Habitação

Nova versão do Minha Casa, Minha Vida é adiada para 2020

Ministro disse que os custos operacionais ainda estão sendo discutidos; o entrave está nas taxas praticadas pelos bancos, que estão acima da meta desejada;outro impasse para o lançamento do novo programa é a ausência na previsão orçamentária para 2020

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Gustavo Canuto disse que novo programa habitacional será anunciado em janeiro de 2020
Gustavo Canuto disse que novo programa habitacional será anunciado em janeiro de 2020 (Agência Brasil)

BRASÍLIA - O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, anunciou na sexta-feira, 20, durante uma coletiva de balanço anual, que o lançamento do programa habitacional que vai substituir o Minha Casa, Minha Vida - ainda sem nome oficial -, será adiado por causa dos custos operacionais, que ainda estão sendo discutidos com operadores financeiros. O ministro disse que o nome e os detalhes do programa deverão ser revelados ainda em janeiro de 2020, pelo presidente Jair Bolsonaro.

O programa havia sido anunciado no início do mês e, de acordo com o ministro, a medida provisória que cria o benefício já foi redigida. O entrave está nas taxas praticadas pelos bancos, que estão acima da meta desejada, disse o ministro. “Os custos precisam ser módicos o suficiente para fazer sentido. Qualquer custo que supere 10%, o governo já torce o nariz. Esse custo é muito alto para uma transação. E temos uma meta, que não seja utilizado mais de 10% do valor do voucher [em taxas]”, disse.

Outro impasse para o lançamento do novo programa é a ausência na previsão orçamentária para 2020. Mas Gustavo Canuto se disse otimista em relação aos fundos para o programa. “Temos uma expectativa otimista de que deve haver uma brecha orçamentária. O Congresso Nacional fez um esforço para realocar verbas. Talvez isso abra espaço [para o novo programa]”, argumentou.

A quantidade de casas financiadas pelo novo programa vai variar de acordo com o orçamento que será disponibilizado. A média dos vouchers será de R$ 60 mil, podendo oscilar de acordo com o mercado de regiões específicas. O voucher também deve ser usado para pagar as taxas operacionais.

De acordo com Canuto, os terrenos onde serão feitas as construções não está incluído no tíquete, e poderá ser adquirido por meio de parcerias com estados e municípios. “Isso [a parceria entre União e estados] já existe hoje. A maioria dos empreendimentos tem uma parceria do estado, que doa o terreno para fazer a construção. Aqueles estados que quiserem complementar o voucher com mais 10 mil, 20 mil, estarão aptos a resolver a situação do cidadão”

O novo programa utilizará a base de dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único), porta de acesso para diversos programas sociais de distribuição de renda e de benefícios continuados

Uma década

Em 2019, ano em que completa uma década de existência, o Minha Casa Minha Vida, considerado o maior programa habitacional já tocado no Brasil, registrou atrasos na liberação de recursos e despertou especulações sobre o futuro do atendimento de famílias de baixa renda.

O programa tem quatro faixas, definidas a partir do poder aquisitivo das famílias. A faixa 1, que atende aos mais pobres, não teve novos projetos em 2019. E o Orçamento de 2020 reservou apenas o pagamento dos contratos em andamento.

Por causa das restrições orçamentárias e da redução dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), principal fonte do Minha Casa Minha Vida, a tendência é que a faixa 1 do programa acabe, segundo expectativa do sindicato da habitação. A faixa atende famílias com renda de até R$ 1.800. Nesse caso, o governo subsidia 90% do valor do imóvel. O restante é financiado pela Caixa Econômica Federal.

De 2009, quando o Minha Casa Minha Vida foi criado, a 2013, 80% dos contratos do programa eram para unidades habitacionais da faixa 1, para famílias mais pobres, segundo um levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Já entre 2014 e 2018, período que coincide com a crise econômica, o percentual despencou para 20%. O governo Jair Bolsonaro tenta reformular o programa, mas ainda não apresentou um projeto com as novas regras.

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