(Divulgação)
COLUNA
Geraldo Carvalho
Economista, MBA pela USP e mestre em gestão de empresas
Geraldo Carvalho

A violência impacta na Economia? 

Sim, e muito!

Geraldo Cunha Carvalho Jr

O gráfico abaixo mostra a taxa dos melhores e piores estados em Segurança

Pública no Brasil, dados do mapa da violência de 2023. 

 
 

O Brasil é um país violento, os dados são públicos, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publica anualmente o Atlas da Violência, lá temos os dados tabulados e mensuráveis. O quadro é péssimo, seja em comparação ao resto do mundo, seja em comparação dos estados cuja assimetria é grande.

Isso tem reflexos na economia, na oferta de empregos, na renda e até na qualidade de vida. Alguns países violentos como Venezuela, Colômbia ou Nigéria, as empresas precisar arcar com custos altíssimos em vigilância e guardas armados. As empresas procuram sempre lugares onde há poucos crimes, os custos envolvidos na manutenção patrimonial, guarda de valores ou mesmo proteção dos empregados, significa redução no lucro, dificuldade em contratação e alta rotatividade de pessoal.

A ONU considera muito violento um local com mais de 10 assassinatos por 100.000 habitantes/ano, no Brasil somente SP, DF e SC seriam considerados lugares seguros.

Eu costumo brincar que um cidadão rico no Canadá dirige um carro conversível, um rico no Brasil dirige um carro blindado! È uma imagem forte da nossa insegurança.

Os estados do Brasil em que a violência é menor, se alinham com os de maior IDH. Os melhores profissionais fogem dos lugares violentos e alguns se recusam a ir trabalhar onde lhe haja ameaça. Tudo isso acabar por tornar lugares violentos menos aprazíveis e ainda mais violentos. Cada vez mais a sensação de violência ou de impunidade torna as pessoas mais impacientes com a política, no Brasil os governadores que marcam o discurso sobre combater a violência, tem mais votos.

No Brasil mesmo pequenas empresas precisam ter custos enormes com segurança, uma lanchonete, uma farmácia ou mercadinho são obrigados a contratar seguranças para inibir furtos ou assaltos. É comum nos bairros populares de São Luís, um pequeno comercio ou mercearia, trancado por grades e os clientes tendo que pedir através delas. É exatamente o oposto do conceito de pegar, sentir e cheirar a mercadoria. Os grandes supermercados precisam ter câmeras e vigilantes a paisana constantemente nos corredores para inibir furtos, quanto isso custa?

O PIX, surgido em novembro de 2020, tinha sua finalidade facilitar as transações entre pessoas e empresas, entretanto ele trouxe alguns efeitos colaterais positivos, o volume de dinheiro físico reduziu muito, os assaltos a carros fortes e agências bancárias com uso de explosivos, tiveram forte queda. As pessoas não precisam mais ter sempre dinheiro em espécie na carteira, além disso a transação por ser quase imediata reduz o risco de inadimplência. As pessoas precisam ir menos ao banco, isso aumenta seu tempo disponível e tempo de deslocamento.

O FMI calculou que a cada aumento de 1% na taxa de homicídios, há redução de -0,3% no crescimento da economia, correlação de um terço. O Banco Mundial calculou que o Brasil perde 3,7% do seu PIB devido aos custos associados ao crime e violência. Isso dá um valor estimado de (US$1,92 bilhão x 3,7%) de US$71 bilhões. 

Traduzindo, o Brasil perde grosso modo, uma economia do tamanho de Goiás, todos os anos pelos custos envolvidos com nossa elevada violência. É um dado assustador e que precisa ser combatido com firmeza, mais um item do “Custo Brasil”.

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