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COLUNA
Kécio Rabelo
Kécio Rabelo é advogado e presidente da Fundação da Memória Republicana Brasileira.
Kécio Rabelo

Vamos festejar novas memórias!

Do claustro do centenário convento das Mercês, de onde o Padre Vieira evocou as memórias para gerações futuras, ouve-se os sons dos tambores, zabumbas, matracas e pandeirões.

Kécio Rabelo

Do claustro do centenário convento das Mercês, de onde o Padre Vieira evocou as memórias para gerações futuras, ouve-se os sons dos tambores, zabumbas, matracas e pandeirões. Dos arcos coloniais, que guardam o testamento do renascimento político da Nação e que hospedam a certidão de nascimento da Nova República, bradam como em seu texto: memórias e liberdades.

É nesse cenário, no coração do Centro Histórico de São Luís, no palco emoldurado pelo céu estrelado e a lua de julho, que outra vez desponta um terreiro de cores e ritmos, de sons e sabores traduzindo em brilho e entusiasmo a alegria da nossa gente.

De volta, a tradição que marcou o mês de julho no Maranhão por mais de uma década, o “Vamos Festejar”, celebra com vigor a mais genuína festa da cultura popular maranhense, o nosso São João, fazendo ressoar forte, como memórias e afetos, as nossas tradições realçadas pelo sentimento orgulhoso da mais autêntica maranhensidade.

Se é verdade que no Maranhão os Santos brincam e dançam ao som dos tambores e matracas nos arraiais de junho, imaginem a festa bonita que eles fazem - e farão - ao lado dos cazumbas, dos cablocos de pena, dos vaqueiros, guerreiros e encantados, embalados por uma dose de alegria misturada à fé, que deixa de ser contemplação para se tornar celebração, fazendo sagrado o chão de onde brota o canto, quase como reza, em uma toada de louvor a São João.

Dez dias de festa marcarão essa nova edição do Vamos Festejar - São João nas férias. Por esse palco de encanto e brilho, passarão grupos de bumba meu boi de todos os sotaques, cacuriás, quadrilhas, danças portuguesas, dança do Lelê e do Côco e tantas outras expressões da nossa rica cultura. Passará o Maranhão, em sua essência mais pura!

A saudade que batia forte tem dias marcados para acabar, numa celebração ao gosto bom das boas lembranças.

A comunidade do Desterro, onde se situa o Convento das Mercês, prédio que abriga a Fundação da Memória Republicana Brasileira, espera ansiosa para esse encontro com a beleza das brincadeiras juninas, comemorando também a oportunidade de gerar ou complementar a renda, com a venda do artesanato, das comidas típicas e de outros produtos que também são marcos dessa festa. O clima é, sim, de festa e alegria! Merecemos vivenciá-lo com profunda inteireza!

De volta à cena cultural do Maranhão, o “Vamos Festejar” quer ser essa grande celebração da nossa diversidade cultural exaltando nossa história, tradições e saberes e tecendo, com o colorido das fitas, novas memórias e trajetos cordiais, alegres e vibrantes.

Que o som desses tambores, os acordes da festa, tenham as estrelas da noite como guia, levando cada vez mais longe esse canto de fé, de amor à nossa cultura e de esperança!

Um viva aos mestres e seus maracás! Viva João Chiador, Humberto e Coxinho! Viva os amos que seguem amados; viva os miolos que seguem escondidos; viva o toque das Caixeiras das Minas e o canto feliz de Teté; viva às penas pardas do Pindaré.

Impossível não lembrar Claudio Pinheiro e as inesquecíveis edições do Vale Festejar! Por ele, Vamos Festejar! Que o viver, mesmo com suas dores e saudades, salte como fiapo de sonho, naquele colar colorido de lembranças que chamamos vida!

Que vivam e sobrevivam cada vez mais forte a estrela encantada, a voz potente e doce do cantador, o boizinho das campinas de luz, as mãos de costas calejadas, o coco feliz do mestre Sabujá! Viva o terreiro da vida, o rincão das alegrias incontidas, das lutas vencidas, das promessas cumpridas! Para saudar a festa, viva Donato lá de cima a nos abençoar: “Glorioso São Pedro, eu preciso do Senhor para ser o protetor do meu batalhão”!

Volto ao padre Vieira, ilustre hóspede do Convento das Mercês, como (re)lembrança: "mas o que se esvaiu no tempo do relógio, persiste nas marés da memória e do desejo”.

Viva o Maranhão de tantas memórias! Vamos festejar!

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