Inesquecível

Detalhes de quem se encontrou ou esteve perto do Papa Santo

O menino que abraçou o Papa e nunca vai esquecer a graça de ter estado nos braços do santo; o voluntário que registrou a passagem do pontífice

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Menino foi chamado pelo Papa e recebeu benção, em frente ao Seminário Santo Antônio, em São Luís

São Luís - Há 30 anos, um Papa “Santo” e para os católicos representante de Deus na Terra, João Paulo II, desembarcava na capital dos maranhenses. Era uma data aguardada e que protagonizou os jornais da época e de outras partes do mundo.

Pela segunda vez na história, João Paulo cumpria roteiro no país que tanto amava. E, para devoção dos maranhenses, cuja comunidade católica ainda é considerada forte, João Paulo passaria algumas horas abençoando a todos.

O Estado acompanhou cada passo dado por João Paulo naquela estadia no Maranhão. Antes mesmo de sua chegada, materiais históricos foram preparados e autoridades conhecidas reverenciavam a vinda do Pontífice.

Até os dias atuais, a data é lembrada de tal forma que a comunidade católica fez reverência aos 30 anos do ato em missa, celebrada no dia 14 de outubro deste ano (quinta-feira) no Parque São João Paulo II, no Aterro do Bacanga. A missa foi celebrada pelo arcebispo Dom Gilberto Pastana.

O ex-presidente da República, José Sarney, nas páginas históricas de O Estado do dia 13 de outubro de 1991, em sua coluna semanal (intitulada “João de Deus, João de Nós”), escreveu algumas palavras para citar o fato emblemático.

Em um dos trechos de sua coluna, Sarney cita diálogo com a mãe, dona Kiola. Ela, um dia perguntou ao ex-presidente se o Papa era comunista. “Não, minha mãe, é o Papa da Polônia, onde proibiram Deus de estar no coração dos homens”, respondeu Sarney.

Segundo Sarney, “não fosse João Paulo II, não seria possível o milagre e a velocidade de um mundo redesenhado, vislumbrando a paz, longe da catástrofe nuclear”.

Hed Lima hoje, mostra a medalha que recebeu do Santo Padre depois do abraço e beijo em sua cabeça, naquele dia

A criança que abraçou e ganhou um presente do Papa
A missa no Aterro do Bacanga estava em sua metade. O calor forte fez com que pessoas não tivessem condição física para suportar a permanência em pé e sem qualquer hidratação no local. Por isso, adultos que levaram seus filhos buscaram, em alguns momentos, abrigos em espaços com sombra ou alimentos nas cercanias entre os vendedores ambulantes e comércios nos arredores.

Dona Maria Auzemir Lima, uma das inúmeras pessoas que lá estavam, fez questão de levar o seu filho, Hed Lima (então com 11 anos de idade) até a missa de João Paulo. Posteriormente, a mãe seguiu com a criança para a entrada do Seminário Santo Antônio, onde o Papa descansaria após a missa em solo maranhense.

A “Deusdência”
Foi a partir deste ano que a “Deusdência”, ou ato de Deus, aconteceu. Hed e sua mãe esperaram na entrada do Seminário, no Centro.

“A missa estava ocorrendo no Bacanga, eu e minha mãe fomos mais cedo, só que ainda assim, ficamos longe do palco onde estava ocorrendo a missa. Eu, criança, senti fome e falei para a minha mãe que por sua vez me levou para comer. De lá, fomos para o Seminário Santo Antônio. Como havia pouca gente no local e não havia se formado a segurança, ficamos sentado e esperando”, disse Hed atualmente com 41 anos, a O Estado.

Posteriormente, foi formado o primeiro isolamento da segurança estadual, prevendo o retorno de São João Paulo aos aposentos no Seminário. Como Hed era criança, a polícia autorizou para que ele e sua mãe permanecessem mais próximos. Outros seguranças (Corpo de Bombeiros e da equipe de vigilância do Vaticano) estavam por lá.

Na chegada do Papa Móvel com o pontífice, o milagre aconteceu. “Quando o Papa chegou, comecei a correr pelo Papa Móvel. O veículo vinha em uma velocidade baixa e neste momento, dois bispos que estavam próximos a ele, cumprindo uma regra de segurança após os atentados que ele sofreu, me chamaram. Um deles me abraçou e disse que o Papa queria falar comigo”, contou.

Neste momento, o encontro estava consumado. “Eu dei uma parada e então entrei no Papa Móvel e o abracei. Ele me deu um beijo na cabeça e me disse: ‘Deus te abençoe, meu filho!”’, afirmou. Hed jamais se esquece deste dia.

