CVC poderá operar companhia aérea a partir de 2006

Agnes Dantas, Globo Online

Atualizada em 27/03/2022 às 14h54

RIO - O Departamento de Aviação Civil (DAC) está analisando o pedido de autorização da operadora de turismo CVC para criar a companhia aérea do grupo, a FG Linhas Aéreas. Segundo o departamento, já foram cumpridas as exigências da etapa jurídica do processo de autorização para a operação de vôos fretados (charters), fase que envolve, entre outras exigências, a aprovação de documentos para a constituição de diretoria, registros jurídicos e relatórios de patrimônio. O empresário Guilherme Paulus, presidente da CVC, confirmou que tem planos de operar uma companhia aérea, mas lembrou que há "um longo caminho a ser percorrido".

O pedido ainda está sendo avaliado no departamento técnico/operacional do DAC, fase em que a empresa deve comprovar capacidade para a manutenção em aeronaves, apresentar equipamentos de vôo e equipes de bordo e terra adequados para a rota demandada, treinamento e autonomia para os trechos operados, entre outras exigências. Segundo o DAC, o prazo para a finalização desta etapa depende essencialmente da empresa, uma vez que a autorização final é liberada assim que são supridas todas as pendências.Guilherme Paulus afirma que não há planos imediatos de operação, mas que ele acredita que a empresa deva levar cerca de 12 meses para cumprir todas as exigências e iniciar a oferta de vôos fretados com aeronaves CVC. Nas palavras do empresário, o grupo está apenas "antecipando planos para uma possível mudança no mercado de aviação", mas mantém as parcerias com TAM, Varig e Gol.

- Acho maravilhoso que o Brasil esteja regulamentando o mercado de vôos fretados, a CVC investe há anos neste setor. Sentimos uma grande oportunidade para crescer e investir na própria empresa, já que este segmento representa hoje 70% do faturamento da CVC. Com a espera do fim do code-share da TAM e da Varig, as empresas vão redirecionar aeronaves, então estamos nos antecipando, preocupados em não deixar nossos clientes sem esta opção - lembra o empresário.

A nova companhia, que receberia a denominação "Samba" como nome fantasia, começaria a operar com seis aeronaves modelo Fokker-100, disponibilizadas para venda pela TAM, para curtas distâncias em vôos de, no máximo, duas horas e 50 minutos de duração, informou Paulus. Os vôos da FG atenderiam aos destinos mais requisitados por clientes CVC, entre eles Serra Gaúcha, Salvador, Porto Seguro, Vitória, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Porto Alegre, com apoio de equipes de terra nos principais aeroportos centrais das regiões Nordeste, Sul e Sudeste. Paulus explicou que a razão social FG foi escolhida em homenagem aos seus dois filhos: Fábio (morto em 2000) e Gustavo, que ocupa o cargo de diretor de marketing da operadora.

Como a TAM possui o único centro de manutenção destes aviões, a nova transportadora contaria com o apoio operacional da companhia. Como os negócios entre as duas empresas está consolidado desde 2000 - só esta semana a CVC vai realizar 160 vôos fretados com a TAM - o empresário não descartou o interesse de contar com a TAM no capital da nova transportadora.

- Temos consciência do volume de investimentos que esta operação vai exigir, mas nós temos investidores e um longo caminho a percorrer. A Varig e a Vasp já tiveram braços dedicados a fretamentos. Sabemos que a crise que atinge o mercado de vôos regulares está mais ligada a um passado de planos econômicos. Tanto que a Varig, apesar dos problemas, é totalmente viável operacionalmente - avaliou Paulus, evitando revelar o capital que será direcionado ao novo negócio e o volume de faturamento anual da CVC.

A CVC transportou cerca de 1,2 milhão de passageiros em 2004, sendo mais de 200 mil para destinos internacionais. Só para a temporada 2004/2005 a empresa vai operar mil fretamentos. Atualmente a operadora gera mais de dez mil empregos, sendo mais de 800 funcionários diretos e cerca de seis mil terceirizados.

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