Educação

Ensino de robótica leva professora à final de prêmio internacional

Débora Garofalo é professora de Língua Portuguesa e ensina tecnologia na periferia da capital paulista.

Camila Boehm/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h14
Débora Garofalo está entre os dez melhores professores do mundo.
Débora Garofalo está entre os dez melhores professores do mundo. (Foto: reprodução)

BRASIL - Com um projeto de ensino de robótica com sucata para estudantes de escola pública, Débora Garofalo foi selecionada entre mais de 10 mil candidatos de várias nacionalidades e está entre os dez melhores professores do mundo.

A professora de Língua Portuguesa, que ensina tecnologia na periferia da capital paulista, é finalista no Global Teacher Prize 2019, prêmio internacional que reconhece métodos inovadores e criativos para lecionar e oferece prêmio de US$ 1 milhão.

Desde o início do projeto, em 2015, mais de uma tonelada de materiais recicláveis foram retirados das ruas da cidade e transformados em protótipos – produtos de um trabalho da fase de teste – na Escola Municipal Ensino Fundamental Almirante Ary Parreira, na Vila Babilônia, zona sul.

“O projeto de robótica com sucata nasceu da vontade de transformar a vida das crianças da periferia aqui da cidade de São Paulo. Eu sempre acreditei, como professora, que a educação só faz sentido se ela puder ser significativa e se ela puder ter esse caráter transformador”, disse Débora.

“Eu queria trazer essa visão para as crianças de que a tecnologia é uma propulsora da aprendizagem e que, na educação básica, a gente podia então trabalhar esses conceitos. Só que eu não tinha nenhum material para começar e eu também não queria que esse ensino fosse limitado a um grupo de alunos”. Até hoje já passaram pelas aulas de robótica cerca de 2 mil estudantes.

A realidade local também foi decisiva para o projeto, já que a comunidade sofria com enchentes e lixo nas ruas. “A primeira coisa que as crianças me relatavam é que, em dias de chuva – e a gente começa dar aula sempre no mês de fevereiro que é um mês muito chuvoso –, eles não iam para a escola porque as casas deles alagavam, o acesso para ir para a escola alagava e eles perdiam tudo”.

O sucesso do projeto trouxe grandes lições, de acordo com a professora. Uma delas é pensar em uma escola que não só produza mais conhecimento, mas que comece a contribuir com soluções locais.

Mão na massa

Jovens de 6 a 14 anos aprendem sobre montagem de motor, circuitos e programação para, então, terem autonomia e pensarem no que vão construir. “Em um primeiro momento, a gente olha bem para esses materiais que a gente recolheu porque são materiais diversos e aí [os alunos] vão começar a pensar e estruturar o que eles gostariam de construir”, contou.

Já foram construídos brinquedos, um pequeno semáforo, uma máquina de refrigerante, robôs, barata e aranha robóticas, além de soluções para questões práticas da vida. “Um aluno criou uma casa sustentável. Uma réplica da casa dele, mas totalmente sustentável, com energia solar, usando o arduino [placas programáveis] para ligar e desligar [a luz] em horários para fazer economia de energia. A gente vê que nasce um pouco de tudo, inclusive soluções para o dia a dia”, disse a professora.

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