Parlamentos do Brasil e da China assinam acordo na quarta

Agência Câmara

Atualizada em 27/03/2022 às 14h17

BRASÍLIA - Brasil e China vão assinar, na próxima quarta-feira (30), um memorando para a troca de informações relativas aos parlamentos dos dois países. Será o primeiro documento desse tipo assinado entre a China e um país latino-americano.

"Queremos compartilhar experiências sobre o funcionamento dos dois parlamentos, para aprofundar as relações políticas e comerciais", declarou o embaixador chinês no Brasil, Chen Duqing.

Para a assinatura do acordo, o Congresso Nacional receberá, na semana que vem, a visita do presidente do Comitê Permanente da Assembléia Popular da China, Wu Bangguo. Esse comitê é formado por cerca de 160 parlamentares e é uma espécie de núcleo do parlamento (constituído por mais de 3 mil representantes).

Empresários na comitiva

A comitiva inclui a presença de 80 empresários do país asiático, que chegam ao Brasil dispostos a aumentar o comércio entre os dois países, que não ultrapassou os 12,7 bilhões de dólares (R$ 26,9 bilhões) em 2005, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

"Acho que podemos chegar, com facilidade, aos 20 bilhões de dólares (R$ 42,4 bilhões) neste ano", disse Duqing. "Mesmo assim, essa estimativa não representaria 1% do comércio externo da China, que, no ano passado, foi de 1,42 trilhão de dólares (cerca de R$ 3,01 trilhões). Somando a população da China com a população do Brasil, fica acima de 1,5 bilhão de pessoas. Então essa cifra não significa nada, embora já exista um crescimento substancial entre as partes", avaliou.

Parcerias em infra-estrutura

Para fortalecer a relação comercial, o embaixador sinaliza com o desenvolvimento de parcerias na área de infra-estrutura.

"Estou vendo com preocupação o sucateamento da infra-estrutura brasileira, e a China poderia ser parceira em projetos para modernizar portos, usinas, estradas", comentou o embaixador. Duqing ressalva, no entanto, que esses projetos precisam de tempo para maturar, enquanto considera os brasileiros imediatistas, e pouco abertos comercialmente.

Apesar das dificuldades, o embaixador vê um "horizonte animador", que poderia ser demonstrado por pelo menos três projetos entre os dois países: a construção da Fase C da Usina Termelétrica Presidente Médici, em Candiota (RS); a construção do primeiro trecho do Gasene (gasoduto que ligará o Sudeste ao Nordeste), cuja licitação foi vencida pela Sinopec (estatal chinesa do petróleo); e o acordo que já permitiu o lançamento conjunto de dois satélites sino-brasileiros.

Mais agressividade

"Espero que os empresários brasileiros sejam mais agressivos, mais audaciosos em conquistar o nosso mercado. Se todo mundo está trabalhando, ganhando dinheiro, por que não o Brasil? Alguns empresários reclamam que a China só compra commodities do Brasil, não compra muito produto industrial, mas isso não é bem verdade.

A compra das commodities do Brasil, principalmente minério de ferro e soja, tem beneficiado muito o setor. E agora, com o aumento da demanda pela China, o preço das commodities aumentou muito. Este ano, a soja está um pouco fraca, mas o minério teve aumento de 19% em relação ao ano passado", ressaltou.

Parcerias comerciais

Para Duqing, o fortalecimento das parcerias comerciais poderia ser ancorado pela criação de joint ventures, a exemplo do que fazem as multinacionais dos Estados Unidos e algumas empresas brasileiras, como a Embraer.

"Quando falamos da compra, não é exatamente o que você produz aqui e vende para lá. Pode montar empresa lá para vender lá. Não só vende para a China, como pode vender para a Ásia. A China pode entrar na cadeia de produção daqui e o Brasil pode entrar na cadeia de produção da China", disse o embaixador.

Mídia brasileira

Chen Duqing elogiou a iniciativa de alguns veículos da mídia brasileira que têm enviado correspondentes para a China. Segundo ele, para superar as barreiras do comércio, é preciso que os dois países se conheçam: "A imprensa está procurando pelo menos divulgar, através da sua própria visão, a sua percepção sobre a China, e não como antigamente, quando era muito copiado ou traduzido da imprensa de outros países. Muitas vezes era uma imagem distorcida".

Em contrapartida, o embaixador anunciou que está nos planos da Televisão Central da China montar um escritório no Brasil.

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