
PH: Mundo perde papa Francisco
E mais: Um Brasil com cada vez menos católicos
“Quando há o ‘nós’ começa uma revolução”
A atitude de humildade, misericórdia, obriga a discernir, coisa que deixou alguns “inseguros”, provavelmente aqueles que prefeririam uma espécie de código da estrada: bastaria cumprir, sem pensar.
Certamente todos nos lembramos da primeira vez em que Francisco apareceu à varanda da Basílica de S. Pedro, quando foi escolhido Papa. Em lugar de começar a abençoar a multidão, disse, com toda a simplicidade: “Boa noite.” E depois, inclinou-se para que a multidão o abençoasse. Bastou esse sinal. Pode parecer insignificante, mas, para quem conhece a mise en scène destes momentos, não o foi de todo.
O nome escolhido também foi logo indício de que tinha chegado ao Vaticano um Papa sem pretensão de poder, de controle, mas com vontade de, por gestos e palavras, introduzir no coração da Igreja algo que não resultava apenas da sua personalidade.
Ficção e premonição
O filme ‘Conclave’ voltou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais após a morte do Papa Francisco, anunciada pelo Vaticano na manhã desta segunda-feira, 21.
Lançado em 2024, o longa-metragem de Edward Berger retrata os bastidores da escolha de um novo papa, logo após o falecimento do antigo santo padre.
Campeão do Oscar de ‘Melhor Filme’ em 2025, o filme foi estrelado por Ralph Fiennes e Stanley Tucci, abordando os escândalos da Igreja, a fé, o machismo e o papel da mulher dentro da instituição religiosa.
Além de expor as vertentes conservadoras e progressistas dos cardeais e explicar o processo de votação para a escolha do novo líder da Igreja Católica.
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Apesar de ser uma ficção, a obra apresenta alguns elementos oficiais da história da Igreja Católica, o que incomodou alguns religiosos que assistiram a obra nos cinemas. No Brasil, ela só foi exibida a partir de janeiro de 2025.
O que chama a atenção dos internautas é que o filme foi lançado pouco antes de um momento delicado na saúde do Papa, que sofria com uma pneumonia bilateral e passou quase 40 dias internado no Hospital Gemelli, localizado em Roma, na Itália.
Durante a cerimônia do Oscar, os atores do filme chegaram a se manifestar publicamente sobre o estado de saúde do Papa, alegando que a intenção nunca foi desejar ou prever a morte do Conclave, reiterando o respeito por ele.
“Estamos muito, muito preocupados com o nosso Papa. Nós amamos o Papa, Papa Francisco. Gostaríamos de desejar melhoras a ele e que ele se recupere”, disse a atriz Isabella Rossellini, intérprete da Irmã Agnes, durante uma entrevista após o recebimento do prêmio.
Conhecido como Cardeal Joseph Tremblay no filme, o ator John Lithgow, também se manifestou e apontou alguns paralelos do filme com a vida real. “Nós filmamos esse longa há um ano, em janeiro, e as coisas mudaram profundamente em todo o mundo no zeitgeist, por falta de uma palavra melhor”, relatou.
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O filme ainda trouxe à tona o funcionamento do Conclave oficial da Igreja Católica, que acontece entre 15 e 20 dias após a morte do último Papa. Cerca de 120 cardeais com poder de voto no Colégio de Cardeais, e com menos de 80 anos, são reunidos na Capela Sistina, no Vaticano, para a votação.
Os cardeais ficam isolados durante o período de votação, sem nenhum contato com o mundo exterior. Três deles são definidos como escrutinadores, responsáveis por contar os votos do conclave, e outros três são nomeados como revisores do ritual.
Para ser eleito, um cardeal precisa receber 2/3 dos votos e pode votar entre os outros integrantes do Colégio de Cardeais, mas não podem indicar seu próprio nome para o cargo.
A votação pode seguir por vários dias, caso o nome do novo Papa não seja definido. Os cardeais indicam os nomes de seus candidatos em uma cédula de papel, que é queimada e depositada em uma chaminé da Capela Sistina. Se a fumaça sair preta, significa que o colegiado ainda não chegou a um consenso sobre o novo papa, caso saia branca, o nome do Pontífice foi definido.
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Momentos marcantes da vida do Papa Francisco, são retratados no filme Dois Papas (Netflix), uma produção audiovisual que destaca reflexões e diálogos entre os papas Bento XVI e Francisco. O longa-metragem foi dirigido pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles, responsável também pelo filme Cidade de Deus.
Estrelado por Jonathan Pryce (Francisco) e Anthony Hopkins (Bento XVI), o longa apresenta as diferenças entre os dois líderes da Igreja Católica e as decisões que precisaram ser tomadas para definir os rumos da instituição.
Embora represente parte da trajetória do cardeal Jorge Bergoglio – nome de batismo do Papa Francisco –, nem tudo que é encenado realmente aconteceu.
No longa, é mostrado que Bergoglio rompeu um noivado com Amália Damonte para seguir a carreira religiosa. Na realidade, os dois foram apenas namorados na infância. O argentino chegou a escrever uma carta de amor para Amália quando ela tinha 12 anos, afirmando que se tornaria padre caso não se casassem no futuro. O relacionamento não evoluiu porque os pais eram contra a união.
