EMPREENDEDORISMO

Pequenos negócios consolidam corredores comerciais e movimentam a economia

Bairros Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar são exemplos de polos autônomos de comércio e de serviços em São Luís.

RIBAMAR CUNHA/IMIRANTE.COM

Atualizada em 29/06/2022 às 09h38
Avenida Brasil, no bairro Divineia, tornou-se um grande centro de comércio e de consumo em São Luís (Paulo Soares)
Avenida Brasil, no bairro Divineia, tornou-se um grande centro de comércio e de consumo em São Luís (Paulo Soares)

SÃO LUÍS - Localizados na periferia de São Luís, capital do Maranhão, os bairros Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar são exemplos de polos autônomos de comércio e de serviços que se solidificaram graças ao surgimento dos pequenos negócios. Hoje, são mais de 1.200 empresas ativas nessa região, segundo levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Maranhão (Sebrae/MA), instituição que tem como propósito transformar os pequenos negócios em protagonistas do desenvolvimento sustentável do Brasil.

E esse protagonismo é nítido na região da Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar, área geográfica da cidade cuja economia apresenta um ciclo pujante de surgimento de novos negócios. Somente no primeiro quadrimestre de 2022, quase 120 micro e pequenas empresas iniciaram atividades nesses bairros, sendo a maioria (105) microempreendedores individuais (MEIs). 

Essa expansão, segundo o diretor técnico do Sebrae Maranhão, Mauro Borralho, é resultante do crescimento da região do Olho d’Água e Araçagy, bairros próximos à Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar, área que está cada vez mais próspera e desenvolvida com a abertura de novos empreendimentos. “Na região ainda acontece a Feira do Mangueirão [na Divineia], que atrai muitos clientes que moram no entorno, o que favorece o desenvolvimento do comércio, frequentado também por clientes dos bairros do Olho d’Água, Araçagy e ainda da Cohama”, observa Mauro Borralho.

O surgimento de novos negócios, especialmente pequenos, nessa região, ocorre tanto pelo fator necessidade quanto por oportunidade. “Tem pessoas que estão empreendendo porque precisam suprir as necessidades econômicas, pois muitos perderam o emprego, como também tem investidores que buscam empreender nesta área que está se desenvolvendo, aproveitando as oportunidades que estão surgindo”, analisa o diretor técnico do Sebrae Maranhão.

Diretor técnico do Sebrae Maranhão, Mauro Borralho, ressalta realização de capacitações para os pequenos negócios (Divulgação)
Diretor técnico do Sebrae Maranhão, Mauro Borralho, ressalta realização de capacitações para os pequenos negócios (Divulgação)

Importância

Esse crescimento denota a relevância dos pequenos negócios para o desenvolvimento de áreas periféricas como essas, carentes de serviços públicos, mas que vão se expandindo e atraindo novos investimentos, tornando-se independentes, formando corredores comerciais e movimentando a economia local, mas também contribuindo para fortalecer ainda mais a importância do segmento das micro e pequenas empresas para o país, hoje responsáveis por 99% do total dos negócios, por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e pela geração de 55% dos empregos, além de beneficiar direta e indiretamente 86,5 milhões de pessoas.

São empreendimentos que vão desde pequenas lojas de vestuário, material de construção, farmácias, padarias, acessórios para celulares, minimercados, salões de beleza, armarinhos, produtos de informática, como também a médias e grandes redes supermercadistas, que fazem dos logradouros desses bairros, como a Avenida Brasil, na Divineia, um grande centro de comércio e de consumo.

 “Pelo grande contingente populacional, considero essa região como se fosse um município, com vida própria e circulação de dinheiro, atendendo a demanda do consumo local e também de pessoas que vêm de fora para adquirir produtos e serviços aqui”, compara o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços dos Bairros Divineia, Sol e Mar e Vila Luizão (Acimavil), Antonio Sousa Pereira. 

Também presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico e Aparelhos Eletrodomésticos de São Luís, o empresário Antonio Sousa Pereira também vislumbrou nessa região de São Luís uma oportunidade para empreender, estabelecendo-se no local há 25 anos com uma loja de material de construção, na avenida João Alberto, na Vila Luizão. No bairro, há duas vias de forte prevalência da atividade comercial: a Avenida Luizão e a Rua 21 de junho. 

Presidente da Acimavil, Antonio Sousa Pereira, destaca potencial econômico da região da Divineia, Sol e Mar e Vila Luizão (Divulgação)
Presidente da Acimavil, Antonio Sousa Pereira, destaca potencial econômico da região da Divineia, Sol e Mar e Vila Luizão (Divulgação)

Articulações 

Antonio Sousa Pereira entende como fundamental o trabalho realizado pela Acimavil nas articulações com instituições privadas, bancos e o poder púbico, o que tem resultado em maior visibilidade ao potencial econômico da região, como também mais apoio em relação a orientações técnicas acerca crédito e capacitação empresarial, além de troca de experiências entre os empreendedores. 

Nesse sentido, um apoio fundamental tem sido o do Sebrae, na identificação das necessidades desses empreendedores, como também nas orientações pertinentes à formalização, capacitação, acesso a crédito, elaboração de planos de negócios, entre outras ações que têm sido determinantes para a sobrevivência/desenvolvimento dos pequenos negócios. 

“Na época da pandemia, houve o atendimento por meio do 0800, canal whatsapp e consultorias online. Atualmente estamos realizando na região o Projeto Sebrae na sua Empresa, com visitas personalizadas aos pequenos negócios, conversando com os empreendedores e identificando suas necessidades para que possamos elaborar as soluções de melhoria de gestão nas empresas”, assinala Mauro Borralho. Uma das ações mais recentes e de grande alcance na região foi a Semana MEI, que aconteceu em maio, com a realização de capacitações para os pequenos negócios. 

