Durante o show no projeto Seis e Meia, ocorrido na noite dessa quarta-feira, 8/3, no Teatro 4 de Setembro, em Teresina, Zeca Baleiro conversou com o público, contou causos e fez revelações. Uma delas é de que gosta de forró e justifica:
- Forró é uma coisa, como direi, ancestral, atávico pra mim”, conta Zeca que é interrompido por uma voz da plateia: “toca Raul” e ele reage: “tocarei, Raul era fã de forró também, adorava Luiz Gonzaga. É uma música brasileira, está no gene, a gente ouve e sente um barato - brinca.
No bate-papo, Baleiro diz que não condena o forró e lembrou que o próprio Luiz Gonzaga, que era gênio da música popular, “um dia foi tratado como marginal, uma párea”.
Ele se diz conservador quando o assunto é forró e esclarece: “Gosto de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Genival Lacerda, Abdias, desses caras”. Em seguida improvisou o “forró de ilusão” que é um duelo entre casal.
Hiato
Há cerca de cinco anos sem vir a capital piauiense, o cantor maranhense estava bastante à vontade, relaxado e com participação ativa da plateia. Sentado em um banco, somente com voz e violão, Baleiro mostra um artista maduro, seguro e bem humorado.
O repertório contemplou música recente como “Forró de ilusão” que versa a letra: "você prefere o Safadão, e eu tô mais pra safadinho/ você não perde o Domingão e eu sou mais o Dominguinhos".
Aproveitando a chuva em Teresina, Zeca Baleiro inicia o show cantarolando: “a chuva cai lá fora/ você vai se molhar”, numa referência a canção de Argemiro/Casquinha, imortalizada por Beth Carvalho.
Em seguida engata com Babylon, Bola dividida, canções consagradas como Lenha, Flor da Pele, samba do approach, Telegrama e Toca Raul. Ao cantar “Vai de Madureira”, ele sai com essa: “quem não pode, quem não pode, Nova York vai de Luis Correia” e o publico não resiste e cai na risada. Baleiro completa 20 anos de carreira e seu último trabalho foi "Era domingo".
Policiamento cultural
Ao cantar “Alma não tem cor”, Zeca Baleiro critica o policiamento cultural.
“Será que vou cantar branquinho, afrodescendentinho. Isso não é poético...é importante o debate, mas não pode ficar obtusa”.
Baleiro ressaltou que o ódio racial é condenável e que sua geração sonhou com um mundo mais igualitário.
"O mundo que a minha geração sonhou era de um mundo que todos estavam juntos e misturados. Havia mais igualdade social, racial".
Homenagem a Papete
Entre seus causos, Zeca lembrou que antes de se entregar a “vida bandida”, numa referência ao mundo artístico, ele estudou Agronomia. Na universidade no Maranhão conheceu um piauiense que virou seu amigo de nome Iran, da cidade de Oeiras, e que estava na plateia.
Revelou que torce pelo River, no Piauí e ainda homenageou Papete cantando: “Ê alumiô, toda terra e mar/Ê alumiô, toda terra e mar/Eu vi fortaleza abalar”. Papete é cantor e compositor maranhense morreu aos 68 anos, ano passado, vítima de câncer de próstata.
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