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Uma das cenas icônicas do filme acontece na Capela Sistina, quando Bento e Francisco compartilham uma pizza e tomam Fanta.
No entanto, essa refeição nunca aconteceu na realidade. A cena também não foi gravada na Capela Sistina original, já que o Vaticano restringe filmagens em espaços considerados sagrados.
Bergoglio realmente não queria se tornar Papa. Assim como retratado no filme, Jorge Bergoglio relutava em aceitar a ideia de se tornar Papa. Durante o conclave de 2005, ele manifestou oposição à própria eleição e chegou a pedir que os demais cardeais votassem em Joseph Ratzinger, que acabou sendo escolhido como Papa Bento XVI.
Um Brasil com cada vez menos católicos
A morte do Papa Francisco ocorre num momento de forte encolhimento do número de fiéis da Igreja Católica. O Brasil, apontado como o maior país católico do mundo, em breve, deixará de ter a maioria da população como seguidora dos preceitos de Roma. O número de evangélicos cresce sem parar, na esteira do distanciamento da Igreja, sobretudo, dos mais pobres.
Essa era uma das principais lutas de Francisco, que tentava atrair as mulheres, os gays, os divorciados, mesmo enfrentando a fúria dos cardeais ultraconservadores, que o acusavam de heresia.
No Brasil, tornou-se comum, nos últimos anos, ataques a igrejas. Padres que se posicionavam politicamente, ou mesmo pedissem tolerância em suas homilias, passaram a ser agredidos. Tornou-se rotina ver católicos acusando o Papa de ser “comunista”, de “não representar o catolicismo em sua essência, de contrariar a palavra de Deus”. Um Brasil conservador passou a se contrapor à revolução promovida por Francisco para modernizar a Igreja.
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Dificilmente o sucessor de Francisco conseguirá reverter a perda de fiéis pela Igreja Católica no Brasil. A estrutura existente hoje não permite um alcance da população.
Praticamente, não há representantes do catolicismo nas periferias das grandes cidades. Muito pelo contrário, as igrejas, com todas as suas pompas, se situam nos bairros de classes média e alta, onde a frequência dos fiéis às missas vem diminuindo.
É o inverso do que se vê entre as igrejas evangélicas, que têm se multiplicado nas regiões menos favorecidas.
Agora, é esperar pelo sucessor de Francisco para entender que rumos tomará a Igreja Católica.
O Papa, por sinal, alertava: “Livrai-nos de nos tornarmos uma Igreja de museu, bela, mas muda, com tanto passado e pouco futuro”.
No Brasil, esse risco é grande.
DE RELANCE
Maranhão fora da lista
O Maranhão está fora da lista dos estados com maior número de pessoas afetadas por fenômenos climáticos como ondas de calor, seca, estiagem, descargas elétricas, inundações, alagamentos e deslizamentos em morros e encostas.
A lista divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios inclui Pará, Piauí, Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, entre 1º de janeiro e 10 de abril deste ano, essas ocorrências afetaram mais de 5,9 milhões de pessoas e causaram prejuízos econômicos superiores a R$ 28,5 bilhões.
Nesse período, 925 municípios decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública.
Desastres e prejuízos
Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, até o momento, os desastres deixaram mais de 12,3 mil pessoas desabrigadas e 71,8 mil desalojadas.
A confederação também chama atenção para o agravamento do cenário, com 115 mortes registradas, o que representa um aumento de 59,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 72 óbitos.
O impacto econômico foi especialmente severo na agropecuária, que concentrou R$ 23,3 bilhões em perdas, o equivalente a 81,8% dos prejuízos estimados. Ao todo, 1.445 decretos de anormalidade já foram contabilizados.
Não faltou pescado
Na Semana Santa, nos quatro cantos do Maranhão, não faltou pescado. A honra da tradição de só se comer peixe está mantida, mas convém uma ressalva: grande parte do que aqui se consome vem de fora.
Por que, se o litoral maranhense tem 640 km em linha reta e 3.524,496 km, quando se consideram as reentrâncias.
No mar maranhense, as águas são quentes, os cardumes de peixes não moram, apenas passam. Não se vê aqui grandes empresários investindo em pesca. E por aí nossa pesca é toda artesanal.
Para escrever na pedra:
“Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim”. De Jean-Paul Sartre.
TRIVIAL VARIADO
Sem Tancredo: hoje, o Brasil lembra os 40 anos da morte de Tancredo Neves, um dos episódios mais dramáticos da redemocratização brasileira.
Portos brasileiros: estudo mostra que custos com demurrage (a sobre-estadia) no Brasil alcançaram em 2024 o patamar de US$ 2,3 bilhões.
“Pejotização”: processos exigindo vínculo empregatício crescem 57% em 2024. Tema é o 16º entre os que mais levam pessoas à Justiça.
Pirataria: falta de fiscalização de conteúdos digitais compartilhados nas redes sociais causa prejuízo de R$ 1,4 bilhão a autores e editoras.
Música de luto: a cantora Cristina Buarque morreu ontem, aos 74 anos. Compositora e sambista, Cristina movimentava com uma roda de samba a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde morava.
Família de Cristina: filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e de Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã dos cantores Chico Buarque e Miúcha, e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.
Saiba Mais
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