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COLUNA
Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

De perdidos a perdedores

À primeira vista isso parece simples como constituinte do fatídico humano...

José Ewerton Neto

 
 

Perdido. Sem saber quem é, nem de onde veio, nem para onde vai. E cercado de perdas por todos os lados.

É esse o homem?

Sob um ângulo científico, sim. Caso não se socorra de sua fé religiosa para responder à primeira parte das questões fundamentais de sua existência, para as quais a Ciência jamais encontrou resposta. 

Mas o pior é que, queira ou não queira, também é um perdedor nato e é disso que se ocupa Kathrin Shuls em artigo intitulado Permanência publicado na revista Época, tempos atrás. E, embora as Perdas sejam fatos corriqueiros em nossas vidas, fingimos não nos dar conta disso.

Estatisticamente dados de uma pesquisa mostram que um cidadão comum perde cerca de nove objetos por dia, o que significa que quando completarmos 60 anos teremos perdidos cerca de 2 mil coisas. Durante toda sua vida você passa cerca de seis meses procurando por objetos perdidos. Somente em celulares perdidos nos USA uma década atrás foram gastos 30 bilhões de dólares, imagine hoje! 

À primeira vista isso parece simples como constituinte do fatídico humano, mas essas pequenas perdas não passam de presságios de perdas ainda maiores - da autonomia, da capacidade intelectual e, finalmente, da própria vida. Por isso quando perdemos coisas, mesmo triviais, ficamos tão chateados. Independentemente do que desaparece a perda nos coloca em nosso lugar, nos faz confrontar a desordem, a perda de controle e a natureza efêmera da existência, diz a autora. 

Até chegarmos a maior das perdas, a dos entes queridos. Tantas vezes, inconscientemente, saímos à procura daqueles que perdemos e que jamais encontraremos, porque, diferentemente de outras perdas, a morte é a perda sem possibilidade de encontro. 

Nossa sina prosseguirá, irreversível, até que em determinado dia deixaremos, afinal, de sermos perdedores. É quando passaremos de perdedores a perdas para os que continuam vivos, a quem só restará para reflexão a frase latina Consummatum Est (Está consumado!) pronunciada por Jesus Cristo quando estava na cruz e sabia que a sua missão redentora havia sido cumprida - referindo-nos não mais ao que se foi mas ao que restar de nossa própria existência. 

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