O próximo passo, segundo o diretor técnico do Sebrae Maranhão, é a abertura de uma Sala do Empreendedor na Vila Luizão, em parceria com a Prefeitura de São Luís e a Acimavil.

Empreendedores que apostaram no potencial dessa região da cidade 

Microempresário Maurício Lino Costa perdeu o emprego de bancário e empreendeu no ramo de papelaria (Divulgação)
Microempresário Maurício Lino Costa perdeu o emprego de bancário e empreendeu no ramo de papelaria (Divulgação)

Por de trás das mais de 1.200 empresas ativas nessa da região da Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar, há histórias de pessoas que buscaram empreender, seja por necessidade ou oportunidade, mas que com muito trabalho e força de vontade conseguiram superar os diversos desafios que se apresentaram ao longo dessa caminhada, como situação econômica do país, dificuldade de acesso ao crédito, falta de apoio governamental e, principalmente, o surgimento, em 2020, da pandemia do novo coronavírus, que ocasionou grande impacto nos negócios, a exemplo do fechamento de empresas. Os empreendedores Maurício Lino Costa, Roberto Régis de Mesquita Sousa e Francisco Pereira dos Santos são prova de que é possível superar as adversidades e vencer.

Morador na avenida Acre, no bairro Planalto Turu, que fica no entorno da região da Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar, o microempresário Maurício Lino Costa era bancário, tendo sido demitido no ano 2000. Aquele foi um momento muito difícil para ele, pois perdera o emprego e tinha uma família para sustentar. 

Buscando algum caminho, Maurício Lino lembrou que no banco atendia a um cliente do ramo de papelaria e que se identificava com aquela atividade. Também observou na sua necessidade uma oportunidade ao perceber que aquela região apresentava potencial econômico, tendo em vista sua localização privilegiada, bem como o Plano Diretor de São Luís apontar para o desenvolvimento deste território. Perspectiva essa que se materializou ao longo dos anos com a instalação de faculdades, bancos, condomínios residenciais, redes de supermercados, além de melhor infraestrutura.

Segundo ele, o passo seguinte foi procurar o apoio do Sebrae para orientação técnica, onde participou do Empretec, programa de formação de empreendedores, que aliado à sua formação em Administração, foi fundamental para iniciar a atividade e lidar com os altos e baixos de qualquer negócio ao longo desses anos. 

Um dos momentos mais difíceis para Maurício Lino, como também para todos os empresários maranhenses, foi a pandemia da Covid-19, que quebrou muitas empresas. Mas uma orientação que lhe foi repassada pelo Sebrae durante as capacitações de se ter sempre um fundo de reserva e lembrada como a mais importante, considerando a situação, fez a diferença e permitiu que seu negócio continuasse em pé.

Veio a vacinação e com a melhora do cenário sanitário, que permitiu a volta às aulas, como também outros eventos, a Aquarela Papelaria voltou a funcionar normalmente e retomou seu fluxo financeiro.

Negócio de duas rodas

Outro empresário que tem importante participação no processo de desenvolvimento da atividade comercial nessa área é Roberto Régis de Mesquita Sousa. Desde 1998, ele mantém uma loja de venda de bicicletas e de peças para bicicletas e motos, a Global Peças, localizada na Avenida Planalto, no bairro Planalto Turu 3, que fica também no entorno da Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar. 

“Sou morador há 23 anos daqui, e o impulso que tive para empreender, foi a princípio por necessidade, tanto minha quanto da região, pois não existia comércio desse segmento nessa avenida”, assinalou. 

Roberto Régis de Mesquita Sousa disse que nesses anos pode perceber o crescimento populacional e, consequentemente, econômico da região, surgindo a necessidade constante do desenvolvimento de um comércio diversificado que atenda a essa demanda. 

Em relação à pandemia, que impactou nas atividades econômicas de um modo geral, principalmente no período de isolamento social, o empresário observou um crescimento do seu negócio, tendo em vista que o aumento do serviço de delivery com o uso de motocicleta para entregas, elevou o fornecimento de peças. Até mesmo o ramo de peças de bicicletas também teve incremento de vendas, à medida que as pessoas substituíram atividades físicas antes realizadas nos ambientes fechados das academias, por um estilo de vida ao ar livre. 

Oportunidade

Outro corredor de comércio de destaque é a Avenida Sol Nascente, no bairro Sol e Mar, que reúne diversas atividades econômicas. Foi justamente nessa via que o empresário Francisco Pereira dos Santos encontrou, em 2002, o espaço ideal para instalar sua empresa varejista de móveis e colchões e também de eletros, a Colchões & Etc.

Morador do Sol e Mar, Francisco Pereira dos Santos disse ter empreendido por oportunidade, ao vislumbrar o potencial da região, segundo ele, de fácil acesso e bem servida de transporte urbano, além de ter um comércio em franco desenvolvimento. O único ponto negativo em sua avaliação é a falta de rede bancária.

Em relação à pandemia, o empresário disse que não foi fácil, mas que apesar de lockdown e suspensão de atividades por determinados períodos, o segmento assimilou bem as dificuldades e conseguiu se recuperar após a retomada da economia. 

Atualmente, devido à relativa proximidade dos bairros Divineia, Vila Luizão e Sol e Mar com a Unidade Regional de São Luís do Sebrae, localizada no Multicenter, esses empresários, assim como os demais, têm recebido apoio em relação  a consultorias, incluindo plano de negócios, além da participação em treinamentos.

Veja mais fotos do comércio na Avenida Brasil, na Divineia:

Pequenos negócios consolidam corredores comerciais e movimentam a economia

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.