maranhão (AL) por exemplo, apenas o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) relacionou o caso a uma possível “perseguição política” do governador Flávio Dino (PSB).

Citado, o governador não comentou o fato e confirmou apenas o ex-deputado federal e ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, como novo presidente da Companhia Maranhense de Gás (Gasmar).

Já na Câmara dos Deputados, discussões acerca do ICMS dos combustíveis e outros temas protagonizaram os debates nas últimas horas.

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