BRASIL - Os preços no atacado apresentaram tendência de queda em fevereiro, o que, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pode viabilizar aceleração das vendas nos próximos meses. Segundo a análise da entidade, com base nos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (13/04) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a perda de força dos preços no varejo deve tornar menos acentuado o processo de aceleração da taxa básica de juros. Diante disso, a CNC revisou de 0,5% para 1,1% a expectativa de crescimento das vendas para 2022.
De acordo com a PMC, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro avançou 1,1%, em fevereiro, apresentando variação positiva pelo segundo mês consecutivo. Na comparação com janeiro, apenas dois dos dez segmentos pesquisados acusaram variações negativas: artigos farmacêuticos (-5,6%) e materiais de construção (-0,4%). Já os destaques positivos ficaram por conta dos segmentos de combustíveis e lubrificantes (+5,3%) e comércio automotivo (+5,2%).
Na comparação com fevereiro do ano passado, o índice registrou alta de 1,3%, interrompendo uma sequência de seis retrações consecutivas. Além disso, o volume de vendas do varejo voltou a se situar acima do patamar observado em fevereiro de 2020, antes do início da pandemia de covid-19. Sobre esse avanço, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que, ao longo da crise sanitária, o processo regenerativo do varejo esteve diretamente relacionado à evolução do fluxo de consumidores em estabelecimentos comerciais que, por sua vez, variou de acordo com a gravidade do avanço da doença.
Atualmente, na comparação com a circulação de consumidores registrada em fevereiro de 2020, a defasagem em relação ao consumo presencial é de 6%. Durante a primeira onda da pandemia, essa queda chegou a 69%. "Embora esse fluxo ainda não tenha se 'normalizado', atualmente, podemos observar um cenário que difere significativamente das fases mais agudas da pandemia", avalia Tadros.
O economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes, observa que a recuperação do varejo tem se dado de forma heterogênea. “Apenas quatro das atividades comerciais conseguiram recuperar o nível de vendas verificado antes do início da crise sanitária, sendo todas ligadas ao consumo de itens essenciais ou associadas ao consumo predominantemente doméstico”, destaca.
Reajustes de preços
Na média, os preços dos produtos comercializados pelo varejo, medidos por meio do deflator da PMC, foram reajustados em 13%, nos 12 meses encerrados em fevereiro deste ano. Por sua vez, os preços no atacado, avaliados pelo Índice de Preços ao Produtor (IPP) do próprio IBGE, avançaram 22% no mesmo período, revelando um grau de repasse de 60% aos preços finais aos consumidores.
Subsetorialmente, os maiores graus de repasse são observados no ramo de móveis e eletrodomésticos, cuja variação de preços no varejo nos últimos 12 meses (+14,0%) se assemelha à variação no atacado (+14,6%). Por outro lado, no segmento de livrarias e papelarias, o grau de repasse é, atualmente, o menor do comércio (+21,6% no atacado contra +4,9% no varejo). Avaliando o cenário, Bentes lembra que a inflação do atacado chegou a superar os 35% em maio de 2021. "Embora o quadro atual esteja longe de se revelar confortável para a formação de preços no varejo, notadamente as pressões advindas do atacado parecem perder força nos últimos meses", afirma.
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