Ele ganhou uma lembrança de João Paulo. Uma medalha com um verso com a imagem de Nossa Senhora e, no outro, a feição de João Paulo. Ele, claro, guarda até hoje o presente inesquecível.

O voluntário que esteve perto do Papa
À época da missa, Lourival Godinho era chefe do Departamento de Juventude da Cruz Vermelha Brasileira, filial no Maranhão, e coordenava uma equipe de aproximadamente 40 voluntários na prestação de primeiros socorros no dia da Missa.

Ele lembra de cada detalhe daquela data. “Não tive essa oportunidade, mas cheguei perto do altar para acolher uma pessoa que havia desmaiado e acionei a minha equipe para levá-la para atendimento. Então eu o vi mais de perto”, disse.

Furando o bloqueio da segurança, à época, para se aproximar do altar e, com a máquina fotográfica própria, tirou fotos únicas e reveladas a O Estado. Sobre sua participação nos atendimentos, Lourival destacou que, além do calor, a emoção do momento foi responsável pelas ocorrências.

“Claro que tinha outros órgãos de saúde no dia, além dos Bombeiros, mas tínhamos esta função num determinado espaço do Aterro do Bacanga pois a área era grande e o público foi imenso. A maioria dos casos foi desmaio por conta da alimentação. Muitas pessoas foram sem tomar café direito ou até mesmo sem se alimentar. Hoje todo mundo tem a sua garrafa com água, mas naquele tempo não era assim”, descreveu Lourival.

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Quem também esteve próximo ao Papa João Paulo foi o Padre Trindade. À época, Diácono e ainda jovem, o Padre se lembra da imagem do Papa. Ele esteve no altar no dia da missa. “Lembro-me de cada palavra daquele dia, dita para uma multidão a perder de vista naquele dia único e inesquecível no Aterro do Bacanga”, disse.

SAIBA MAIS

Zazá Holanda recebeu a comunhão do Papa: “maior emoção da vida”

Pessoas que comungaram com o Papa

O Estado conversou com dona Maria Paula Reis, uma das pessoas que comungaram na missa com João Paulo II.

Ela atualmente é voluntária da Arquidiocese de São Luís e participa das agendas católicas. Para comungar na grande missa na capital São Luís, ela fora escolhida na Paróquia Santo Antônio de Pádua, atualmente no Cohajap.

Ao chegar à missa, a emoção tomava conta. Segundo a agora também aposentada, foi difícil dormir naquela noite entre os dias 13 e 14 de outubro de 1991. “Foi muito forte, e não conseguia pensar em outra coisa”, disse.

Na chamada ao altar, o contato ainda que rápido com João Paulo, que lhe passou o “pão” simbólico. “Não conseguia pensar em nada, estava anestesiada. Jamais vou me esquecer daquele dia e daquele ar tão sereno de João Paulo, que foi um Santo para todos nós”, disse.

Outra pessoa que comungou com João Paulo foi dona Zazá Holanda, mãe do colunista social de O Estado e jornalista, Pergentino Holanda. Ela comentou à época a sensação de passar por esta experiência. “Foi a maior emoção de minha vida! ”, disse.

MAIS

Trecho da Biografia do São Papa João Paulo II (Oficial)

De acordo com historiadores, o Papa João Paulo II foi Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana e registrou papel importante para o fim do comunismo na Polônia e em vários países da Europa.

João Paulo registrou o terceiro maior pontificado, que iniciou em 16 de outubro de 1978 e só terminou em 2005 com sua morte, permanecendo 26 anos como soberano da Cidade do Vaticano.

De origem polonesa foi o único papa não italiano depois do holandês Adriano VI em 1522. Sabia falar vários idiomas. Visitou 129 países durante seu pontificado.

Esteve quatro vezes no Brasil onde visitou várias cidades e reuniu multidões. Exerceu influência para melhorar as relações entre a religião católica e outras religiões.

Atacado pelo Mal de Parkinson, João Paulo morreu aos 84 anos, no Vaticano, após dois dias de agonia às 21h37 de Roma, ou 16h37 de Brasília, do dia 2 de abril de 2005 em seus aposentos no Palácio Apostólico.


O Papa Santo

Uma cerimônia realizada no dia 27 de abril de 2014 realizada na Praça de São Pedro, no Vaticano, canonizou dois Papas: o polonês João Paulo II e o italiano João XXIII.

A canonização dupla reuniu, em um único evento, o atual Papa Francisco e o Papa Emérito Bento XVI, que renunciou no ano passado em uma situação inédita na história moderna da Igreja Católica.

As relíquias dos dois novos santos, uma ampola de sangue de João Paulo II e um pedaço de pele de João XXIII extraída durante sua exumação no ano 2000, foram colocadas ao lado do altar.

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